Pular para o conteúdo principal

Postagens

O Poeta*

Já te despedes de mim, Hora. Teu golpe de asa é o meu açoite. Só: da boca o que faço agora? Que faço do dia, da noite? Sem paz, sem amor, sem teto, caminho pela vida afora. Tudo aquilo em que ponho afeto fica mais rico e me devora.   *Rainer Maria Rilke

Todos recebem a mesma luz*

Uns se assemelham A superfícies brancas Que refletem a luz - São os que tem mais inocência - Outros assemelham-se A superfícies coloridas Que absorvem e refletem os raios de luz Mudam de brilho e tonalidade ao longo do dia - São as almas mais sensíveis - Outros, ainda se assemelham A superfícies transparentes Deixam passar toda luz, sem nada reter - São os mais próximos de Deus - Alguns outros Podem ser comparados a espelhos Onde a natureza e os amigos Se refletem e se vêem - São os mais próximos de nós - Alguns, enfim Imitam prismas multicores Onde a luz branca Se abre em arco-iris - São os que cantam a glória da natureza Pela arte, pela música, pela poesia.... (Inspirado em Louis Lavelle - O Erro de Narciso.) *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Tempos Difíceis*

“Inteiramente diverso é o que se passa com o tempo linear.” Karl Jaspers Estamos vivendo tempos difíceis, essa evangelização nos sentimentos, na cultura, na forma desapegada que se tem para levantar os braços e agradecer a torto e a direito a tudo que é de ordem divina, do esforço de cada um, do cérebro de cada um, o que é da Vida passa a ser a mão do senhor.  A criação dos homens virou uma dádiva, logo agora que não existe nada de criativo nas atitudes e nem no que se apresenta como sendo cultura, música, literatura e outros fazeres dos homens que se acham donos da Terra. Estamos vivendo esse tempo de gerúndio, de poente nas histórias; na política, o pensamento de esquerda está mais perdido que papel ao vento, a direita, está cada vez mais orgulhosa de suas atitudes, de seus propósitos e agradece ao senhor do egoísmo...  Mas esse tempo é mortal. Felizmente. Estamos a viver todos os tempos num só século.  A água está suja, o plástico é uma ilha para os olhos

Poéticas*

tudo é...não é... impermanente, imanente. no ver o invisível, a arte transcende o artista. em sua inutilidade tão útil... permite a liberdade. *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora Juiz de Fora/MG

Fragmentos filosóficos, delirantes, libertários*

"(...) o cotidiano é o verdadeiro princípio de realidade, melhor ainda, da surrealidade" "A verdadeira vida está por toda parte, exceto nas instituições. Não se reconhece mais esses escritores e escritos vãos e em suas múltiplas imposições. Ela é feita de ensaios-erros, marca, por excelência, da vitalidade, no que ela tem de aventureira. Indico no princípio deste livro: a verdadeira vida não tem projeto porque não tem objetivo definido. Daí o aspecto pulsante de suas manifestações" "O excesso é simplesmente revelador de um estado de espírito latente" "(...) o estilo decadente na pintura ou na vestimenta, em resumo, o nomadismo ambiente traduz bem o retorno dos bárbaros aos nossos muros, isso significa a fragmentação do universo policiado, ordenado pacientemente por três séculos de modernidade" "Mas além ou aquém desta aparente submissão, existe uma não menos sólida resistência, a de 'ficar na sua' ou a da secessão,

A Maternidade, esse coelho saltitante*

Alice, quando se aventura atrás do coelho no País das Maravilhas, percebe ao cair que: "ou o poço era muito fundo, ou ela caía muito devagar, porque enquanto caía teve tempo de sobra para olhar à sua volta e imaginar o que iria acontecer em seguida." Penso que muitas das situações que eu já me deparei como mãe, são semelhantes às aventuras de Alice, correndo atrás do coelho. Seja esse coelho o meu filho pequeno, seja esse coelho as questões que ele me trouxe, e continua trazendo. A aventura de Alice, em analogia com a minha e de tantas mães, é a da transformação através da experiência, ou ainda, da jornada da maternidade que nos transforma, ao mesmo tempo em que criamos e transformamos nossos filhos em adultos. Pois estamos também, a cada passo, nos transformando em mães e pais. O que vai acontecer em seguida, ser mãe, sempre é uma surpresa, mesmo a Alice quando cai no poço, "tentou olhar para baixo e ter uma ideia do que a esperava, mas estava e

Poema*

Se morro universo se apaga como se apagam as coisas deste quarto se apago a lâmpada: os sapatos - da - ásia, as camisas  e guerras na cadeira, o paletó -  dos - andes,  bilhões de quatrilhões de seres  e de sóis morrem comigo.  Ou não: o sol voltará a marcar este mesmo ponto do assoalho onde esteve meu pé; deste quarto ouvirás o barulho dos ônibus na rua; uma nova cidade surgirá de dentro desta como a árvore da árvore.  Só que ninguém poderá ler no esgarçar destas nuvens a mesma história que eu leio, comovido. *Ferreira Gullar

Prefácio***

Esta obra é uma descontinuidade das 'poéticas da singularidade' publicada em 2007 no RJ. Busca tecer críticas, provocar reflexões e insinua caminhos para a desconstrução das práticas ideologizadas a partir das tipologias do desatino. Compartilhar vivências de atendimentos, impressões e pesquisas sobre a raridade existencial da pessoa em refúgios de internação, sejam eles dentro ou fora dos muros do manicômio. Lugar onde a palavra usual encontra dificuldades para chegar e manter interseção com a epistemologia da loucura.  A singularidade desfigurada pelas intervenções da tradição mostra, antes de mais nada, a aptidão de exclusão das analíticas da correção discursiva. Ao se levar em consideração a distorção, o erro e as contradições do sujeito, reivindica-se o estudo do entorno da pessoa em crise: o contexto, família e o psiquiatra, que são coadjuvantes com poder (jurídico) para transformá-lo em paciente, ao prescrever suas drogas de lógica normal.  No saber desajustad

Visitas