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Pensar como uma montanha*

Querido leitor, que você esteja bem.  Como sabemos, a montanha foi usada por muitas civilizações e continua assim até nossos dias. O filósofo, professor e montanhista Arne Naess, por exemplo, usou o termo "pense como uma montanha", para ressaltar sua crença de que devemos primeiro reconhecer que somos parte da natureza e não separados dela, se queremos evitar uma catástrofe ecológica. Corrobora com o que o ex-reitor da Unipaz, Pierre Weil, sempre defendeu como o grande paradigma de nossos dias, que é o paradigma da fragmentação. O ecologista Aldo Leopold em seu livro cujo título é “Pensar como uma Montanha”, também diz que devemos, inicialmente, pensar como uma montanha, reconhecendo não apenas nossas necessidades ou a dos seres humanos, mas as de todo o mundo natural, de todos os seres vivos.  Ele chegou a essa conclusão trabalhando como guarda florestal no início do século XX, quando atirou numa fêmea de lobo em uma montanha, e disse que alcançaram a ve

Pensamentos que reúnem um tema*

Estou pensando nos que possuem a paz de não pensar, Na tranquilidade dos que esqueceram a memória E nos que fortaleceram o espírito com um motivo de odiar. Estou pensando nos que vivem a vida Na previsão do impossível E nos que esperam o céu Quando suas almas habitam exiladas o vale intransponível. Estou pensando nos pintores que já realizaram para as multidões E nos poetas que correm indefinidamente Em busca da lucidez dos que possam atingir A festa dos sentidos nas simples emoções. Estou pensando num olhar profundo Que me revelou uma doce e estranha presença, Estou pensando no pensamento das pedras das estradas sem fim Pela qual pés de todas as raças, com todas as dores e alegrias Não sentiram o seu mistério impenetrável, Meu pensamento está nos corpos apodrecidos durante as batalhas Sem a companhia de um silêncio e de uma oração, Nas crianças abandonadas e cegas para a alegria de brincar, Nas mulheres que correm mundo Distribuindo o sexo

Bipolar!*

Segundo o DSM IV a bipolaridade ou Transtorno Afetivo Bipolar tem como característica básica “a alteração de humor com episódios maníacos e depressivos ao longo da vida”. No que se refere à bipolaridade, a psiquiatria tem como base única para o entendimento do transtorno as alterações do humor.  Em Filosofia Clínica o humor está ligado ao tópico 04, as Emoções. Sendo assim, a bipolaridade pode ser entendida como a troca de conteúdos em um mesmo tópico, ou seja, ou estou emotivamente muito feliz (maníaco) ou estou emotivamente muito triste (depressivo).   Segundo o próprio DSM estas alterações episódicas se dão ao longo da vida, ou seja, tanto podem se dar em poucos minutos como podem levar muitos anos. Enfim, a alteração de qualidade das emoções faz com que uma pessoa possa ser considerada Bipolar pela psiquiatria. Não há aqui a intenção de concordar ou discordar com a nomenclatura ou o diagnóstico sintomático da bipolaridade, mas propor outros entendimentos. Até o mom

Manifesto*

Sim ao prazer sem custo. Acatar, beber, dividir o bom que venha feito o sol, gratuito. Quem sabe se o dom, o sem-razão e o sem-motivos possam mais do que exigimos. Nem se duvide do que é capaz a coincidência entre as coisas. Nesse mundo em que gênios são servos de si mesmos, pratique-se o descanso, para que o povo nunca esteja frio e o coração passeie seus cavalos. * Eucanaã Ferraz

Sou eu ou sou o outro?*

Há um trecho da música do Caetano Veloso que diz: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que se é”. Note que a frase afirma um conhecimento de si que não diz respeito ao outro. Podemos observar  que a ideia que a frase passa costuma estar presente num imaginário coletivo como um princípio de verdade. Mas, a filosofia clínica (FC) nos ensina que as coisas não são tão simples quanto parecem. Para melhor compreendermos esta questão, vamos nos remeter ao tópico da Estrutura de Pensamento (EP) denominado espacialidade intelectiva. A espacialidade intelectiva compreende nossos movimentos existenciais. Podemos apresentá-la em quatro possibilidades: inversão, recíproca de inversão, deslocamento curto e deslocamento longo. Inversão é quando a pessoa está intelectivamente voltada para si. A recíproca de inversão refere-se a quando nos deixamos envolver pelo que o outro está nos apresentando e nos colocamos a vivenciar, em alguma medida, seus relatos, suas experiências. O deslocamento curto

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