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Então queres ser um escritor?*

Se não sair de ti explodindo apesar de tudo, não o faças. a menos que saia sem perguntar do teu coração e da tua cabeça e da tua boca e das tuas entranhas, não o faças. se tens que sentar por horas olhando a tela do teu computador ou curvado sobre a tua máquina de escrever procurando palavras, não o faças. se o fazes por dinheiro ou fama, não o faças. se o fazes porque queres mulheres na tua cama, não o faças. se tens que te sentar e reescrever uma e outra vez, não o faças. se dá trabalho só pensar em fazê-lo, não o faças. se tentas escrever como algum outro escreveu, não o faças. se tens que esperar para que saia de ti a gritar, então espera pacientemente. se nunca sair de ti a gritar, faz outra coisa. se tens que o ler primeiro à tua mulher ou namorada ou namorado ou pais ou a quem quer que seja, não estás pronto. não sejas como muitos escritores, não sejas como milhares de pessoas que se consideram

Reflexões do ser e não ser*

Caminhar... Respirar a relva Nas entrelinhas da vida Do ser e não ser. Das certezas, Incertezas. Das paisagens, Os caminhos no ar... Sob as folhas, As casas pequenas A morada do ser, ...não ser. *Fernanda Sena Filosofa Clínica Barbacena/MG

Nostalgia do Presente*

Naquele preciso momento o homem disse: «O que eu daria pela felicidade de estar ao teu lado na Islândia sob o grande dia imóvel e de repartir o agora como se reparte a música ou o sabor de um fruto.» Naquele preciso momento o homem estava junto dela na Islândia. *Jorge Luis Borges

A palavra dialética*

Existe um dizer inconformado na rigidez dos raciocínios estruturados. Antítese da comunicação bem definida, esse teor descompassado e de maior alcance se oferece, ao ser contradição, em rituais discursivos precursores. Ao se tentar aprisioná-lo, ele se revolta à transgredir os limites da imprópria coerência. Os rumores da não-palavra conseguem dizer muito, parecem apontar as formas indizíveis, os refúgios da estética, a inventividade da desrazão. Uma estranha realidade escorre pelo desvão das sentenças. Relatos de discórdia em busca de autonomia, compartilham rumores ao dizer que poetiza a vida. Sua desconformidade inaugura espaços, oferece ambientes para novas expressividades. Ao quebrar protocolos emancipa aquilo por vir. O teor da palavra dialética contém, em si mesmo, afirmação e negação. Um cheiro de terra nova se oferece ao seu redor. Seu não-ser anuncia horizontes diferenciados. Na ruptura com aquilo que já foi novidade, se empenha em querer mais. Não entra em desacordo

Anjos*

Podem não acreditar Mas, que anjos existem, existem Chegam na hora certa Falam o essencial Desperta-nos da inconsciência Aquietam nossa tagarelice Acolhe-nos com delicadeza Ele está bem perto Para os que estão abertos A escutar com coração São eles pessoas vivas Que estão ao nosso lado Com palavras e gestos Na hora certa *Rosangela Rossi Psicoterapeuta, Escritora, Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG

Seiscentos e Sessenta e Seis*

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª-feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio seguia sempre, sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. *Mario Quintana 

Ministério do Interior*

Pensamento é o fragmento fugaz do caos estruturado a palavra é o estágio imediatamente after da sensação que faz parte do estágio necessário do aperfeiçoamento humano de sentir a melhor maneira de relacionamento franco a palavra é um domingo de sol no estádio municipal do pacaembu se ela pinta tudo mais se cria não mais que num instante existindo no mesmo movimento que a crassa ignorância em que se fica só naquela ânsia de comer melância de comer melância na santa ignorância de comer melância com muita exuberância de comer melância com maria constância de comer melância de comer. *Chacal

Goya contra a repetição*

           Ando sempre a refletir a respeito dos males provocados pelos modelos engessados, pelas fórmulas prontas e pela repetição _ fortes características, infelizmente, do mundo contemporâneo. Lendo "Goya/ À sombra das luzes", de Tzvetan Todorov (Companhia das Letras), encontro um pensamento do pintor espanhol que ilumina algo importante a respeito da arte da transmissão. Escreve Goya, em um relatório à Academia de Arte, datado de 1792: "Não há regras em pintura e a opressão, ou a obrigação servil de fazer estudar a mesma coisa ou de seguir o mesmo caminho, é um grande obstáculo para os jovens que escolhem essa tão difícil, que se aproxima do divino mais do que qualquer outra, por representar tudo o que Deus criou".           Agora que me preparo para dar oficinas literárias em Santa Catarina (Jaraguá do Sul e depois Joinville) na semana seguinte ao carnaval _ promovidas pelo SESC _, esse pensamento de Goya vem iluminar meu caminho. Ninguém pode saber o

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