Pular para o conteúdo principal

Postagens

Menos face, mais look*

Mensagem recebida pelo Facebook: “Fiquei feliz em te ver no restaurante. Estás muito bem!” Resposta ao amigo: “Querido Carlos, por que não vieste conversar comigo? Somos amigos e eu também ficaria muito feliz em te rever, trocar um abraço e algumas palavras. Dá próxima vez, deixa de lado o computador, a  rede social e senta comigo. Vai ser mais divertido.” Estamos sendo dominados e virando prisioneiros da tecnologia que nós mesmos criamos. Só que a prisão não é uma cela pequena e escura onde ficamos isolados. Pelo contrário, é uma tela que nos oferece um  universo sem fronteiras, repleto de distrações e amigos virtuais. Podemos com um pequeno computador realizar mil atividades diferentes e concomitantes. Mandar e receber e-mails, mensagens, torpedos, assistir televisão, ver filmes, realizar buscas, namorar, fazer sexo, conectar com pessoas do mundo inteiro. Entretanto, apesar da suposta liberdade, a pena é a mesma: Isolamento em uma vida pequena, trancada na solidão de

A que bebeu poesia*

A louca que passa Deixou na vidraça Um olhar que no fundo Tem muita desgraça. Será minha mãe A pobre da louca Que nada mais tendo Conserva a ternura? Será minha noiva Que louca ficou Depois que parti No barco da guerra? Será minha filha A louca do bairro Que a vida judiou Depois que morri?                   Ou foi a poesia Que a louca bebeu Que lhe deu esse ar De ser doutro mundo? *Prado Veppo.

Fragmentos de Poesia e Vida*

Não me prendo escrevo sem rima e sem métrica vou sentindo no papel virtual teclando expiro sensações retalhos e fragmentos de sonhos e desejos deixo de lado sem medo normas e regras e me lanço no espaço da tela vazia faço e desfaço das linhas coloco meu porvir e devir sou poeta corre em minhas veias sons que surgem da alma e gritam para se atirar no mundo e se libertar da forma que me limita e escraviza! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, escritora das Academias de Letras de Juiz de Fora/MG e Cabo Frio/RJ, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Os buracos do espelho*

o buraco do espelho está fechado agora eu tenho que ficar aqui com um olho aberto, outro acordado no lado de lá onde eu caí pro lado de cá não tem acesso mesmo que me chamem pelo nome mesmo que admitam meu regresso toda vez que eu vou a porta some a janela some na parede a palavra de água se dissolve na palavra sede, a boca cede antes de falar, e não se ouve já tentei dormir a noite inteira quatro, cinco, seis da madrugada vou ficar ali nessa cadeira uma orelha alerta, outra ligada o buraco do espelho está fechado agora eu tenho que ficar agora fui pelo abandono abandonado aqui dentro do lado de fora *Arnaldo Antunes

Residência*

Para que partir se meu lugar contém todos os lugares? O que está longe não existe e em todo lugar é a mesma dor. Inútil partir, viajar, desesperar... Toda geografia é interior. *Hildeberto Barbosa Filho

A palavra mundo*

"As palavras são instrumentos de atos úteis, de modo que nomear o real é cobri-lo, velá-lo com familiaridades. (...) Para rasgar os véus e trocar a quietude opaca do saber pelo espanto do não-saber é preciso um 'holocausto das palavras'."                                   Jean-Paul Sartre Uma poética se anuncia num esboço de captura às múltiplas verdades. Nesse horizonte nem sempre coerente, a pessoa encontra um chão para integrar-se e experienciar suas possibilidades existenciais.   Ao ser a visão de mundo inseparável da subjetividade que a oferece, as formas da expressividade tentam obter o maior ângulo possível. Nela o teor dos termos agendados denuncia até onde se pode chegar. Um pouco antes dos movimentos de rebeldia, a linguagem, em vias de se ultrapassar, costuma emitir dissonâncias. Uma dessas características é o excesso de equívocidades discursivas, as quais, nem sempre se traduzem ao dicionário conhecido. O sentido de ser sem sentido surge como af

Visitas