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Olhos do viajante, recorte do pensamento*

“A alma jamais pensa sem fantasia.” Aristóteles Quão estúpidos são os homens que creem que a vida é só viver; a vida é, também, renuncia, é deixar de viver momentaneamente para se dedicar ao não vivido. Viver não é só gozar a vida, é tudo, até mesmo morrer para viver melhor outro dia após outros dias.  Andei pensando esses últimos dias, enquanto viajava, lia, via coisas novas, coisas que já tinha visto mas meus olhos renovados já passaram pela negação da vida, questionava ao total abandono de um absoluto nas imagens. Tudo parece novo, mesmo que já tenha visto, imagino o novo diante dos olhos, o sentir desse espaço infinito por onde o pensar foge da imagem. Vejo outros mundos dentro do mundo em que me adentro a ver.  A vida do viajante é interessante porque nunca consegue descansar a cabeça, sempre quer olhar e pisar mais o todo de qualquer canto por onde passa. O viajante difere do turista, ele é quem conduz o roteiro, quase sempre aleatoriamente, mesmo que organizado,

Ah! Os Relógios*

Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção. E os Anjos entreolham-se espantados quando alguém - ao voltar a si da vida - acaso lhes indaga que horas são... *Mário Quintana, in 'A Cor do Invisível'

Vida de Livreiro...*

Isto vale muito a pena...  mas cansa , às vezes. Vida de Livreiro. Nunca gostei da expressão "vendedor de Livros". Comercial em demasia. Livreiro apenas. Para dizer mais. Para dizer tudo.... Aliás, nunca me senti confortável vendendo livros. Ou cobrando livros. No fundo, no fundo ensejava ser doador de livros. Ou emprestador de livros. Imaginava e tinha certeza que me daria melhor numa biblioteca. Ou numa livraria beneficente.... Sempre digo que livreiro tem que ser curioso. Não pode ver pacote de livros, necessita abri-lo. Não pode ver livro de contracapa, necessita virá-lo. Não pode ver livro fechado, necessita abri-lo.. Singular profissão a nossa, não é Mauro Messina. Conversávamos, eu e o Mauro. Havia época em que livreiro tinha também a função de pesquisador de temas e autores para os clientes. Lembrei-me de uma historieta: Procurou-me, certa feita, uma amável senhora que estava se preparando para um concurso. Trazia somente as temáticas do concurso.

Talento não é Sabedoria*

Deixa-me dizer-te francamente o juízo que eu formo do homem transcendente em gênio, em estro, em fogo, em originalidade, finalmente em tudo isso que se inveja, que se ama, e que se detesta, muitas vezes. O homem de talento é sempre um mau homem. Alguns conheço eu que o mundo proclama virtuosos e sábios. Deixá-los proclamar.  O talento não é sabedoria. Sabedoria é o trabalho incessante do espírito sobra a ciência. O talento é a vibração convulsiva de espírito, a originalidade inventiva e rebelde à autoridade, a viagem extática pelas regiões incógnitas da ideia. Agostinho, Fénelon, Madame de Staël e Bentham são sabedorias. Lutero, Ninon de Lenclos, Voltaire e Byron são talentos. Compara as vicissitudes dessas duas mulheres e os serviços prestados à humanidade por esses homens, e terás encontrado o antagonismo social em que lutam o talento com a sabedoria. Porque é mau o homem de talento ? Essa bela flor porque tem no seio um espinho envenenado ? Essa esplêndida taça de brilh

Canção da saudade*

Canta a canção das horas que não vejo Das veias que dilatam Dos urros que esbravejo Segue o contorno desses dias ancorados A um presente que resiste Por força do passado. Canta a canção das horas que eram tuas Alegria do som da tua voz – a minha cura Ainda ronda os sentidos, ainda te procura. Horas debruçada nos limites do teu rosto, E plena de teu mundo, de teu gosto, Retinha teu carinho em desmesura. Canta a canção e acorda a que tão bem conheces Que sonha, que sabe de delírios E algumas alegrias porque não te esquece; Acotovelada à janela da eternidade Anda mouca para os sons que antes ouvia Enquanto teu cantar não acontece. *Sônia C. Prazeres Filósofa, Poeta, Filósofa Clínica São Paulo/SP

Qualquer Tempo*

Qualquer tempo é tempo. A hora mesma da morte é hora de nascer. Nenhum tempo é tempo bastante para a ciência de ver, rever. Tempo, contratempo anulam-se, mas o sonho resta, de viver. *Carlos Drummond de Andrade

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