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Beija Flor***

Nem sei se posso dizer isto. Há no ar uma interrogação. Faz-se no ar silêncio. No entre, uma pausa. Desamor pulula no egoísmo. Vaidades tomam o poder. Comparações criam complexos. Julgamentos são revólveres de projeções. Críticas se tornam jogos de saber/poder. Fofocas exaltam a inveja dos impotentes. Ressentimento alimentam mágoas. E, os ventos sopram... Os raios rasgam horizontes. Outono queima as matas. Num ato intenso de amor, Chega o Beija-flor. Em seu bico uma gota de amor. Treme beijando o orvalho. Seduz encantando e despertando. Analisa e se desfaz em graça. O mínimo se torna mais. Como mágica acende a lua. Distribui amor sem nada esperar. Entrega-se às flores e goza Na dança de SerAmor! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG ** do livro: Ser Amor que está no prelo

Valéry angustiado*

Leio em "Monsieur Teste", livro do genial Paul Valéry relançado, em edição ampliada, no ano de 1946, um ano após a morte do escritor: "Enfastiado de ter razão, de fazer o que tem sucesso, da eficiência dos procedimentos, tentar outra coisa". Na metade do século passado, Valéry ataca, assim, alguns dos valores mais divinizados em nosso século 21: o império da razão, a necessidade do sucesso a qualquer preço, o endeusamento da eficiência e do desempenho. A idolatria da vitória. Não vacila: diz. Não se poupa: expõe-se. Foi também um crítico de grande coragem intelectual. Em "Monsieur Teste", um dos livros mais importantes de Valéry (1871-1945), o filósofo se dedica a pensar o pensamento. Seu objeto não é o mundo, não está interessado em refletir a respeito das coisas a seu redor. Interessa-se, apenas, por sua própria maneira de pensar. Na edição ampliada que tenho nas mãos, estão incluídos fragmentos e anotações que Valéry pretendia acrescentar a seu

Jardim dos Amores*

A rosa há muito se desentendeu com a margarida, que sonhava com o amor do girassol que olhos tinha somente para o sol, e abandonou a acácia que de triste ficou só, mas um dia decidiu recomeçar e foi em busca do cravo, que sem nenhuma cerimônia disse estar comprometido com a tulipa. O gerânio ouviu a conversa e contou para a hortênsia, que apaixonada pelo cravo chorou noites e dias sem fim. Vendo as lágrimas da hortênsia a açucena foi consolar, que de nada conseguiu ajudar. Desesperada de tantos conselhos ouvir, foi em busca dos aromas da alfazema, que naquele dia estava em viagem, pois fora encontrar-se com a tulipa, que nos braços do cravo prometia juras de amor. Mas seu ardor mesmo em meio as juras de amor ainda germinava secretamente na esperança de um dia encontrar com a margarida, que abandonada foi pelo girassol. *Pe. Flávio Sobreiro Filósofo. Teólogo. Poeta. Estudante de Filosofia Clínica Cambuí/MG

Sonhos de singularidade*

Sonhei que havia um rio chorando em mim e nesse sonho, escolhi seguir o seu curso navegando no desconhecido rumo ao autoconhecimento da minha própria jornada. E foi assim até desaguar num mar de emoções e sensações profundas demais. E quando cheguei lá tive que continuar porque o mar não bastou em mim.  E prosseguindo cheguei no oceano que margeava o meu próprio continente chamado pessoa e lá, dentro de um instante estavam todos os outros, sim; percebi ali todos os continentes do mundo.  Ora, o mar não era meu, nem o oceano também; eu apenas os compartilhava doando tudo do melhor de mim. É incrível perceber o quão podemos ser plenos e unidos respeitando as singularidades de cada um que sempre são riquezas necessárias para a soma de qualquer totalidade que nos contempla e completa.  Mas o rio que outrora acreditei chorar em mim, na verdade, sempre verteu sorrisos convidando-me para navegar em seu curso afora. Ora pois, é quando o rio sorri que ele supera qualquer seca

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) não se trata de maneiras diferentes pelas quais algo real em si se revela ao espírito, e sim de caminhos que o espírito segue em direção à sua objetivação, isto é, à sua auto-revelação." "(...) o processo da formação da linguagem mostra como, para nós, o caos das impressões imediatas somente passa a se aclarar e articular no momento em que lhe 'damos nome', permeando-o, assim, com a função do pensamento linguístico e a expressão linguística." "Não apenas a ciência, mas também a linguagem, o mito, a arte e a religião caracterizam-se pelo fato de nos fornecerem os materiais com os quais se constrói, para nós, o mundo do 'real' e do espiritual, o mundo do Eu." "(...) o conteúdo que designamos como o 'agora' nada mais é do que a fronteira eternamente fluida que separa o passado do futuro." "(...) Somente assim se obtém uma solução crítica geral para a questão proposta por Kant, que buscava entend

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