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Sabedorizar*

Querer e poder poder e querer querer e não poder poder e não querer não querer e poder não poder e querer não querer e não poder não poder e não querer querer e querer poder e poder querer e não querer poder e não poder não querer e não querer não poder e não poder salve o “e” e todas as suas possibilidades _/|\_ bem como o início de todas elas *Renata Bastos Filósofa, Mestre em Filosofia, Astróloga Clínica, Filósofa Clínica São Paulo/SP

Procura da poesia*

"(...) Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave ? (...)" *Carlos Drummond de Andrade

A palavra crítica*

  “As obras de arte são de uma solidão infinita: nada pior do que a crítica para as abordar. Apenas o amor pode captá-las, conservá-las, ser justo em relação a elas”                                 Rainer Maria Rilke Outro dia uma aluna escreveu dizendo: “Hélio, dá uma olhada nesse e-mail que recebi sobre meus poemas publicados na Casa da Filosofia Clínica. (...) seu conteúdo me deixou arrasada! (...) travei, não consigo mais expressar minhas ideias, desabafos, sentimentos.” Ao me aproximar de seu sofrimento, pelo teor do conteúdo em anexo, realizei um exercício de reflexão sobre o tema. As palavras que li e reli atentamente, inclusive vigiando o próprio leitor (suspensão provisória dos juízos) da crítica, possibilitou ter em mãos uma peça retórica interessante, de um mestre e doutor em literatura e filosofia, além de poeta (o qual fez questão de ressaltar a titulação). A primeira sensação que tive, pela descrição do dado literal, foi de uma não-crítica literária. Me parecia um

O fracasso*

Ninguém inicia um projeto para que ele dê errado. Sempre se começa porque se acredita na possibilidade de obter sucesso, mas nem sempre isso acontece, algumas vezes fracassamos! E fracassar não é para qualquer um, dar-se por vencido é coisa para poucos. Creio que somente quando nos damos conta de que um projeto chegou ao fim podemos admitir novas possibilidades, abrindo espaço para o fechamento de um ciclo e simultaneamente iniciando um novo. O fracassado não é um pobre coitado, ele correu o risco de entregar-se a um plano e por isso já é um vencedor, no entanto é difícil lutar quando se chega ao fundo do poço, é um momento muito delicado que deve ser considerado com todo respeito, como se diz: não se chuta cachorro morto! Ninguém pode ter a dimensão da dor do outro, a dor de cada um cabe somente a si mesmo. Há os que preferem ter planos B e C, todos podem prever, de acordo com seus padrões, como será o futuro, ao meu ver, aí já começa o fracasso. A
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. E é incrível a força que as coisas parecem ter, quando elas precisam acontecer.” *Fernando Sabino

Quero amor...*

Amor de verdade, de carne, de alma, de luz, humano, verdadeiro, necessário! Quero beber, comer, dormir e acordar amor, quero acreditar, e ser, e amar, e amar muitas pessoas, e coisas, e vida! Quero, preciso da fruta proibida, da bebida embriagante que faz sanar qualquer ferida... Quero esquecer só para lembrar amor, sentir amor, dar, receber amor, viver por amor e para o amor. Que seja maior que meu Ser, que seja infinito como as estrelas do céu, que seja terno, eterno e subversivo, apenas amor!!! Amor sem forma e sem culpa, sem pudor, sem vergonha, entregue! Puro, misturado, melado, lambuzado, úmido, quente, forte, firme, incondicional!!! Quero beijos de amor, abraços de amor, toques de amor, calor, lágrimas de amor. Se for amor pode ser até doído, apegado, enlouquecedor... Já não me importa mais nada! Ser feliz por amor é minha busca atual, cheia de vontades, desejos e segredos. Eu sou amor, eu sou a flor, aquela, pequena, sensível, delicada, resistente. Firme e co

Intimidade*

Sonhamos juntos juntos despertamos o tempo faz e desfaz entretanto não lhe importam teu sonho nem meu sonho somos trôpegos ou demasiados cautelosos pensamos que não cai essa gaivota cremos que é eterno este conjuro que a batalha é nossa ou de nenhum juntos vivemos sucumbimos juntos porém essa destruição é uma brincadeira um detalhe uma rajada um vestígio um abrir-se e fechar-se o paraíso já nossa intimidade é tão imensa que a morte a esconde em seu vazio quero que me relates o duelo que te cala por minha parte te ofereço minha última confiança estás sozinha estou sozinho porém às vezes pode a solidão ser uma chama *Mario Benedetti

O vestido de noiva*

Branco. Puro. Imaculado. As rendas são francesas. Os bordados da mais perfeita sintonia. O véu é tão grande quanto foram meus sonhos. Os convites já amarelados pelo tempo ainda deixam exalar as esperanças de um sonho não realizado. As letras foram desenhadas com tamanha delicadeza que nem mesmo as melhores gráficas de hoje seriam capazes de fazer iguais. Restaram alguns convites que não deu tempo de serem entregues devido a correria diante dos últimos detalhes da organização da festa e dos enfeites na Igreja. Guardo-os comigo. São relíquias da saudade de um tempo que não se cumpriu. A primavera ficou com as flores a desabrochar. As noites nunca mais foram as mesmas. Mesmo depois de tantas décadas ainda acordo muitas vezes ao longo da noite chorando. Durmo com minha dor e acordo com a tristeza. Não consegui divorciar-me da decepção. Não casei com Francisco, mas vivo em união estável com a dor. Minha alma é povoada de perguntas. Meu coração tem as respostas bem claras. Naque

Meu mundo*

No meu mundo não cabem sonhos vazios O copo estará sempre meio cheio. No meu mundo as idéias vão e vêm Mas deixam marcas expressivas na mente. No meu mundo corro com os braços abertos Meu amor me espera do outro lado da ponte. Aqui ou lá serei feliz enquanto viver, pois No meu mundo os pensamentos são sempre positivos. Deixo-me viver a solidão, pois Ela também faz parte do meu mundo, mas Não a deixo tomar conta do meu corpo, Porque no meu mundo não me sinto solitário. No meu mundo sou cercado por pessoas confiáveis Elas estarão sempre presentes porque Meus amores são sempre sinceros. No meu mundo haverá sempre sol, calor e dias nublados Porque fazem parte da vida e Eles serão sempre bem-vindos. No meu mundo os romances têm nome e sobrenome São livros abertos à leitura de todos, Trazem tudo que há de melhor, Pois a positividade me abre a infinitas possibilidades. Quem quiser compartilhar do meu mundo poderá entrar Quem agregar amor e po

Um assombro remoto*

Na mitologia poética de Fernando Pessoa, o que caracteriza o discípulo _ me lembra George Steiner em um memorável ensaio, "Chuva de fogo" _ é "a capacidade de ser hipnotizado". Na linhagem de seus célebres heterônimos, tanto Ricardo Reis como Alvaro de Campos se definem como discípulos de Alberto Caeiro. Ao ouvir a primeira lição de Caeiro, lembra Steiner, Campos experimentou "um choque sísmico". A sentença proferida pelo mestre é, de fato, perturbadora: "Tudo difere de nós e é por isso que existe". Quando conversava com Caeiro, lembra ainda Steiner, Alvaro de Campos tinha a sensação física de "estar a discutir não com um outro homem, mas com um outro universo". O paganismo de Caeiro, sua maneira direta e sem filtros de observar o mundo, é, sim, muito particular. Mas, em vez de fugir, Campos _ relatava Pessoa _ dele se aproximava mais ainda. A partir do contato com Alberto Caeiro, o discípulo chegou a uma conclusão difícil e um

Esse papo seu tá qualquer coisa. Buscar no outro o sentido da própria existência é algo pra lá de Marrakesh*

"O amor imaturo diz: eu te amo porque preciso de ti. O amor maduro diz: eu preciso de ti porque te amo. – Erich Fromm"   Não sabe brincar sozinho e critica o seu “amor” por não realizá-lo. Mania boba as pessoas têm de pensar que sabem o que o parceiro vai querer, vai gostar, vai gozar. Que petulância, nem ao menos prestar atenção no que o parceiro sinaliza. Nos gemidos, nos suspiros, nas negativas. Perguntar então, tá fora de questão. Investir um tempinho a mais, olhar, ouvir, sentir. Não, basta ler nas revistas, ver nos filmes pornográficos, ouvir na roda de amigos, aplicar e pronto. E se no sexo é assim, imaginem então no contexto do que chamamos de amor. Às vezes me pego com uma vontade de ser daquelas mães antigas, que davam chineladas e beliscões na turminha que insistia em não entender a ordem do dia. Vontade de sacudir as cabecinhas, abri-las ao meio e colocar lá dentro a seguinte ordem. Vá trabalhar em favor da sua felicidade. Vá se fazer bonita

Tecendo a Manhã*

Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. *João Cabral de Melo Neto

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