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Mito de Narciso*

Sempre me fascinaram estes mitos de homens que desobedeciam aos deuses Ah, eram muito corajosos!!!.... Muitas vezes , para nós, já nos é difícil desobedecer professores, chefes, papai ou mamãe.... Um deles, o mito de Narciso. Narciso, "aquele que não deveria se ver". Condenado pelos deuses a não poder se olhar a si mesmo. Deveria evitar espelhos e reflexos na água. O que poderia revelar o reflexo de si mesmo a Narciso? O que revela o reflexo meu sobre mim mesmo? Verdades.... Mentiras... Ilusões.... Autenticidades.... Um belo dia a sede venceu Narciso. Para matar a sede viu a si mesmo refletido no espelho das águas. Enamorou-se de si mesmo. Encantou-se com a sua ´própria imagem... Amor nenhum, nem ninfa nenhuma mais o sensibilizariam. Diz ainda o mito que a ninfa "Eco" enamorou-se de Narciso. E por ele foi desprezada. Como consequência emudeceu e foi destinada a viver nos penhascos. Apenas repetindo o eco das palavras pronunciadas pelos vales. Narcis

Somos o que Lemos ?*

Querido leitor, que você esteja bem. Dias desses, quando passava por uma das salas onde trabalho, flagrei um colega lendo um livro escrito por uma conhecida socialite. A obra falava sobre regras, normas, formas de agir quando em uma reunião social. Como se não bastasse, ainda dava dicas de roupas, posturas e até algumas frases prontas para diálogos previsíveis. De repente, ele me deu abertura e me vi falando ao colega de trabalho. Carinhosamente perguntei: “Você não tem um autor ou autora melhor para ler?” Como resposta, recebi outra pergunta dele. “Tem alguma recomendação?”, perguntou-me o colega, fazendo um movimento corporal como se realmente tivesse interessado na resposta. Diante do exposto e do contraposto, sugeri que ele pudesse iniciar pelas biografias de grandes pensadores, pintores, artistas, pessoas que fizeram a diferença na história. “Por exemplo?”, perguntou novamente ele. De chofre, sugeri Fernando Pessoa, Cecilia Meireles. Ao que foi emendado a um comentári

Soneto da Falta de Sensatez*

Palavras bonitas queria dizer Mas, hoje, a inspiração me falta. Sem saber o que escrever Fico sentado, olhando a pauta. Querendo ser um pouco sensato Sem sentimentos abundantes Vejo coisas, na imaginação, distantes Fitando a sola de um sapato. Palavras giram ao meu redor. Sem nada terem me transmitido Vão junto ao vento, embora. E deixando um vazio agora Vejo um infinito maior De palavras sem sentido...   *Vinicius Fontes Filósofo, Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ

Um cego*

Não sei qual é a face que me fita Quando observo a face de algum espelho; No seu reflexo espreita-me esse velho Com ira muda, fatigada, aflita. Lento na sombra, com as mãos exploro Meus invisíveis traços. O mais belo Fulgor me atinge. Vi o teu cabelo Que é já de cinza ou é ainda de ouro. Repito que perdi unicamente A superfície sempre vã das coisas. O consolo é de Milton e é valente, Mas eu penso nas letras e nas rosas, Penso que se pudesse ver a cara Saberia quem sou na tarde rara. *Jorge Luis Borges  

Fragmentos poéticos, filosóficos*

Para mim. A história das minhas loucuras. Há muito me gabava de possuir todas as paisagens possíveis, e julgava irrisórias as celebridades da pintura e da poesia moderna. Gostava das pinturas idiotas, em portas, decorações, telas circenses, placas, iluminuras populares; a literatura fora de moda, o latim da igreja, livros eróticos sem ortografia, romances de nossos antepassados, contos de fadas, pequenos livros infantis, velhas óperas, estribilhos ingênuos, ritmos ingênuos. Sonhava com as cruzadas, viagens de descobertas de que não existem relatos, repúblicas sem histórias, guerras de religião esmagadas, revoluções de costumes, deslocamentos de raças e continentes: acreditava em todas as magias. Inventava a cor das vogais! - A negro, E branco, I vermelho, O azul, U verde. Regulava a forma e o movimento de cada consoante, e , com ritmos instintivos, me vangloriava de ter inventado um verbo poético acessível, um dia ou outro, a todos os sentidos. Era comigo traduzi-l

Dos sentidos da leitura*

Uma obra pode se traduzir em múltiplas direções. Ao reescrever-se aprecia significar, criticar, derivar, tendo como ponto de partida uma autoria. Os sentidos da leitura se deixam encontrar nos recantos da literalidade, onde a história, seus personagens e roteiros convivem com uma mensagem em movimento.    A plasticidade de seu discurso se atualiza na re_visão de cada página. Num enredo deslocável, multiplica-se de acordo com a estrutura do leitor. Ao inexistir um só olhar, é possível desler o teor narrativo do autor inicial. Para superar a primeira vista e reiniciar a obra, muitas vezes, é preciso subverter suas origens, descobrir um não querer ser dito, nas entrelinhas do discurso primeiro. A chance de se reconhecer por inteiro na obra é muito rara, quase sempre restarão acréscimos, discordâncias, críticas à narrativa precursora diante do fenômeno leitor.  Um texto, embora possa oferecer uma polissemia hermenêutica, possui uma coerência interna com a subjetividade do escr

Sim e não*

O ponto de encontro Da alma do homem Com a alma do mundo É a Psique Não há encontro sem dor Não há encontro sem morte No mais profundo de nós Os deuses esperam Só nos jogando Só nos entregando Só nos analisando A vida em sua dialética Diz Sim! E mesmo dizendo Não Se realinha! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Escritora, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Projeto de Prefácio*

Sábias agudezas… refinamentos… - não! Nada disso encontrarás aqui. Um poema não é para te distraíres como com essas imagens mutantes de caleidoscópios. Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe Um poema não é também quando paras no fim, porque um verdadeiro poema continua sempre… Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras. *Mario Quintana

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