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Azul e amarelo*

Amar é um elo entre o azul e o amarelo (Paulo Leminski) Dizem que o arco-íris condensa todas as cores, assim como sonhos, esperanças e olhares perdidos. Ele se esquece no horizonte e cruza os destinos de quem ousa ver além, ao alcance dos que fantasiam.  Para tanto, basta a pressa da felicidade e a ingestão dos encantamentos.  Porque é preciso vida para cruzar a fonte e é preciso amor para encontrar o pote das preciosidades inebriantes. Também é preciso acordar cedo (ou tarde), apenas para ter certeza de que mais um dia acontece para que se intencione ser feliz.  Depois, há o tempo de caminhar juntos, comprometidos com o que nem sempre importa, mas que costuma ser bom. Se no meio do caminho tropeçar, paciência. Sorria e estenda a mão à alma caída para que ela possa te puxar.  Participar de dores e dissabores também faz parte, como tempero para o prato principal, mesmo que seja só uma saladinha. Assim como o vaivém das singularidades traçam uma dança inusitada que e

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho, Ou darei quantas queiram: bem sabemos Que razões são palavras, todas nascem Da mansa hipocrisia que aprendemos. Não me peçam razões por que se entenda A força de maré que me enche o peito, Este estar mal no mundo e nesta lei: Não fiz a lei e o mundo não aceito. Não me peçam razões, ou que as desculpe, Deste modo de amar e destruir: Quando a noite é de mais é que amanhece A cor de primavera que há-de vir. *José Saramago

Existencialidades*

Por que ? Ando vagando por entre motivos para fundamentar minha existência num mundo tão complexo e questionável. As incertezas pairam na minha rua. Nada encontro de concreto, reto e direto. Busco nas curvas das palavras escritas minha resposta para um porquê que só eu sinto. Não há nada de errado comigo! Está tudo bem, bem até demais. Essa sensação de inquietude é interna e constante. Faz parte da minha singularidade. Há uma necessidade em meu ser de significar tudo, todos. É quase uma obsessão, uma mania doentia de dar sentido a tudo. Sem sentido não há sentido em viver. De repente, leio algo, que aparentemente me tira o "chão". Vago sozinha na escuridão de uma angústia que jamais poderá ser compartilhada. Parece que minha mente roda e gira numa velocidade inalcançável, não consigo acompanhar minha tontura existencial. Sofro, busco, corro, grito e questiono sempre, sem cessar. Será? As vezes o amor parece distante e tudo fica apático. Como se a

Fui Sabendo de Mim*

Fui sabendo de mim por aquilo que perdia pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia fui ficando por umbrais aquém do passo que nunca ousei eu vi a árvore morta e soube que mentia Mia Couto

Suplantando Fronteiras*

             Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.                                      Fernando Pessoa Transcender é ir além, ultrapassar limites. É a capacidade e o desejo de romper limitações, de superar e violar os interditos. É o desejo e a capacidade do ser humano para transcender a si mesmo, ou seja, sair de seu estado atual para buscar algo novo. Podemos exemplificar a atitude de Adão e Eva no jardim do Éden como expressão de transcendência, de sua transformação em ser humano. Interessa-nos apontar a transcendência como uma experiência mais sentimental – o apaixonar-se, o êxtase como uma experiência, o deslumbramento diante de uma realidade nova, a admiração, o espanto. É ceder, se deixar aventurar à outra singularidade. Penetrar e

Milagres*

Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial? Por mim, de nada sei que não sejam milagres: ou ande eu pelas ruas de Manhattan, ou erga a vista sobre os telhados na direção do céu, ou pise com os pés descalços bem na franja das águas pela praia, ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo, ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem /amo, ou à mesa tome assento para jantar com os outros, ou olhe os desconhecidos na carruagem de frente para mim, ou siga as abelhas atarefadas junto à colmeia antes do meio-dia de verão ou animais pastando na campina ou passarinhos ou a maravilha dos insectos no ar, ou a maravilha de um pôr-de-sol ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes, ou o estranho contorno delicado e leve da lua nova na primavera, essas e outras coisas, uma e todas — para mim são milagres, umas ligadas às outras ainda que cada uma bem distinta e no seu próprio lugar. Cada momento de luz ou de tre

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