Tento escrever meu terceiro romance. A experiência é aflitiva: imitando a improvável domesticação dos animais selvagens, lido com um material que, à minha revelia, a toda hora se transforma e se rebela. Em definitivo: não sou eu quem comando. É muito doloroso aceitar isso. Aceitar que escrever uma ficção é, quase sempre, uma experiência fora de controle. Que o livro segue seu próprio caminho, em absoluta indiferença para com seu autor. Que, quanto mais avançamos, mais contato perdemos. Encontro consolo lendo uma entrevista de Ricardo Piglia publicada na revista "Otra Parte". A entrevista se chama: "A narração como iminência do fecho". O remate, ou conclusão, é o enervante destino de qualquer relato. É nele - é a partir dele - que toda a narrativa se desenha e encontra sua forma. Que toda narrativa se forma. "Penso que teríamos que partir da ideia do fecho como lugar de cruzamento entre experiência e literatura". É ali, onde o r
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