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Felicidade...*

"Freud escreve, retomando uma fórmula de Goethe: que não há nada mais difícil de suportar do que uma sucessão ininterrupta de três dias lindos....Três lindos dias, que se seguem numa potência máxima de felicidade podem não deixar mais grande coisa a esperar...." (André Comte-Sponville). Quem suportaria a felicidade Em toda sua intensidade Por todos os dias? Ainda que sinta sua falta Amiga minha, alegria Causa-me esforço demasiado Repetir-te a cada dia Por todos os dias.... Quem suportaria A felicidade em toda sua potência Por dias sem fim? Deixa-me um espaço Para alguma tristeza Algum silêncio Algum recolhimento Assim lembrarei de ti, alegria Sentirei saudades E a tua falta. Amanhã ou depois Me alcançarás a mão Minh'alma te acolherá novamente Para nos alegrarmos Mais e melhor, outra vez Andando de novo Por aí.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos Delirantes*

-Cuidado com o homem cujo deus está no céu. -O castigo do mentiroso, além de ninguém acreditar nele, é não poder acreditar nos outros. -Todas as grandes verdades começaram como blasfêmias. -A virtude não consiste em nos abstermos dos vícios, mas sim de não os desejarmos. -Nenhum homem é suficientemente bom para ser o senhor de outro. -Ele nada sabe e pensa que tudo sabe. Isso aponta claramente para uma carreira política. -O homem razoável adapta-se ao mundo; o homem irrazoável obstina-se a tentar que o mundo se lhe adapte. Portanto qualquer progresso depende do homem irrazoável -Muito cuidado com o homem que não devolve uma bofetada. -Idéias são como pulgas: saltam de uns para os outros, mas não mordem todos. -A razão escraviza todas aquelas mentes que não são suficientemente fortes para a dominarem. -Não há satisfação em enforcar um homem que não faz objeção a isso. -Liberdade significa responsabilidade. É por isso que a maioria dos home

Deixar de lado dói mais que ser deixado*

Deixar ou ser deixado? O que causa mais dor? A esta altura da vida muito me confunde os tantos depoimentos somados à bagagem pessoal quando falando de amor e relacionamentos, é tocado o tema desamor. Deixar ou ser deixado? O que causa mais dor? Aparentemente, explicitamente e obviamente é claro que virou senso comum a dor do abandonado. Coitado. Foi largado! Entretanto, fazendo valer aqui a veia inquiridora, própria de uma aura especulativa e da chatice inerente do Ser Filósofa, me detenho, como não raro, na contra mão das histórias que me contam e até das que vivi, me perguntando sobre quem foi que deixou mesmo “aquela” relação. Acostumada a analisar comportamentos, mesmo antes de saber classificar isto, observava o sacrifício de uma mulher que deixava de gostar de seu parceiro e por estar atrelada a ele, presa, refém de alguma circunstância gerada por uma sua necessidade passada e alimentada por algum tempo, como que com dinheiro ou amparo psicológico ou emocio

Ser Feliz*

Ser feliz!  Ser feliz estava em mim, Senhora... Este sonho que ergui o poderia pôr onde quisesse, longe até da minha dor, em um lugar qualquer, onde a ventura mora; onde, quando o buscasse, o encontrasse a toda hora, tivesse-o em minhas mãos...   Mas, louco sonhador, eu coloquei muito alto o meu sonho de amor... Guardei-o em vosso olhar e me arrependo agora.  O homem foi sempre assim... Em sua ingenuidade teme levar consigo o próprio sonho, a esmo, e oculta-o sem saber se depois o achará...   E, quando vai buscar sua felicidade, ele, que poderia encontrá-la em si mesmo, escondeu-a tão bem, que nem sabe onde está! *Menotti Del Picchia

A palavra vertigem*

                                                          Um ser irreconhecível se desdobra na expressividade fugaz. Seu aspecto de invasor ameaça o saber encastelado, seu ritmo alucinado de vivências subjetivas re_apresenta um devir quase esquecido. Ao pensar o impensável realiza uma excursão pela partícula de infinito desconsiderada. Sua ótica de incerteza desconstrói o mundo de uma só verdade.    Os sons murmurados nas entrelinhas apresentam o instante entre um e outro. Sua lógica de estôrvo e o caráter de percepção excessiva, denuncia espaços, alarga escutas, vislumbra imaterialidades. As associações desgovernadas esboçam um contato fugaz com o absurdo. Parece recordar que a vida não é definitiva. Sua estranha dialética é ser registro de uma ausência. Como um acesso de desrazão, seu teor de expressividade não cabe numa definição. Nas possibilidades entreabertas pelo discurso novo, uma sensação de embriaguez involuntária, gestada na própria estrutura, ensai

Vida*

“Você pode unir as duas verdades contrárias e me ver tanto mais sadio quanto mais doente estou.” Edgar Morin A vida é assim, todo mundo quer, todo mundo lembra: Vida. A vida é isso, todo mundo fala mal, todo mundo quer: Vida. A vida é um troço que dá na vida de cada um, todos a desejam: Vida. A vida é tudo, tem gente que se mata para tê-la: Vida. A vida é assim, eu vi e amei de cara quando nasci: Vida A vida é perdição, a vida mais do que saber sobre a vida, esquecer: Vida A vida é uma teoria para quem sabe viver, a vida é um Teorema, uma força: Vida. A vida é o complemento da dor, a alegria do envolver, o lenço branco: Vida. A vida é um país, lá se vive e lá se morre: Vida. A vida é o sonho, velejar para bem longe, mandar notícias lá de vez em quando: Vida. A vida é a única linguagem que as línguas se compreendem, se desconhecem, amam e se matam: Vida. *Prof. Dr. Luis Antônio Paim Gomes Editor. Professor. Escritor. Porto Alegre/RS

Quarto de Pensão*

Sou pensionista da vida. Na mesma tábua em que durmo Escrevo meu trabalho E ela farfalha, embora já sem folhas, Só da lembrança de ter sido tronco. Tenho uma pia no canto, Que goteja E é meu lago, meu rio, meu Fundo mar. Tenho um rijo cabide À cabeceira Para dependurar a pele A cada noite. Me dão café com pão, e às vezes Algum vinho. Dizem que só paguei meia pensão. Há uma fome indistinta que me habita Enquanto o medo Com felpudos passos Percorre o labirinto das entranhas. Mas agradeço essas quatro paredes E que me tenham dado uma janela. Pois sei que a qualquer hora Sem possibilidade de recurso E talvez mesmo sem aviso prévio Serei intimada A devolver o quarto. *Marina Colasanti

A quem se destina o trabalho dos filósofos clínicos?

É uma pergunta frequente no meio acadêmico, nas áreas terapêuticas, na medicina – já que a Filosofia Clínica lida com a existência em sua singularidade, em sua plasticidade, em sua representatividade e subjetividade. Na prática quem nos procura ainda é a pessoa com uma queixa muito vista nas dores médicas, psicológicas, espirituais, sociais. Acontece aqui um diferencial que costuma causar estranhezas fortes ao entendimento dos critérios e mecanismos de ação adotados pela Filosofia Clínica. O filósofo compreenderá a dor da pessoa a partir da historicidade dela. Somente a partir desse procedimento, a história de vida da pessoa, como esta se estruturou ao longo de uma existência é possível encontrar os mecanismos para lidar com esta dor (seja ela emocional, física, ética, religiosa, cultural e etc.). Em Filosofia Clínica, nem sempre debelar uma dor é o melhor caminho para a pessoa. E isso quem vai nos orientar é a trajetória que percorremos com quem partilhamos os espaços da

Pensamento vem de fora*

Pensamento vem de fora e pensa que vem de dentro, pensamento que expectora o que no meu peito penso. Pensamento a mil por hora, tormento a todo momento. Por que é que eu penso agora sem o meu consentimento? Se tudo que comemora tem o seu impedimento, se tudo aquilo que chora cresce com o seu fermento; pensamento, dê o fora, saia do meu pensamento. Pensamento, vá embora, desapareça no vento. E não jogarei sementes em cima do seu cimento. *Arnaldo Antunes

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