Pular para o conteúdo principal

Postagens

O que há para além dos portões da nossa vida ? *

Quantas vezes nos deparamos com limites, com muros que nos cercam e que não nos permitem ver para além da estrada histórica para a qual nos encaminhamos ao longo da vida? No nosso patamar existencial esse fenômeno costuma ser muito comum, o fato de não podermos ver para além da nossa trajetória, um horizonte fechado, limitado, onde o futuro se torna apenas duas ou três possibilidades, nos dando concomitantemente a impressão de um frágil controle regado à limitação. Às vezes ouvimos boas novas que parecem ser mágicas, distantes da nossa existência. Coisas como um horizonte infinito, como uma vida, vasta por onde possamos transitar e com seletividade vivenciar aquilo que verdadeiramente tem a ver conosco, deixando o restante para trás. Uma existência considerada utópica para a maioria. Para muitas pessoas o horizonte da vida é murado, é fechado, não há luz para além dele, não há nada... São cegos existenciais que somente enxergam aquilo que está ao seu limiar, sua periferia

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida." "Não há linha reta, nem nas coisas nem na linguagem. A sintaxe é o conjunto dos desvios necessários criados a cada vez para revelar a vida nas coisas." "A interioridade não pára de nos escavar a nós mesmos, de nos cindir a nós mesmos, de nos duplicar, ainda que nossa unidade permaneça." "(...) a mentira não pode ser pensada como universal, visto implicar pelo menos algumas pessoas, que nela acreditam e que não mentem ao acreditar." "Félix Guattari definiu bem, a esse respeito, uma esquizoanálise que se opõe à psicanálise: 'Os lapsos, os atos falhos, os sintomas são como pássaros que batem com o bico na janela. Não se trata de interpretá-los. Trata-se antes de detectar sua trajetória para ver se podem servir de indicadores de novos universos de referência suscetíveis de adquirirem uma consciênc

Epifania*

Epifania (é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo) Com a chegada da maturidade  e o nascimento da minha netinha, chegou também uma nova nota de amor pela vida. Tão  silenciosa quanto poderosa. Um verdadeiro reset na alma. Veio colocando os problemas no exato tamanho de sua realidade. Tudo ficou pequeno e o sentido da coisas se refaz a cada descoberta a cada espanto a cada sorriso da doce Tetê . Com ela estou vivendo doces momentos de epifania, me sentindo como a Clarice Lispector que inúmeras vezes redescobre as coisas e os acontecimentos mais simples como uma criança que se depara com algo pela primeira vez e vive o encantamento. da descoberta.                   A pequena  está  com 7 meses e a vovó está  a 4 meses sem fumar, depois de ter fumado mais de 30 anos.  Quando paro pra pensar,  tenho uma sensação estranha, afinal por muitos anos  acreditei que eu jamais conseguiria abondar este vício, mas consegui e a verdade é que sinto ter

Fragmentos filosóficos, delirantes***

"A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior." "Cada leitor procura alguma coisa no pema. E não é nada estranho que a encontre: já a tinha dentro de si." "Cada palavra ou grupo de palavras é uma metáfora. E desse modo é um instrumento mágico, ou seja, algo suscetível de tornar-se outra coisa e de transmutar aquilo em que toca." "Sim, a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa carga metafórica disposta a explodir no momento em que se toque na mola secreta, mas a força criadora da palavra reside no homem que a pronuncia." "(...) um poema só se realiza plenamente na participação: sem leitor, a obra só existe pela metade" "A palavra, em si mesma, é uma pluralidade de sentidos" "(...) toda magia que não se transcende - isto é, que não se transfo

Serenidades*

Pode sentar... Tocar seu canto. Enquanto o tempo passa, Há música no mar. Venha... Bem dentro de você Há uma serenidade infinita. Só imaginar... Que tudo acontece! Agora! É a grande magia! Bom dia! *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora da Academia Juizforana de Letras. Juiz de Fora/MG

Poema de sete faces*

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.   O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada.   O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos , raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode.   Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco.   Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.   Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. *Carlos Drummond de Andrade

As linguagens da terapia*

                                          O espaço compartilhável da clínica aprecia se constituir num acordo de singularidades. Um desses lugares onde a interseção dos personagens pode acontecer. O veículo capaz de transcrever essa objetividade fugaz é a linguagem. As palavras, ainda quando silenciadas, convidam, pela atualização discursiva, a ingressar nos inéditos cenários.    Uma pronúncia das vontades costuma elencar o mundo como representação da pessoa. As palavras escolhidas para dizer, pensar, imaginar, constituem um aprendizado fundamental a atividade clínica do Filósofo. A aventura pessoal descrita na história de vida se utiliza de códigos linguísticos próprios.  Essa página em branco, inicialmente, rascunha-se em borrões. Seu vocabulário estranho, vai fazendo sentido na sustentação dos encontros, na qualificação da relação, no aprendizado da nova língua. O movimento introspectivo compartilhado na hora-sessão, convida a reviver eventos passados pelo viés atual.

Envelhecer*

“Quando eu fico, como hoje, mexendo nesses velhos cartões-postais, percebo que de repente tudo se misturou, se confundiu.” Danilo Kiš A extensão dos meus propósitos por linhas que escrevo a vida, meu nome. É por acrescentar que faço o viver sem deixar de ler o todo do meu nome, escrevo meu tempo.  É como se eu tivesse saído do minimalismo da juventude, e nesse tempo ter aprendido a usar todo o meu corpo em nome por extenso para filosofar sobre o umbigo.  O meu nome não esquece a vida, alia o Nada ao Tudo, deixa para trás a dor e reinventa as cores. Compõe a música imaginária em todas as letras para escrever no muro o nome do nome.  Meu nome não teme o fim, rompe a linha da vida, avança para além do pequeno lugar rumo ao desconhecido.  Meu nome é um viajante que precisa soletrar para compreender sua língua amolada em nomes marcados no fio metal do tempo. *Luis Antônio Paim Gomes 

Sobre o amor*

Amor, então, também, acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima. *Paulo Leminski

Tempo pra renascer*

Vou contar-me por "estórias"... Sou ansioso, desde menino Parece que nasci atrasado Andei atrasado Falei atrasado Amei pouco e atrasado Vou morrer atrasado. Sou ansioso Agora tenho pressa Minh'alma vê mais coisas Que minha mão escreve Minha boca fala mais Que meu pensamento pensa. Minha imaginação Não copia meu pensamento Não dou carta em branco ao tempo Não assino procuração em branco para amores. Agora vou inventar "estórias" imaginárias Para fazê-las acontecer Amanhã Ou depois Ou depois... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios." "(...) como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?" "(...) ouvindo certas palavras, como a criança ouve o mar numa concha, um sonhador de palavras escuta os rumores de um mundo de sonhos." "Aliás, por que existir, já que sonhamos ?" "Ver e mostrar estão fenomenologicamente em violenta antítese." "Não é também no devaneio que o homem se mostra mais fiel a si mesmo ?" "Não saberíamos, sem os poetas, encontrar complementos diretos do nosso cogito de sonhador. Nem todos os objetos do mundo estão disponíveis para devaneios poéticos. Mas, assim que um poeta escolheu o seu objeto, o próprio objeto muda de ser. É promovido à condição de poético." "Que importam para nós, filósofo do sonho, os desmentidos do homem que reencontra, após o sonho, os objetos e os homens ? O devaneio foi u

Alimento do amor*

Em minha mão Mais que alimento Te dou amor Em minha mão Toda ternura deste amanhecer Te dou Em minha mão Toda possibilidade infinita De voar e livre ser Vá e semeie Voe longe Meu amor Pois, amor só dura Em liberdade! *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Visitas