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Disso que vivo*

A gente vai envelhecendo As inutilidades pulsando E, a gente acha tempo Pra brincar de ser poeta Os cabelos embranquecidos Cintura alargada Fios de ruga enfeitando olho Vai a gente por este mundo Ora besta, ora pequeno Nada fazendo No ócio deleitando Vai criando jeito de ampliar A vida desconjuntada Contando casos Rabiscando sonhos Pedindo licença aos anjos Para voar em suas asas E,feliz ir Brincando de ser criança outra vez. Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Escritora, Poetisa, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Retrato do artista quando coisa*

A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas. *Manoel de Barros

As palavras iniciais*

As expressões preliminares possuem um teor de anúncio de incertezas. Sua linguagem cifrada, em um discurso incomum, abre espaço, compartilha desafogo, reapresenta as formas do indizível. De antemão, se tem um imenso nada a se mostrar na crise desconstrutiva pessoal.  Essas palavras desarticuladas realçam um caos subjetivo em ação. Nesses conteúdos de rascunho, já se pode vislumbrar endereços existenciais, descrever a novidade chegando. Por esse começo é possível investigar o mundo das vontades, das representações. Nos ditos de assunto imediato, nem sempre confirmados no discurso posterior, os relatos oscilam em busca de legitimidade. A partir desse acolhimento se pode qualificar a relação clínica, regular o ângulo da visão, ajustar a lógica desse encontro singular.      O teor de con_fusão entre o passado e o agora passando, além de traduzir um viés im_paciente, proporciona atenção à esse sujeito em estado nascente. Após essa antítese com as anterioridades, existe um lugar pa

Uma oração*

Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada.  Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias.  O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta.  A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou

Textos e Contextos: as múltiplas faces de uma leitura existencial da vida*

Há leituras que nos aproximam de nós mesmos, e há aquelas que nos distanciam. Nossas lentes da alma se adaptam melhor aos contextos que nos ajudam a ver a vida com menor grau de miopia. Vivemos em busca de olhares que veem o mundo a partir das perspectivas de nosso ser. Talvez seja por isso que não digerimos aquela música, ou aquele autor. Por mais profundo e sensível que alguém seja, ele somente atingirá a raiz de nossa alma se aproximar-se da leitura que fazemos da vida.  Há tempos tenho pensando sobre as múltiplas leituras que fazemos da vida. Em cada contexto existencial da vida nos adaptaremos a quem escreve os silêncios de nossa alma com a sensibilidade que enxergamos a vida. Talvez encontremos aqueles que questionem tal posicionamento. No entanto quando encontramos tais contestadores, eles já estão impregnados de leituras que se adaptem ao seu contexto emocional. O simples fato de não concordarem com essa premissa revela que eles próprios também buscam leituras existênci

A arte indomesticada - garantia de sanidade*

Absolutamente não é preciso, nem ao menos desejado, tomar partido em meu favor: ao contrário, uma dose de curiosidade, como diante de uma excrescência estranha, com uma resistência irônica, me pareceria uma postura incomparavelmente inteligente.                  Friedrich Nietzsche Nietzsche afirma que: como fenômeno estético, a existência é sempre para nós, suportável ainda. Inúmeras vezes, a desgraça do indivíduo se torna a sua redenção; ele não sabe exatamente, nem como nem porquê; porém, a inquietação que o mobiliza, pode  conduzi-lo, em sua existência errante, à expressão dos tormentos interiores que o consomem, através da arte. O que é a arte? Qual o sentido da existência? A existência como propósito da arte, a arte como necessária proteção da existência. A arte de criar e parir a si mesmo como obra de arte. Urge desconstruir imagens, colocando um quinhão de criatividade em nosso algoritmo. Expressar a profunda aflição que remexe nossas entranhas, numa tentat
www.casadafilosofiaclinica.blogspot.com O ano todo com você!        Comunicado:      A Coordenação de Ensino e Pesquisa da Casa da Filosofia Clínica informa que, no período de 10/11 à 10/12/2014, estarão abertas as inscrições para recebimento de propostas de parceria para aulas, estágios, supervisão, publicações, atendimentos, referentes ao período de 2015, em todo o território nacional. Interessados, por favor, contatar:  casadafilosofiaclinica@gmail.com      Atenciosamente,      Coordenação de Ensino e Pesquisa

Os Poemas*

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.  E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti… *Mário Quintana

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