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Espiritualidade cristã e qualidade de vida*

Quando falamos em qualidade de vida, logo nos lembramos de uma alimentação saudável, exercícios, noites de sono bem dormidas e outras centenas de métodos que visam cuidar da pessoa de um modo que possa viver mais e melhor. Mas onde entra a espiritualidade cristã dentro do contexto da qualidade de vida? Hoje, o ser humano é visto como um todo. Não somos um compartimento com gavetas diferenciadas. Tudo o que faz parte de nós compõe aquilo que somos. E a espiritualidade está presente naquilo que faz parte de nossa existência em sua totalidade. Quando descuidamos da alimentação, o nosso corpo, as nossas emoções, o nosso humor, o nosso sono, a nossa autoestima, o nosso desempenho no trabalho, as nossas motivações respondem de maneira negativa. O mesmo processo acontece quando descuidamos de nossa espiritualidade. Todo o nosso ser responde negativamente. Uma qualidade de vida saudável também exige que a espiritualidade seja cuidada. Muitos adentram em complexos processos de

Fragmentos de alma primaveril*

"Saibam, pois, que a arte é: um caminho para a liberdade. Todos nós nascemos acorrentados. Um ou outro esquece os seus grilhões, revestindo-os de prata ou de ouro. Mas nós queremos quebrá-los. Não com violência torpe e selvagem; queremos nos desvencilhar crescendo até que eles não nos caibam mais."  "A criação do artista é uma insígnia: a partir de seu íntimo ele exterioriza todas as coisas pequenas e efêmeras: seu sofrimento solitário, seus desejos vagos, seus sonhos angustiados e aquelas alegrias que perdem o viço. Aí sua alma se engrandece e torna-se festiva, e ele criou o lar digno para si mesmo." "Cada um de nós recria a mundo ao nascer, porque cada um de nós é o mundo." "(...) a busca nostálgica de si mesmos. Seus maiores arrebatamentos provinham das descobertas que faziam em seu íntimo." "Fato é que cada um cresce em direção a si mesmo." "Não podendo a arte ser nacional em seus momentos de apogeu, se

Viver e morrer*

Estaríamos nós desprezando a presença da morte? Mais uma vez ela estava presente, ou melhor, ela sempre esteve. Por mais que não a enxerguemos, está rondando o ambiente. E, quando menos esperamos, aparece num último suspiro, acompanhada sempre de algumas indagações, medos, incertezas, sofrimentos, projetos inacabados e até mesmo alívios. Quando se recebe a notícia de que se está com uma doença terminal, se pensa logo que vai morrer. E, realmente, em algum momento vamos morrer... Só que não sabemos o momento.  Quando a morte é no “outro”, acabamos de alguma forma, morrendo um pouco. Apenas presenciamos, sabendo que em algum momento esta morte será no “eu”. Ainda assim, continuamos a viver como se nunca fossemos morrer, adquirimos coisas, fazemos planos e até colecionamos objetos, sem pensar que em algum momento vamos nos desprender deles. Essa é a forma através da qual a sociedade enxerga a morte. Falar de morte ainda é um tabu. Falamos de sexo, de drogas,

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Em sua essência, a linguagem não é expressão e nem atividade do homem. A linguagem fala. O que buscamos no poema é o falar da linguagem. O que procuramos se encontra, portanto, na poética do que se diz." "Poesia nunca é propriamente apenas um modo mais elevado da linguagem cotidiana. Ao contrário. É a fala cotidiana que consiste num poema esquecido e desgastado, que quase não mais ressoa." "A poesia de um poeta está sempre impronunciada. Nenhum poema isolado e nem mesmo o conjunto de seus poemas diz tudo. Cada poema fala, no entanto, a partir da totalidade dessa única poesia, dizendo-a sempre a cada vez." "O delirante pensa e pensa mais do que qualquer um. Mas nisso ele fica sem o sentido dos outros. Ele é um outro sentido." "O desprendido é delirante porque está a caminho de outro lugar." "Deixei uma posição anterior, não por trocá-la por oura, mas porque a posição de antes era apenas um passo numa caminh

Poéticas do indizível*

                                   Uma crença muito antiga aprecia atualizar-se nesse enigmático hoje que um dia foi amanhã. Poderia ser o pretérito imperfeito de uma busca ou aquele quase nada onde tudo acontece. Atualização de um dialeto nem sempre dizível, se alimenta nas fontes inenarráveis, nos paradoxos, nas desleituras criativas. Seu visar inédito sugere desvãos ao mundo que se queria definitivo. Costuma ser abrigo do acaso na versão do avesso das coisas. Ao referir o encantamento das pequenas devoções, parece ter a vocação de traduzir esse texto interminável, por onde a vida escoa seus segredos. Realiza um esboço sobre as tentativas de decifrar por inteiro um mundo que é mistério por natureza.      A característica de ser imprevisível seria insuportável, não fora a poesia re_significada numa lógica delirante. No submundo dos outros é possível reconhecer parte do nosso, isso pode acontecer no elogio ou crítica, censura ou aplauso. Essa contradição parece fundame

Você é um Envelhescente?*

Se você tem entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue. Se você for mais novo, preste também, porque um dia vai chegar lá. E, se já passou, confira. Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro partes: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correto. Esqueceram de nos dizer que entre a maturidade e a velhice (entre os 45 e os 65), existe a ENVELHESCÊNCIA. A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade. Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não. Antes, a envelhescência. E, se você está em plena envelhescência, já notou como ela é parecida com a adolescência? Coloque os óculos e veja como este nosso estágio é maravilhoso: — Já notou que andam nascendo algumas espinhas em você? Notadamente na bunda? — Assim como os adolescentes, os envelhescentes também gostam de meninas de vinte anos. —

Tempestades*

Lembro-me. Quando aconteciam tempestades , com relâmpagos e trovões. Mamãe comentava: - É Deus riscando fósforos lá no céu - É São Pedro jogando bolão com os amigos. Naquele tempo eu acreditava... não havia nenhum mal nisso. Meu pai era um ator do cotidiano. Representava a vida em formas mais divertidas. Era engraçado. Gostava de fazer as pessoas rirem... Eu entendia ele. É que a vida é pouca para caber num dia. Pouca para caber numa semana. Pouca para caber num mês. É preciso inventar uma vida a cada dia. Hoje iludo-me pensando que entendo tudo isto melhor. Não acredito em vitórias antecipadas. Tenho dificuldade em acreditar em fatalidades do destino. Entro em briga com ele. E faço ele jogar a meu favor... Na monotonia morna de dias repetitivos, invento tempestades. E não me refugio dentro de casa. Nem acendo velas para o medo encolhido. Tampouco queimo palmas para a escuridão cega. Hoje, prefiro permanecer na tempestade. Alcanço a minha mão para os relâmpa

Motivo da rosa*

Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim.  Rosas verá, só de cinzas franzida, mortas, intactas pelo teu jardim.  Eu deixo aroma até nos meus espinhos ao longe, o vento vai falando de mim.  E por perder-me é que vão me lembrando, por desfolhar-me é que não tenho fim. *Cecília Meireles

A luz que cega!*

Há uma obra de José Saramago publicada em 1995 com tradução em várias línguas, chamada “Ensaio Sobre a Cegueira”. Esta obra tornou-se filme em 2008 pelas mãos do diretor Fernando Meirelles e também pode ser vista nos teatros. A história conta de um japonês que, por não conseguir enxergar, pede ajuda até que alguém o leva até em casa e acaba por roubar o seu carro. No dia seguinte o japonês e sua esposa vão ao oftalmologista para saber o que está acontecendo e aos poucos uma epidemia se alastra e, com exceção da mulher do oftalmologista, todos ficam cegos. Devido ao alastramento da epidemia o governo decreta quarentena e separa as pessoas cegas das outras, mas mesmo assim a epidemia continua se alastrando. Presos em uma construção, confinados a uma convivência sem a visão, os internos formam dois grupos e pouco a pouco a convivência se torna insustentável. Até que chega ao ponto em que um dos grupos, por questão de sobrevivência acaba por incendiar o lugar e fugir, mesmo às ceg

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A obra de arte é uma mensagem fundamentalmente ambígua, uma pluralidade de significados que convivem num só significante." "A ruptura de uma Ordem tradicional, que o homem ocidental acreditava imutável e identificava com a estrutura objetiva do mundo... Ora, desde que essa noção se dissolveu, através de um desenvolvimento problemático secular, na dúvida metódica, na instauração das dialéticas historicistas, nas hipóteses da indeterminação, da probabilidade estatística, dos modelos explicativos provisórios e variáveis, a arte não tem feito outra coisa senão aceitar essa situação e tentar - como é sua vocação - dar-lhe forma" "(...) as novas obras musicais, ao contrário, não consistem numa mensagem acabada e definida, numa forma univocamente organizada, mas sim numa possibilidade de várias organizações confiadas à iniciativa do intérprete, apresentando-se, portanto, não como obras concluídas, que pedem para ser revividas e compreendidas numa direção

Independência ou morte*

A moça é carinhosa, atenciosa, parceira, boa de cama e ainda assim não pede nada em troca. De verdade, eu gosto mesmo é de falar de amor. Gosto de dizer para as pessoas que me ouvem, que tudo é lindo, que o céu é infinito, que o mar é azul. Gosto de falar da sorte, gosto de mostrar o quanto a alegria faz viver e rejuvenescer. Gosto mesmo é de falar de amor. Como se amar não significasse nunca, nenhum ajuste para algum desajuste humano, quando um homem e uma mulher resolvem compartilhar a vida. Gosto mesmo é de sempre pensar, ingenuamente, que um casal pode ser feliz simplesmente. Me esqueço, de verdade, que um casal que quer amar é a soma complicada, difícil, interminável e quase infinita de um mais um. Quase me esqueço o que cada um em sua singularidade representa no mundo e como representa o mundo. E é aí que o universo aparece descolorido, realístico e impondo conceitos tão pequenos para seres que teriam tanto para serem felizes. É aí, neste mundo de inter

Receita de ano novo *

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto

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