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Atira-te ao Rio*

“Os panoramas, que anunciam uma revolução nas relações da arte com a técnica, são ao mesmo tempo expressão de um novo sentimento de vida.” Walter Benjamin Poucas músicas são como poucos olhos a ser visto na distância dos olhos. Ocultos, bem próximo da memória, minha mão acompanha o pensar, a curva do olhar dobra o velho porto abandonado.  Então, eu estava a olhar o outro lado das coisas, estava a caminho do rio, passei por bares, mistura de sons, a alegoria das cores que vinha do rio, a conversa dos olhos, o sentido da música, o fim da rua.  Estava à beira do Tejo. O fundo do rio surgia uma mesa na passagem do passado ao presente, um bar, o som perdido no vento brando das águas no ritmo contrário da cidade. As pessoas de um lado ao outro vinham ao mesmo tempo de onde estava olhar, a construção dos olhos é como um barco que aporta no velho cais.  Algo que procurei, um som que não escutava, desde um tempo não tão longe dos olhos mas longe do sentir, a memória não de

Rumo*

Somente sou quando em verso. Minhas faces mais diversas são labirintos antigos que me confundem e perdem Meu pensamento perfura muros de nada, à procura do que não fui nem serei. Ante a carne fêmea e branca meu corpo se recompõe ofertando o que não sou. Meu caminhar e meus gestos mal e apenas anunciam minha ainda permanência. Para chegar até onde não me presumo, mas sou. sigo em forma de palavra.   *Thiago de Mello

Essência e Acidentes*

Não é raro encontrar quem descredencie a filosofia como capaz de auxiliar em questões do cotidiano. Há quem postule que as “fórmulas abstratas e universais” dos livros de filosofia não resolvem problemas de cunho prático. Considerada mais uma abordagem filosófica, a filosofia clínica sofre pelos preconceitos de quem sequer se deteve por um tempo em sua análise. Diante disso, podemos levantar alguns aspectos que valem a pena serem pensados. Aristóteles e Platão, além de suas divergências, chegavam num acordo acerca do “objeto” de conhecimento: o mundo sensível é constituído pelo devir. O Estagirita apontou para um processo de abstração do sensível que, a partir da suspensão dos acidentes, tornava-se possível pensar a essência. Assim, ficou possível pensar o homem para além dos homens particulares em suas diversas diferenças. Seu mestre formulou as Ideias como instância na qual se encontravam as formas puras das coisas concretas que, por sua vez, são imagens imperfeitas da conce
"(...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto." *Érico Veríssimo

Viver im_perfeito*

Que vivamos a loucura De sermos como somos Imperfeitos! Que expressemos a loucura De não representarmos e Sermos transparentes Que brinquemos loucamente Pelo avesso, do avesso Do avesso... Pois, viver só vale a pena Na coragem de transgredir Loucamente! Boa noite! *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora. Juiz de Fora/MG

Arte Poética*

Entre tantos ofícios exerço este que não é meu, como um amo implacável obriga-me a trabalhar de dia, de noite, com dor, com amor, sob a chuva, na catástrofe, quando se abrem os braços da ternura ou da alma, quando a enfermidade afunda as mãos. A este ofício obrigam-me as dores alheias, as lágrimas, os lenços saudadores, as promessas em meio ao outono ou ao fogo, os beijos de encontro, os beijos de adeus, tudo me obriga a trabalhar com as palavras, com o sangue. Nunca fui o dono de minhas cinzas, meus versos, rostos obscuros escrevem-nos como atirar contra a morte. *Juan Gelman

Felicidade...*

"Freud escreve, retomando uma fórmula de Goethe: que não há nada mais difícil de suportar do que uma sucessão ininterrupta de três dias lindos....Três lindos dias, que se seguem numa potência máxima de felicidade podem não deixar mais grande coisa a esperar...." (André Comte-Sponville). Quem suportaria a felicidade Em toda sua intensidade Por todos os dias? Ainda que sinta sua falta Amiga minha, alegria Causa-me esforço demasiado Repetir-te a cada dia Por todos os dias.... Quem suportaria A felicidade em toda sua potência Por dias sem fim? Deixa-me um espaço Para alguma tristeza Algum silêncio Algum recolhimento Assim lembrarei de ti, alegria Sentirei saudades E a tua falta. Amanhã ou depois Me alcançarás a mão Minh'alma te acolherá novamente Para nos alegrarmos Mais e melhor, outra vez Andando de novo Por aí.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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