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Fragmentos Filosóficos, Literários, Delirantes*

"(...) a escritura começa onde a fala se torna impossível (...)" "Há no amor por um país estrangeiro uma espécie de racismo às avessas: encantamo-nos com a diferença, aborrecemo-nos com o Mesmo, exaltamos o Outro." "Certas linguagens são como o champanha: desenvolvem uma significação posterior à sua primeira escuta, e é nesse recuo do sentido que nasce a literatura." "Um livro vem lembrar-nos de que (...) existe um prazer da linguagem, de mesmo estofo, da mesma seda que o prazer erótico, e de que esse prazer da linguagem é a sua verdade. (...)" "Repetir o exercício (ler várias vezes o texto) é liberar pouco a pouco os seus 'suplementos'" "Ora, os desvios (com relação a um código, a uma gramática, a uma norma) são sempre manifestações de escritura: onde se transgride a norma, aparece a escritura como excesso, já que assume uma linguagem que não estava prevista." "(...) Já a escritura, es

A poesia e o amor*

Só conhecemos quando temos coragem de superar as superfícies, as ilusões. Conhecimento não se conquista se ficarmos apenas nas margens ou nos lugares confortáveis e seguros. É preciso o risco do mergulho profundo e em nós mesmos para descobrirmos caminhos de superação de apegos, de angústias e de dores produto da nossa própria ignorância. É preciso mergulhar fundo em tudo que devemos aprender para concretizar sonhos sejam eles ordinários por serem comuns, sejam eles extraordinários por serem únicos. E, ainda, concomitante, é preciso sentir para escolher o que realmente faz sentido, uma vez que assim poderemos inspirar um mundo melhor naqueles que tocamos. Porventura, onde houver poesia haverá amor e, se somos mesmo continentes chamados pessoas é porque somos sim banhados por oceanos profundos que nos unem e nos fortalecem, transbordando-nos todos em um e um em todos. E somente vencendo a superfície que poderemos conhecer e nos surpreender, por exemplo, pelo fato de que d

Via Láctea*

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A Via Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo? E eu vos direi: Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas. *Olavo Bilac

O sonho das palavras*

                                    Um enredo malabarista se insinua em rasuras de quase traço. O sonhar das palavras rascunha vontades, antecipa delirando aquilo desconsiderado pela razão conhecida. Seus apontamentos de estética maldita dizem mais do que consegue traduzir. Não-ser acontecendo nalgum ponto entre realidade e ficção.  Essa sensação do fenômeno ter alguma sobrevida nos termos agendados no intelecto, possui rasgos de transcendência inevitável. Parece reverenciar o lugar instante onde a exceção, o acaso, se desdobram no agora continuado.    É possível ao verso irreal conter mensagens ilegíveis. Sua referência ao texto repleto de incompletudes parece querer dizer, ao leitor atento, sobre as alternativas de reescrever-se com sua leitura. Como se fora um rascunho a silenciar sobre a linguagem da natureza da linguagem. Desvendar aspectos de renúncia em se descrever por inteiro, registrar aparecimentos, desaparecimentos diante do mesmo com vestígios do outro.

Poetando com o Mário*

Emergência* Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que estás numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por isso é que os poemas têm ritmo — para que possas profundamente respirar. Quem faz um poema salva um afogado. Poeminha do Contra* Todos esses que aí estão Atravancando meu caminho, Eles passarão… Eu passarinho! Relógio* O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família. *Mário Quintana

AmarAmando...*

AmarAmando Sem tons de cinzas Em tons roseosazuis No mar na floresta Em sons e tonsutis AmarAmando No céu da imaginação Tecendo aracnídeas redes Fisgando sonhos Em contos de estrelas AmarAmando No tempo presente Rasgando o peito Entregando a alma Oferencendo a Afrodite AmarAmando No compasso dionisíaco Dançando com pés descalços No rodopio do vento AmarAmando No mandala rodando o tempo Encontrando o centro no todo De mim de você de nós SendoAmor em verso múltiplo. AmarAmando Apenas sino no hino No beijo no gozo no corpo Na vida delicadamente fluindo *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Poeta. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Literários, Delirantes*

"(...) não há saídas a escolher. Uma saída é algo que se inventa. E cada um inventando sua própria saída, inventa-se a si mesmo. O homem é para ser inventado a cada dia." "O poeta está fora da linguagem, vê as palavras do avesso, como se não pertencesse à condição humana, e, ao dirigir-se aos homens, logo encontrasse a palavra como uma barreira." "Assim  como a física submete aos matemáticos novos problemas, que os obrigam a produzir uma simbologia nova, assim também as exigências sempre novas do social ou da metafísica obrigam o artista a descobrir uma nova língua e novas técnicas." "(...) a cada um de nossos atos, o mundo nos revela uma face nova." "É o esforço conjugado do autor com o leitor que fará surgir esse objeto concreto e imaginário que é a obra do espírito." "(...) a leitura é criação dirigida. (...) por um lado o objeto literário não tem outra substância a não ser a subjetividade do leitor (...)

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