Pular para o conteúdo principal

Postagens

Poéticas*

tudo é...não é... impermanente, imanente. no ver o invisível, a arte transcende o artista. em sua inutilidade tão útil... permite a liberdade. *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora Juiz de Fora/MG

Fragmentos filosóficos, delirantes, libertários*

"(...) o cotidiano é o verdadeiro princípio de realidade, melhor ainda, da surrealidade" "A verdadeira vida está por toda parte, exceto nas instituições. Não se reconhece mais esses escritores e escritos vãos e em suas múltiplas imposições. Ela é feita de ensaios-erros, marca, por excelência, da vitalidade, no que ela tem de aventureira. Indico no princípio deste livro: a verdadeira vida não tem projeto porque não tem objetivo definido. Daí o aspecto pulsante de suas manifestações" "O excesso é simplesmente revelador de um estado de espírito latente" "(...) o estilo decadente na pintura ou na vestimenta, em resumo, o nomadismo ambiente traduz bem o retorno dos bárbaros aos nossos muros, isso significa a fragmentação do universo policiado, ordenado pacientemente por três séculos de modernidade" "Mas além ou aquém desta aparente submissão, existe uma não menos sólida resistência, a de 'ficar na sua' ou a da secessão,

A Maternidade, esse coelho saltitante*

Alice, quando se aventura atrás do coelho no País das Maravilhas, percebe ao cair que: "ou o poço era muito fundo, ou ela caía muito devagar, porque enquanto caía teve tempo de sobra para olhar à sua volta e imaginar o que iria acontecer em seguida." Penso que muitas das situações que eu já me deparei como mãe, são semelhantes às aventuras de Alice, correndo atrás do coelho. Seja esse coelho o meu filho pequeno, seja esse coelho as questões que ele me trouxe, e continua trazendo. A aventura de Alice, em analogia com a minha e de tantas mães, é a da transformação através da experiência, ou ainda, da jornada da maternidade que nos transforma, ao mesmo tempo em que criamos e transformamos nossos filhos em adultos. Pois estamos também, a cada passo, nos transformando em mães e pais. O que vai acontecer em seguida, ser mãe, sempre é uma surpresa, mesmo a Alice quando cai no poço, "tentou olhar para baixo e ter uma ideia do que a esperava, mas estava e

Poema*

Se morro universo se apaga como se apagam as coisas deste quarto se apago a lâmpada: os sapatos - da - ásia, as camisas  e guerras na cadeira, o paletó -  dos - andes,  bilhões de quatrilhões de seres  e de sóis morrem comigo.  Ou não: o sol voltará a marcar este mesmo ponto do assoalho onde esteve meu pé; deste quarto ouvirás o barulho dos ônibus na rua; uma nova cidade surgirá de dentro desta como a árvore da árvore.  Só que ninguém poderá ler no esgarçar destas nuvens a mesma história que eu leio, comovido. *Ferreira Gullar

Prefácio***

Esta obra é uma descontinuidade das 'poéticas da singularidade' publicada em 2007 no RJ. Busca tecer críticas, provocar reflexões e insinua caminhos para a desconstrução das práticas ideologizadas a partir das tipologias do desatino. Compartilhar vivências de atendimentos, impressões e pesquisas sobre a raridade existencial da pessoa em refúgios de internação, sejam eles dentro ou fora dos muros do manicômio. Lugar onde a palavra usual encontra dificuldades para chegar e manter interseção com a epistemologia da loucura.  A singularidade desfigurada pelas intervenções da tradição mostra, antes de mais nada, a aptidão de exclusão das analíticas da correção discursiva. Ao se levar em consideração a distorção, o erro e as contradições do sujeito, reivindica-se o estudo do entorno da pessoa em crise: o contexto, família e o psiquiatra, que são coadjuvantes com poder (jurídico) para transformá-lo em paciente, ao prescrever suas drogas de lógica normal.  No saber desajustad

Como quem ouve uma sinfonia*

Um grande e verdadeiro amor pode ser sutil, encabulado, assustado e no fundo encantado. Esconder um sentimento pode ser um ato de caridade, de compaixão e mesmo de verdadeiro amor. Não dizer eu te amo, mesmo diante de uma certeza inexorável, pode ser muito sábio. É possível que o ser amado não esteja passando pelo melhor momento em sua vida e que isto transmita a ele uma responsabilidade difícil de assumir no momento. Muitas vezes ele te ama muito mais do que você ou ele possam imaginar, mas não consegue ou tem medo de expressar. Pode estar traumatizado, pode ter sido golpeado recentemente, pode estar sendo vitima de uma pessoa doente que o persegue. Talvez ele não te ame mesmo, mas existem varias maneiras de sentir isso. E isto é um direito. Talvez ele ainda não tenha descoberto o que sente ou mesmo não queira admitir e é importante respeitar. Entender que existe o tempo de cada um, o tempo que se leva para aceitar que estamos amando alguém. Às vezes, as pessoas t

Tudo que é sólido desmancha no ar*

"Se encararmos o modernismo como um empreendimento cujo objetivo é fazer que nos sintamos em casa num mundo constantemente em mudança, nos damos conta de que nenhuma modalidade de modernismo jamais poderá ser definitiva. Nossas construções e realizações mais criativas estão fadadas a se transformar em prisões e sepulcros caiados; para que a vida possa continuar, nós ou nossos filhos teremos de escapar delas ou então transformá-las. É o que sugere o homem do subterrâneo de Dostoievski em seu infindável diálogo interior." "Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas ao redor - mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos. A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana.

Síntese do Vagar*

 “Nada mais fácil do que dizer o eu é multiplicidade ou que é unidade ou que é a síntese de ambas.” Henri Bergson Nada mais fácil do que viver em meu espaço, nele consigo refazer a casa do pensar. Digo que é um espaço livre, absoluto, de todas as imposições de ordem moral... por que da moral, se não estou aqui me refazendo do mundo totalitário das coisas? Apenas aqui, é o espaço do pensar. Estou a dedilhar o acontecimento, o mundo dentro do mundo, o fora do mundo, o mito de viver bem, o mito da solidão etc. No meu espaço, convivo com os sonhos, as maquinações desse pensar, as tentativas de inventar o menor espaço possível para escapar com a palavra, atravessar a imaginação de mundos possíveis. É óbvio, a razão diria, isso é um monstro. Não quero meus sonhos em companhia da sensatez, prefiro a música, o pensamento, o livro que invade o tempo dos contrários. A contramão das ideias pode tudo mas não corrompe as pontas do pensar nesse meu espaço que bifurca em ruas do sé

Visitas