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Fragmentos poéticos, filosóficos*

"Era eu um poeta estimulado pela filosofia e não um filósofo com faculdades poéticas. Gostava de admirar a beleza das coisas, descobrir no imperceptível, através do diminuto, a alma poética do universo." "Há entre mim e o mundo uma névoa que impede que eu veja as coisas como verdadeiramente são - como são para os outros." "Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas." "Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço." "Dividiu Aristóteles a poesia em lírica, elegíaca, épica e dramática. Como todas as classificações bem pensadas, é esta útil e clara; como todas as classificações, é falsa. Os generos não se separam com tanta facilidade íntima, e, se analisarm

Pensando e Sentindo Adélia

        Nos prados da vida Adélias iluminam Múltiplas facetas Convida-nos A olhar as coisas simples No recolhimento orar em latim Ao som do canto gregoriano Lá vão as Adélias Em mim e em nós Chamando-nos à reflexão Ensinando- nos a pensar Com o coração * Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filósofa Clínica, Escritora Juiz de Fora/MG

Fragmentos de razão e desrazão*

"O que geralmente acontece com a loucura socialmente visível, é que há intervenção psiquiátrica, e o desenvolvimento da psiquiatria comunitária e o aumento geral de vigilância da população torna-a cada vez mais provável. A intervenção psiquiátrica leva a cabo, efetivamente, uma fragmentação da união paradoxal da loucura; primeiro, a alegria é destruída pela tratamento e, depois, até o desespero é aniquilado, deixando o 'bom resultado' ótimo da psiquiatria: pessoa nenhuma. A não-pessoa pode funcionar para o sistema ou tornando-se lucrativa, embora operando talvez a um nível reduzido, ou como parte da sub-população de 'mentalmente doentes' quer num hospital quer no 'manicômio familiar' fora dele, mas, em todo o caso, servindo de 'reforço negativo' da definição de normalidade para o sistema e do interesse pelo controle ilimitado da população." "Razão e desrazão são ambas maneiras de conhecer. A loucura é uma maneira de conhecer, outro

Penúltimas notícias*

Boa tarde amigos, Na segunda-feira, 21 de julho, começa a Mostra Itinerante de Vídeos do 27º Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei. O evento visa a difusão e democratização do acesso ao cinema brasileiro independente, além de promover diálogos entre produtores, realizadores e espectadores. A Mostra será realizada em espaços alternativos e gratuitos. Os filmes serão exibidos nas praças públicas de bairros de São João del-Rei e nas cidades onde a UFSJ atua. Após cada sessão serão debatidos os temas propostos pelos conteúdos audiovisuais. Os diretores, produtores e personagens estarão presentes na exibição de seus trabalhos para responder às questões levantadas pelo público. Conto com o apoio de cada um de vocês para auxiliar na divulgação deste evento. Convide seus amigos e familiares, contatos de e-mail e redes sociais para acompanhar a programação do evento. Ressalto ainda que a população de São João del-Rei terá a oportunidade de assistir a dive

Onde você esconde o seu amor?*

Ele está residindo nos seus medos e você não consegue entender o que é amar?Onde mora o seu amor, onde habita o que você chama de amar alguém, onde você encontra a sua felicidade, do que você precisa para sustentar o conceito de amor em sua vida? De sexo? De beleza? De paz? De riqueza? Está dentro ou fora de você? Tem a ver com o mundo, com a história, é cultural? Tem a ver com trocas, negociações e recompensas, com a garantia, já de início, que se ele acabar um dia você não sairá lesado materialmente? Está no seu pensamento, nas suas atitudes, no que você consegue demonstrar, sentir ou não sentir? Precisar ou não? Então você é poderosa mesmo? Ele está residindo nos seus medos e você não consegue entender o que é amar? Se entregar? Deus, o amor das pessoas está morando fora delas. Tantas coisas ensinadas, calibradas e ditas amadas. Quanta preocupação com que o mundo vai pensar. Tantas regrinhas chatinhas, enjoadas, entaladas. Eca! Quando foi, de verdade, em que tem

Manoel por Manoel*

Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem.  Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto. Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina.  É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. E

Padrões autogênicos*

Há um provérbio, derivado de uma passagem bíblica, mas que hoje é um grande dito popular: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Poderíamos abordar a origem e o significado dessa frase nos remetendo à fonte e ao sentido filológico. Entretanto, podemos nos valer dela para compreender um importante postulado da filosofia clínica. Vejamos! Por um lado, encontramos aqueles que baseados na frase acreditam que basta caminhar com determinadas companhias, que acabaremos nos igualamos ao grupo. Por outro lado, há quem pense que nosso modo de ser atrai tudo o que tem semelhança com o que somos.   Aristóteles, filósofo grego, profundo observador, ao formular sua física afirmava que as coisas tendiam para aquilo que lhes era própria. A frase comumente utilizada para a afirmação aristotélica e que, de certo modo, se aproxima da frase citada no início, é: "Semelhante atrai semelhante". Assim, por exemplo, não conhecendo a moderna “lei da gravidade” dizia que as pedras te

Minha universidade*

Conheceis o francês, sabeis dividir, multiplicar, declinar com perfeição. Pois, declinai! Mas sabeis por acaso cantar em dueto com os edifícios? Entendeis por acaso a linguagem dos bondes? O pintainho humano mal abandona a casca atraca-se aos livros e a resmas de cadernos. Eu aprendi o alfabeto nos letreiros folheando páginas de estanho e ferro. Os professores tomam a terra e a descarnam e a descascam para afinal ensinar: “Toda ela não passa dum globinho!” Eu com os costados aprendi geografia. Não foi à toa que tanto dormi no chão. Os historiadores levantam a angustiante questão: - Era ou não roxa a barba de Barba Roxa? Que me importa! Não costumo remexer o pó dessas velharias! Mas das ruas de Moscou conheço todas as histórias. Uma vez instruídos, há os que propõem a agradar às damas, fazendo soar no crânio suas poucas idéias, como pobres moedas numa caixa de pau. Eu, somente com os edifícios,

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