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Antes do nome*

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apoia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror. Adélia Prado*

Fronteiras do pensar!*

O que penso? É certo? Ou será errado? O que será que penso? E porque penso? Ou melhor, será que penso? Quantas vezes penso em um dia? Penso com razão? Fico a pensar! Sofro por pensar? Penso e me lembro do que penso? E será certo pensar? Pensei hoje? Pensarei amanhã? Será que pensei ontem? Serei um falso pensante? Seria possível pensar em etapas? Início, meio e fim! Que de alguma forma: seria o ontem, o hoje e o amanhã! Indiferente do que pensar só você manda nos seus pensamentos e mais ninguém! E acima de tudo! Você pensa o quê! Quando! E o quanto quiser pensar! *Marcelo Ávila Franco Psicólogo. Especialista em Educação. Estudante na Casa da Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Receita de ano novo *

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto

Te convido*

À ouvir as ondas, Ouvir seu coração, ouvir o meu, ouvir o que o vento nos diz. Te convido: Aquietar os pensamentos, perceber o aqui e agora, respirar profundamente, depois suavemente. Te convido: sentir-se vivo, perceber-se como integrante desta cena, como natureza que és. Apenas, te convido... *Adriana Miranda Filósofa. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Seiscentos e Sessenta e Seis*

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª-feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio seguia sempre, sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. *Mário Quintana

A palavra inesperada*

                                                      Uma suspeita de imensidão aprecia os deslizes da palavra refugiada na palavra. Ponto de fuga em subterfúgios de especulação, ao exibir renúncias de ser previsível, amplia o mundo das possibilidades.      A admissão compreensiva desses desvãos se oferece no acolhimento de um talvez. Uma de suas características é o descompromisso em sustentar verdades a qualquer preço. Seu estado de espírito sobressaltado qualifica deslocamentos pela arquitetura subjetiva de um mundo fatiado. Aqui o vislumbre repentino das pequenas coisas permite o acesso às zonas de exclusão.    Por esses episódios a perder de vista, um teor extemporâneo pode desconstruir as fronteiras conhecidas. Seu saber ameaça os fundamentos conhecidos daquilo que se tinha definitivo. Nesse viés de aparência deslocada anuncia novos horizontes, esparrama indícios de originalidade para se fazer ciência.  O discurso imprevisível onde ela se esboça, procura inseri-la

Philip Roth no cartório*

          Algumas palavras, difíceis palavras, do escritor americano Philip Roth, que li em  um post de Guilherme Freitas no "Prosa On Line", não cessam de me incomodar. Elas foram transcritas de uma entrevista que o escritor concedeu à revista francesa "Les  Inrockuptibles", em outubro passado, quando anunciou o fim de sua carreira literária. Diz Roth, de 79 anos: "Escrever é estar sempre errado. Todos os nossos rabiscos contam a  história de nossos fracassos".           Sábias, preciosas palavras para um mundo em que não apenas muitos escritores, mas intelectuais, políticos, gurus, doutores, cientistas, especialistas de todas as  áreas, agitam enfaticamente suas verdades. Não é qualquer um que consegue, como Roth, admitir (aceitar) a insuficiência dos próprios pensamentos. Não é qualquer um que sustenta, com coragem, os próprios (e estreitos) limites. No entanto, as duras palavras de Roth, ao delimitarem a potência humana, tornam a vida mais ace

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