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Não me Peçam Razões...*

Não me peçam razões, que não as tenho, Ou darei quantas queiram: bem sabemos Que razões são palavras, todas nascem Da mansa hipocrisia que aprendemos. Não me peçam razões por que se entenda A força de maré que me enche o peito, Este estar mal no mundo e nesta lei: Não fiz a lei e o mundo não aceito. Não me peçam razões, ou que as desculpe, Deste modo de amar e destruir: Quando a noite é de mais é que amanhece A cor de primavera que há-de vir. José Saramago

Perspectivas de uma racionalidade*

O indivíduo, ao fazer filosofia, necessita criticar as perspectivas de sua racionalidade e não apenas sua ideologia. Urge desconstruir a ingenuidade, pois não são apenas alguns argumentos, prova de verdades irrefutáveis. Existe a necessidade premente de romper com uma cultura onde impere a racionalidade, através de dois princípios capitais: o primeiro, que simboliza serenidade, claridade, medida. O segundo, que representa força impulsiva, afirmação da vida, asseveração da existência e dos impulsos, cotidianamente submetidos ao constrangimento da razão. Percebemos na cultura ocidental, marcada pela repressão dos instintos vitais e indeferimento ao prazer, um entrave em aceitar e compreender o indivíduo em sua totalidade. Aqui podemos citar o Cristianismo, que representou um dos últimos estágios de decomposição da cultura grega e dos impulsos vitais, inerentes e indispensáveis à condição humana sadia. A filosofia de Nietzsche abalizou uma densa ruptura da cultura ocident

Aviso*

Se me quiseres amar, terá de ser agora: depois estarei cansada. Minha vida foi feita de parceria com a morte: pertenço um pouco a cada uma, pra mim sobrou quase nada. Ponho a máscara do dia, um rosto cômodo e simples, e assim garanto a minha sobrevida. Se me quiseres amar, terá de ser hoje: amanhã estarei mudada. Lya Luft

Quando é que a vida começa afinal?*

Tum tum tum - olha que legal! Tenho um coração! Tenho duas pernas, e dois braços também! Nossa, que bacana... mas quando será que a vida começa heim? Deve ser quando eu sair desse lugar apertado e molhado e acolchoado e vermelho aqui que eu moro. Lá fora deve ser tão legal. Olha, uma luz, pronto, finalmente vou começar a viver... unhéeeeee, unhéeee.  Ah, achei que ia começar a viver agora, mas antes eles precisam tirar esse fio preso na minha barriga que me liga à minha mãe. Ih, tiraram, mas tá faltando alguma coisa. Devo começar a viver só depois que minha mamãe me der leite... e carinho... e banho... ah, que nada, já to bem grandinho, a vida deve começar depois que a gente aprende a andar.  Olha, dei meus primeiros passos, acho que finalmente ela começa depois que eu falar... gugu dada. Hum... tá ficando complicado isso. Depois que eu tomar todas minhas vacinas, é isso! Não, não é. Mas tenho certeza que depois que eu ganhar aquela Barbie que todo mundo tem a vida finalme

Momentos possíveis do imaginário*

“O esquecimento do esquecimento não dá oportunidade apenas às encenações realistas, ele é essencial a qualquer metafísica: ao esforçar-se por apresentar a própria coisa, fundamento último, Deus, ser, a metafísica esquece-se de que a presença é ausente. Ter tudo presente é a bulimia do pensamento ocidental.” Jean-François Lyotard A escritura é o fortalecimento e também poder ser o que se esquece durante o passar do tempo. O tempo aqui como conceito diante do que é visto, do que tem diante dos olhos. Tanto faz olharmos por através da vidraça ou mesmo diante de um real supostamente dito, dentro do mesmo espaço, porque o imaginário criado nisso tudo é como o fogo que une o todo. O que estava separado, o que estava distante acaba se unindo nas chamas. A escritura tem um pouco disso, mas se diferencia por sua unidade de ser, por sua fonte longe do imortalizado, é como Lyotard falou de Beckett que fez a “assinatura sofrer”, e ao longe – tudo tem a clareza e distância, dependend

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