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Procura da poesia*

"(...) Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave ? (...)" *Carlos Drummond de Andrade

A palavra crítica*

  “As obras de arte são de uma solidão infinita: nada pior do que a crítica para as abordar. Apenas o amor pode captá-las, conservá-las, ser justo em relação a elas”                                 Rainer Maria Rilke Outro dia uma aluna escreveu dizendo: “Hélio, dá uma olhada nesse e-mail que recebi sobre meus poemas publicados na Casa da Filosofia Clínica. (...) seu conteúdo me deixou arrasada! (...) travei, não consigo mais expressar minhas ideias, desabafos, sentimentos.” Ao me aproximar de seu sofrimento, pelo teor do conteúdo em anexo, realizei um exercício de reflexão sobre o tema. As palavras que li e reli atentamente, inclusive vigiando o próprio leitor (suspensão provisória dos juízos) da crítica, possibilitou ter em mãos uma peça retórica interessante, de um mestre e doutor em literatura e filosofia, além de poeta (o qual fez questão de ressaltar a titulação). A primeira sensação que tive, pela descrição do dado literal, foi de uma não-crítica literária. Me parecia um

O fracasso*

Ninguém inicia um projeto para que ele dê errado. Sempre se começa porque se acredita na possibilidade de obter sucesso, mas nem sempre isso acontece, algumas vezes fracassamos! E fracassar não é para qualquer um, dar-se por vencido é coisa para poucos. Creio que somente quando nos damos conta de que um projeto chegou ao fim podemos admitir novas possibilidades, abrindo espaço para o fechamento de um ciclo e simultaneamente iniciando um novo. O fracassado não é um pobre coitado, ele correu o risco de entregar-se a um plano e por isso já é um vencedor, no entanto é difícil lutar quando se chega ao fundo do poço, é um momento muito delicado que deve ser considerado com todo respeito, como se diz: não se chuta cachorro morto! Ninguém pode ter a dimensão da dor do outro, a dor de cada um cabe somente a si mesmo. Há os que preferem ter planos B e C, todos podem prever, de acordo com seus padrões, como será o futuro, ao meu ver, aí já começa o fracasso. A
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. E é incrível a força que as coisas parecem ter, quando elas precisam acontecer.” *Fernando Sabino

Quero amor...*

Amor de verdade, de carne, de alma, de luz, humano, verdadeiro, necessário! Quero beber, comer, dormir e acordar amor, quero acreditar, e ser, e amar, e amar muitas pessoas, e coisas, e vida! Quero, preciso da fruta proibida, da bebida embriagante que faz sanar qualquer ferida... Quero esquecer só para lembrar amor, sentir amor, dar, receber amor, viver por amor e para o amor. Que seja maior que meu Ser, que seja infinito como as estrelas do céu, que seja terno, eterno e subversivo, apenas amor!!! Amor sem forma e sem culpa, sem pudor, sem vergonha, entregue! Puro, misturado, melado, lambuzado, úmido, quente, forte, firme, incondicional!!! Quero beijos de amor, abraços de amor, toques de amor, calor, lágrimas de amor. Se for amor pode ser até doído, apegado, enlouquecedor... Já não me importa mais nada! Ser feliz por amor é minha busca atual, cheia de vontades, desejos e segredos. Eu sou amor, eu sou a flor, aquela, pequena, sensível, delicada, resistente. Firme e co

Intimidade*

Sonhamos juntos juntos despertamos o tempo faz e desfaz entretanto não lhe importam teu sonho nem meu sonho somos trôpegos ou demasiados cautelosos pensamos que não cai essa gaivota cremos que é eterno este conjuro que a batalha é nossa ou de nenhum juntos vivemos sucumbimos juntos porém essa destruição é uma brincadeira um detalhe uma rajada um vestígio um abrir-se e fechar-se o paraíso já nossa intimidade é tão imensa que a morte a esconde em seu vazio quero que me relates o duelo que te cala por minha parte te ofereço minha última confiança estás sozinha estou sozinho porém às vezes pode a solidão ser uma chama *Mario Benedetti

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