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Primeiros Outonos*

Aprendizados nascem de experiências de antigos passados e novas esperanças sempre assim uma lágrima que brota da dor e muitas saudades sem nome de despedidas que anunciam o regresso daquilo que em nós sempre esteve guardado nos jardins de nossa alma saudade é flor que desabrochou e se perdeu em outras tantas no mistério que somos o singular dos múltiplos plurais que habitam meu ser perdem-se em mundos de outras dores e em sorrisos de novos tempos viver talvez seja isso fazer de cada outono a despedida de processos que cumpriram seu papel e esperam as possibilidades de novas estações que anunciam as alegrias de sementes que serão frutos de um novo tempo que vai chegar *Pe. Flávio Sobreiro Poeta, Escritor, estudante de Filosofia Clínica Cambuí/MG

Vivendo*

A chama em folha e grama tão verde parece cada verão o ultimo verão. O vento soprando, as folhas estremecendo ao sol, cada dia o último dia. Uma salamandra vermelha tão fria e tão fácil de pegar, distraidamente move suas patinhas delicadas e sua cauda comprida. Deixei a mão aberta para ela partir. Cada minuto o último minuto. *Denise Levertov

Papéis*

Querido leitor, que você esteja bem.  Recentemente fui a um evento, desses de premiação dos melhores e maiores do ano, e a mestre de cerimônia, no intuito de ser simpática e acolhedora, perguntou-me: - Como devo anuncia-lo? Ao que respondi: - Como assim? E veio a réplica: - Quem é você, o que faz? Como se tratava de uma amiga e tínhamos algum tempo, comecei a refletir com ela sobre um tema muito interessante e que tem me atraído nos últimos tempos. Falo de papéis, papéis existenciais. Com carinho, respeito e abertura, disse-lhe que já não sabia mais quem era! O que faço? Hum, faço tantas coisas! Veja bem: se vou ao campo de futebol sou um torcedor, como vim de avião até aqui sou passageiro, meus filhos me chamam de pai, para o Theo, meu neto, sou avô. Parece pouco, mas ainda nem comecei. Para a Albany sou marido, para os empregados, sou chefe, patrão; nas reuniões do Conselho, sou conselheiro; na loja comprando, cliente. Na associação industrial, sou empresário; pa

Dia*

De que céu caído, oh insólito, imóvel solitário na onda do tempo? És a duração, o tempo que amadurece num instante enorme, diáfano: flecha no ar, branco embelezado e espaço já sem memória de flecha. Dia feito de tempo e de vazio: desabitas-me, apagas meu nome e o que sou, enchendo-me de ti: luz, nada. E flutuo, já sem mim, pura existência. *Octavio Paz

Há flores no meu travesseiro*

As flores e seus diversos perfumes, a lembrar, suavemente, o quanto é bom estar perto. As flores da saudade, da esperança, da alegria, do desejo sincero de viver em harmonia, da pureza de sentimentos e total desprendimento aos ensejos mundanos que obstruem as vias de um amor são. As flores dadas pelos amantes a colorir seus sonhos, seus projetos de vida compartilhada e feliz. As flores e seus diversos perfumes a lembrar suavemente o quanto é bom estar perto. As flores e seus sorrisos abertos ao mundo onde a imaginação flui em sentido a uma permanência despretensiosa, apenas deliciosa de que o tempo juntos não acabe nunca. O colorido, o perfume e o sorriso, alquimia perfeita e poderosa contra o mundo que ataca ferrenhamente e tenta fazer cada dia mais pessoas de bom coração acreditarem que não vale a pena amar. Meu travesseiro cheira saudade dos tempos onde a maldade não penetrava os sonhos. Meu travesseiro sente o perfume das flores, que lindas, colorid

Privada I: o homem e sua obra*

"Este ódio de tudo o que é humano, de tudo o que é 'animal' e mais ainda de tudo que é 'matéria', este horror dos sentidos (...) tudo isso significa (...) vontade de aniquilamento, hostilidade à vida, recusa em se admitir as condições fundamentais da própria vida". Nietzsche O Homem é o novo rico da natureza. Assim que nos demos conta de que éramos os únicos na vizinhança que falávamos, fazíamos as quatro operações e conseguíamos encostar o dedão no mindinho, ficamos profundamente, irremediavelmente bestas. Cobrimos a pele com panos, penteamos o cabelo pra trás, passamos uma salivinha na sobrancelha, dissemos: adeus, bicho! e saímos da selva. Nem mal deixamos o bosque, passamos a esnobá-lo e a condenar as atitudes de todos os seus habitantes. Nós éramos superiores! Nós dominávamos a natureza! Nós usávamos ferramentas, meias e fio dental! Novo rico que se preze, no entanto, dá bandeira. Há sempre um douradinho além da conta, um so

Penúltimas notícias!*

Depois do sucesso da aula inaugural, na próxima quarta-feira acontece, a partir das 19hs, o início da caminhada de estudos da nova turma na Cidade Baixa (Rua Joaquim Nabuco, 171 - Próximo ao Opinião) em Porto Alegre. Nessa data seguem as atividades de matrícula, distribuição do material didático, juntamente com as aulas. Muito bem vindos! *Coordenação Geral Casa da Filosofia Clínica

Autogenias*

Dê-me tua mão, te ensino a dançar. Dê-me tua mão, esteja comigo na travessia do vale escuro Ao tempo em que executo meus desejos apesar das turbulências, No espaço em que meu corpo é o obstáculo, não só para a alma. Creia na minha história e invente outras. A ciência e as explicações não adiantam mais. Emoções danificadas se encontram. Trajetórias semelhantes, realidades paralelas. Mesmo biorritmo, Buscas e formação em comum. Mas, se o conjunto é mesmo maior do que a soma das partes, A união eclipsa/ameaça a estrutura singular? A interseção, nesse caso, é um terceiro Não alheio às constituições de cada um; Triângulo do fogo em graça. *Vânia Dantas Filosofa Clínica, Mestre em História Social da Loucura Brasília/DF

Cantiga para não morrer*

Quando você for se embora, moça branca como a neve, me leve. Se acaso você não possa me carregar pela mão, menina branca de neve, me leve no coração. Se no coração não possa por acaso me levar, moça de sonho e de neve, me leve no seu lembrar. E se aí também não possa por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento, menina branca de neve, me leve no esquecimento. *Ferreira Gullar

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