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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) a consciência é um ser para o qual, em seu próprio ser, está em questão o seu ser enquanto este ser implica outro ser que não si mesmo." "A consciência é consciência de alguma coisa: significa que a transcendência é estrutura constitutiva da consciência, quer dizer, a consciência nasce tendo por objeto um ser que ela não é." "(...) como a consciência não é possível antes de ser, posto que seu ser é fonte e condição de toda possibilidade, é sua existência que implica sua essência." "Portanto, eis aqui o nada sitiando o ser por todo lado; eis que o nada se apresenta como aquilo pelo qual o mundo ganha seus contornos de mundo." "(...) não há um só gosto, um só tique, um único gesto humano que não seja revelador." "(...) o trabalho essencial é uma hermenêutica, ou seja, uma decifração, uma determinação e uma conceituação." "O ser é uma aventura individual." "O gênio de Proust

Empatia...*

Se não sou de ninguém Nem ninguém é meu Porque dói na gente A dor que o outro sente? A, se a vida não fosse Uma máquina de jogo Que não triturasse gente Que não moesse gente E que não doesse tanto Na gente. Corpo fechado, alma aberta Um capacete a prova de balas Uma armadura contra a amargura Amor mole em pedra dura Tanto bate até que fura Tanto bate até que cura. *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Cotidiano*

“Assim, o olhar encontra naquilo que o torna possível o poder que o neutraliza...” Maurice Blanchot   Imagem das palavras, Na simetria os olhos, Correr à tela. A lente, milímetro fátuo escorre, no muro poema pichado. O caminhar do texto. A representação, tempo suficiente para a cisão, embate do corpo arranha. O dizer extenso do pensamento, O cérebro guarda, cria além do que vê.   *Prof. Dr. Luis Antônio Paim Gomes Filósofo. Jornalista. Editor. Escritor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

O Infinito*

A mim sempre foi cara esta colina deserta e a sebe que de tantos lados exclui o olhar do último horizonte. Mas sentado e mirando, intermináveis espaços longe dela e sobre-humanos silêncios, e quietude a mais profunda, eu no pensar me finjo; onde por pouco não se apavora o coração. E o vento ouço nas plantas como rufla, e aquêle infinito silêncio a esta voz vou comparando: e me recordo o eterno, e as mortas estações, e está presente e vivo, o seu rumor. É assim que nesta imensidade afogo o pensamento: e o meu naufrágio é doce neste mar. *Giácomo Leopardi

Fragmentos Filosóficos, Poéticos, Delirantes*

"A matriz aberta desses poemas permitia vários percursos de leitura, na vertical ou na horizontal, isolando e destacando blocos, ou já os integrando, alternativamente, com outras partes componentes da peça, através de relações de semelhança ou proximidade." "Os críticos, boa parte deles, responsáveis por essa petrificação mental, praticam uma hermenêutica de cemitério, precavendo-se cautelosamente para que nenhum oxigênio de vida, nenhuma dissonância de invenção, perturbe o ar ázimo e a paz de nafta de seus columbários cumpridamente etiquetados, classificados e inanizados, que são as obras de arte 'reconhecidas': para eles, o presente artístico só conta na medida em que possa ser, rapidamente, mumificado em passado." "A língua é apenas um dos sistemas de signos e a linguística tão-somente uma das províncias da semiótica. Esta é a colocação que nos parece mais fecunda e aberta. Realmente, a adoção da linguagem verbal como padrão absoluto e t

Uma poética do agora*

sou vagabundo de coração cheio tenho amor de sobra para te dar entristeço com tanto poder e egoísmo para que tanto orgulho e vaidade? onde te levará este preconceito? pare e ame, não haverá depois! Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora. Poetisa. Juiz de Fora/MG

Poema de Sete Faces*

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. *Carlos Drummond de Andrade

Aspectos das memórias Substituindo lembranças ?*

“A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito”. (Machado de Assis. 1994) Em um contexto clínico, isto que Machado de Assis nos coloca não passa de um grande chavão. Representa frases prontas como “para ter um novo amor é necessário esquecer o antigo”. Mas será que é assim que as coisas se passam? E o contrário também se aplicaria? Será que para esquecer algo traumático ou doloroso é necessário instaurarmos algo novo em seu lugar? A historicidade de algumas pessoas nos mostra que a sua Estrutura de Pensamento funciona por fatores substitutivos. Por exemplo, alguns colocam “eu só consegui esquecer o meu antigo emprego quando eu comecei a trabalhar novamente”. E claro, não é uma frase isolada, ela aparece em vários contextos, de várias maneiras, e quando esse “fator substitutivo” fica atestado e é funcional, eis que temos um recurso clínico para a vida daquela pessoa. Chamamos em Filosofia Clínica estes recursos de “submodos

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não é à crítica que me quero referir, porque ninguém pode esperar ser compreendido antes que os outros aprendam a língua em que fala. Repontar com isso seria, além de absurdo, indício de um grave desconhecimento da história literária, onde os gênios inovadores foram sempre, quando não tratados como doidos (como Verlaine, e Mallarmé), tratados como parvos (como Wordsworth, Keats e Rossetti) ou como, além de parvos, inimigos da pátria, da religião e da moralidade, como aconteceu a Antero de Quental, sobretudo nos significativos panfletos de José Feliciano de Castilho, que, aliás, não era nenhum idiota."  "O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no conhecimento do erro. Quando um doido sabe que está doido, já não está doido. Estamos perto de acordar, disse Novalis, quando sonhamos que sonhamos." "Se é este, porém, o efeito do ideal puramente objetivo nas almas inferiores, nos espíritos superiores, que são os suscetíveis de cri

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