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Só de Sacanagem*

Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela ainda que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres do que eu, e para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira de maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, meus avós e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, “Olha, esse apontador não é seu, minha filhinha”. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e

Ser o que se é*

Em liberdade escolho... assumo e respondo experimentando com coragem. Pensem o que quiserem de mim e do mundo. quem é livre, liberta. Na escolha há perdas, nas perdas aprendizagens. Ser o que se é, na contínua construção, nos tira da condição de escravos. O ontem habita o agora no fazer o amanhã. Somos o que pensamos somos nossas ações. *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Não sei quantas almas tenho*

Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: “Fui eu?” Deus sabe, porque o escreveu. *Fernando Pessoas

O segredo*

“A um ele confia uma coisa e confia outra coisa a outro, certificando-se de que eles jamais irão comunicar-se entre si.” Elias Canetti Vivemos num mundo onde o segredo deixou de existir, em que tudo o que é pensado, antecipadamente, já é sabido. O segredo é o lugar em que o indivíduo se submete à verdade daquele que sabe calar. Nas ditaduras o segredo é a vitalidade dos que sabem mandar, e principalmente dos que temem por algo que foge do seu controle. As massas alardeiam, o poder consente o seu silêncio em fúria. O poder mata o Outro com seu segredo, a massa divulga e joga o corpo aos leões. Todo segredo pode ser para o Bem e para o Mal. O calar dos que recebem ordens é fruto do bom entendimento entre o que sabe mandar e o que sabe seguir as regras de forma ordeira. Esse fantasma jamais deixou de existir. As ditaduras de Direita e de Esquerda são o espelho dos que entendem o calar. Canetti demonstrou que o mais profundo dos segredos “é o que se desenvolve no interior do

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) o que descobrimos no transcorrer de uma vida criativa é uma série infinita de rupturas provisórias. Nessa viagem não há ponto de chegada, porque é uma jornada para dentro da alma." "O processo criativo é um caminho espiritual. E essa aventura fala de nós, de nosso ser mais profundo, do criador que existe em cada um de nós, da originalidade, que não significa o que todos nós sabemos, mas que é plena e originalmente nós." "Essa misteriosa entrega, a criativa surpresa que nos liberta e nos abre para o mundo, permite que algo brote espontaneamente. Se formos transparentes, se nada tivermos a esconder, o abismo entre a linguagem e o Ser desaparece. Então a Musa pode se manifestar." "Ao se entregar às formas arquetípicas latentes na pedra, Michelangelo não produziu estátuas, mas libertou-as. Ele seguiu conscientemente a ideia platônica de que o aprendizado é na verdade memória." "Sem divertimento, o aprendizado e a evoluç

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