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Muito além do currículo*

Qualquer profissional que já concorreu a uma vaga numa entrevista de emprego deve conhecer a palavra currículo ou curriculum vitae. Pessoas com formação acadêmica geralmente elaboram seu currículo na plataforma online do Lattes, fazendo o que chamam de Currículo Lattes. Este fica a disposição de qualquer instituição, podendo ser acessado via internet.  De acordo com definições de dicionários e internet currículo significa trajetória de vida, mas como documento de qualificação profissional tem como intenção mostrar de modo sintético as qualificações e aptidões do profissional. As qualificações começam a ser descritas pela formação educacional, com informações tais como: ensino médio ou superior, pós-graduação, mestrado, enfim.  Dentre as aptidões estão tarefas que a pessoa está apta a realizar, as quais podem ser, entre outras: espírito de equipe, liderança, falar em público, etc. Com poucas palavras e de forma objetiva, o currículo descreve o profissional que será entrevis

O Mapa*

Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo... (É nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei... Há tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Há tanta moça bonita Nas ruas que não andei (E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso... *Mário Quintana

O sexo começa muito antes da cama*

Antes há de acontecer delicadezas dentro dos olhares Antes há de entrelaçarem-se corações, almas afins em muitos sins para um caminho aonde a alegria seja o fim de um desejo compartilhado, esperado, sonhado, enfim. Antes há de acontecer delicadezas dentro dos olhares que vislumbram com clareza e comunicam com certeza, antes, ainda na mesa, que a hora da beleza vem chegando, trazendo de mansinho por meio de elogios sinceros e, ao mesmo tempo, temperados com o ensejo acobertado que apetece os sentidos em busca de momentos, suprimentos, alimentos, alentos para os corpos sedentos. Antes, haverão beijos em meio ao nada das bocas caladas que não justificarão e nem tão pouco se defenderão do amor que querem sentir com o doce nos lábios molhados do outro, tanto amado, desbravado, despido de todo medo. Antes, haverá respeito e gosto sincero por um jeito que mesmo parecendo ser defeito, desfeito será, inexplicavelmente, aos olhos do mundo que julga e compõe

O Ofício*

Escrevo para sentir nas veias o voo da pedra. Antecipação da paz neste país de granadas moldadas no silêncio dos frutos. Escrevo como quem escava no bojo da sombra um mar de claridade. Pedras vivas de possibilidade as palavras levantam o crime, os pássaros do pântano Escrevo no grande espaço obscuro que somos e nos inunda. Casimiro de Brito

Desejos*

Há muito, muito tempo começamos a gestar o micróbio da realidade que temos agora. Os anos calcificaram tanto a percepção até não mais lembrarmos que as agruras enfrentadas são justamente os males um dia pensados, materializados nas condições físicas e materiais do entorno ora vil. Um ditado para isso: “cuidado com o que desejas, pois pode se realizar”. Naquele tempo, não se sabia do “Segredo”, essa geração espontânea a partir do pensamento. E foi-se, dia após dia, não podendo mudar as circunstâncias nem a si mesmo, elaborando pragas e perjúrios, fornecendo substância para o que seria, no meio da jornada, uma pedra oca a guardar a escuridão. Numa estrada de terra no meio do quase nada, o motorista diz: “Olhe como são as coisas. Quando eu era menino, ficava andando nas estrada no Ceará, andava muito mesmo; de vez em quando, pegava carona e eu pensava – ainda vou dirigir um carro por essa terra toda. E hoje to aqui, sou motorista”. Por isso a gente precisa planejar o que quer

Este é o Prólogo*

Deixaria neste livro toda minha alma. Este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas. Que compaixão dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam! Que tristeza tão funda é mirar os retábulos de dores e de penas que um coração levanta! Ver passar os espectros de vidas que se apagam, ver o homem despido em Pégaso sem asas. Ver a vida e a morte, a síntese do mundo, que em espaços profundos se miram e se abraçam. Um livro de poemas é o outono morto: os versos são as folhas negras em terras brancas, e a voz que os lê é o sopro do vento que lhes mete nos peitos — entranháveis distâncias. — O poeta é uma árvore com frutos de tristeza e com folhas murchadas de chorar o que ama. O poeta é o médium da Natureza-mãe que explica sua grandeza por meio das palavras. O poeta compreende todo o incompreensível, e as coisas que se odeiam, ele, amigas as chama.

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