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A morada do ser*

“Impossível escrever a história do inconsciente humano sem escrever uma história da casa.” Gaston Bachelard  Pelas ruas, Extensos bairros, Estradas de chão. A morada que abriga, Os devaneios íntimos, A imaterialidade, A estrutura que fala. As vivências, isolamentos, Segredos e liberdade, Daquela morada... A morada do Ser.   *Fernanda Sena Filósofa Clínica Barbacena/MG

O apanhador de desperdícios*

Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. *Manoel de Barros

Arquétipo*

Sou a ruiva linda de cabelos de mousse. Estou na Idade Média e tenho cavaleiro que me procura de manto e tudo. A mulher no sótão é a perfeição ideal platônica. Eis que presa sim, pois que recebe, fértil e tem que se resguardar. E essa história das musas nas estrelas da princesa presa na torre é uma inventio masculina para suavizar o posto estado em que ele a coloca sempre por baixo Mas se mulher é frescura e subordinação não o sou. Vê, você fala com um anjo: na busca do ser integral não há lugar para preconceitos. *Vânia Dantas Filósofa Clínica Brasília/DF

Certas Palavras*

Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem  partes do corpo, movimentos, actos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. *Carlos Drummond de Andrade

A palavra ressonância*

Escrever sobre as repercussões de um encontro clínico, reivindica deslocar-se em estado de redução fenomenológica. Se trata de tentar visualizar eventos em sua matriz de desencadeamento compartilhado, por onde acessos inesperados se descortinam, sugerem uma dialética nem sempre traduzível.     As poéticas da terapia esboçam seus inéditos e os ampliam pela interseção bem sucedida. Esses enredos seriam inimagináveis não fora a alquimia da atuação subjuntiva, a qual, iniciada na hora_sessão, se multiplica no cotidiano por vir. Dos múltiplos aspectos sobre seu alcance, sentido, direção, se destaca a alteração dos pontos de vista. Reinvenção pela aptidão dos procedimentos a se tornar transformação pessoal pela via da introspecção.    A cooperação da categoria tempo é fundamental, nesse momento irrepetível, onde uma chave encontra sua porta. Ao acolher compreensivamente o que ressoa, é possível modificar representações, redescobrir-se em meio ao ir e vir das conexões.     Os m

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