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Verbo insubordinado*

Eu milito, tu militas Agora, eu milite, tu milites, É problema da língua, torce, retorce no presente que indica Ao tempo que se subordina. Eu milito em outro espaço Não dependo da língua que compartilhas. Eu milito noutra terra, o país é: O verbo indica. Eu vagueio no silêncio, na palavra, Na lista fixada na parede, O verbo é morto, o tempo vive no grito, Eu nomeio minha militância. *Dr. Luis Antônio Gomes Professor, Poeta, Editor Sulina Porto Alegre/RS

Múltiplas poéticas*

A poesia é minha vida. Eu joguei toda a minha vida na poesia. Não poderia me mobilizar do mesmo modo para outra arte. A arte não existe em si mesma. Ela é fundada pelo artista com essa entrega. O homem inventa a arte através dessa paixão. Quando o poema chega, é um acontecimento inusitado, uma erupção, como um vulcão. Está tudo bem e de repente ele começa a colocar fogo pela boca. O poema nasce do espanto, e o espanto decorre do incompreensível. Vou contar uma história: um dia, estava vendo televisão e o telefone tocou. Mal me ergui para atendê-lo, o fêmur de uma das minhas pernas bateu no osso da bacia. Algo do tipo já acontecera antes? Com certeza. Entretanto, naquela ocasião, o atrito dos ossos me espantou. Uma ocorrência explicável de súbito ganhou contornos inexplicáveis. Quer dizer que sou osso?, refleti, surpreso. Eu sou osso? Osso pergunta? A parte que em mim pergunta é igualmente osso? Na tentativa de elucidar os questionamentos despertados pelo espanto, eclod

Perder-se...*

Muitas vezes em nossos caminhos existenciais é preciso deixar perde-se para encontrar-se. Os desvios de caminho, num certo sentido, pode ser um caminho para o encontro com o outro que há em cada um de nós. A angústia de não saber para onde ir, em determinados momentos, é uma sensação de liberdade obrigatória!!! Perceber-se nesses momentos pode ser altamente produtivo para continuar no caminho da busca... Talvez o descaminho seja o verdadeiro caminho para uma nova percepção de tudo que nos rodeia, principalmente, nossas sombras plurais. O medo de descontrolar-se e não ter a bússola para orientar-se é o que torna a caminhada mais significativa e interessante. Somos controlados o tempo todo pelos relógios dos compromissos diários, vivemos quase que maquinalmente no cotidiano de nossas vidas. Será que seria esse o caminho? Ou talvez tenhamos deixado, por comodidade, conduzir-se pelas normas sociais? Somos pessoas ou indivíduos manipulados pelo excesso de in

Canção da escuta*

O sonho na prateleira me olha com seu ar de boneco quebrado. Passo diante dele muitas vezes e sorrimos um para o outro, cúmplices de nossos desastres cotidianos. Mas quando o pego no colo (como às bonecas tão antigamente) para avaliar se tem conserto ou se ficará para sempre como está, sinto sem estranheza que dentro dele ainda bate um pequeno tambor obstinado e marca – timidamente – um doce ritmo nos meus passos. *Lya Luft

Poesias e Flores*

Você me permite, amigo Ando um pouco vazio E triste também Vou pegar carona Na sua poesia Empreste-me uma frase Do seu lindo poema. Não me culpe de sequestro Não se roubam poesias Poesias não são de ninguém São de todos, ainda assim de poucos Permita-me, por favor Fazer uma nova mudinha De sua poesia Ceda-me um versinho Aquele mais lindo Do seu poema. Assim como uma flor Empresta-me um brotinho Farei uma nova mudinha Seremos então duas flores Emprestaremos mais raminhos para criar outras mudinhas Em pouco tempo Seremos quatro, seremos oito... E faremos um lindo jardim. Juro Como seremos mais felizes Eu e você.... *José Mayer Filósofo, Livreiro, Poeta, Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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