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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) esse projeto de uma obra de arte, que faz da categoria do provisório a sua própria categoria da criação, pondo em questão, constantemente, a ideia mesma de obra conclusa, instalando o transitório onde, segundo uma perspectiva clássica, vigeria a imutabilidade perfeita e paradigmal dos objetos eternos (...)." "O espectador influi sobre a formação, isto é, sobre a transformação do quadro e, assim, se converte em seu co-autor (...) O diálogo entre o quadro e o espectador renova-se continuamente, com a constante criação." "(...) a palavra é o resultado acústico do pensamento" "O que caracteriza a função poética é, assim, um uso inovador, imprevisto, inusitado das possibilidades do código da língua." "(...) justamente esse desvio da norma, que rompia as expectativas do leitor, explicava o processo da arte, que é um processo de desautomatização (o uso normal do código automatiza as reações) mediante um recurso de singul

A Verdade não me seduz*

A Verdade anda longe das possibilidades da Aventura e da Liberdade. Aventura para em um ponto onde a linguagem possa ser alcançada e sem que depois nos arrependamos do que pensar nos possíveis estragos. A aventura das palavras e das frases, aquilo que Paul Ricoeur nos mostra, “ela faz surgir, no próprio cerne da semântica da palavra, uma incerteza, uma inquietação, um espaço de jogo, a favor do qual se torna de novo possível lançar uma ponte entre a semântica da frase e a semântica de palavra”. Uma interação entre a aventura e o que se escreve sobre o que se pensa e dizemos. Retomo todos os dias, pelas manhãs preferencialmente, temas que considero pertinente à compreensão do cotidiano. Um deles é sobre o postulado da palavra Verdade nesta compreensão. Não há juízo nenhum que me faça a crer que a Ciências Humanas se vale dela para poder melhor chegar a conclusivas sem que o fim possa ser surpreendente. Mais uma vez, isso, escrito apenas em 1977 por Barthes, no livro “Leçon”

Póeticas*

A poesia acontece e cria outros mundos possíveis tão somente para iluminar o íntimo de quem a percebe e, na espera, acolhe e se conecta a ela. A poesia acontece porque transborda ao desapegar-se das margens do lugar de sua origem ou, ainda, do lugar ao qual outrora se comportou. A poesia acontece quando se percebe que é a superfície que sufoca, sobretudo, quando a dimensão é afetiva e existencial. A poesia sempre acontece na gratidão, na esperança, na compaixão; ela transforma qualquer momento em amor. Afinal, a poesia acontece e seguirá acontecendo enquanto vida houver. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes Filósofo. Educador. Filósofo Clínico Porto Alegre/RS

A palavra mágica*

Certa palavra dorme na sombra de um livro raro. Como desencantá-la? É a senha da vida a senha do mundo. Vou procurá-la. Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. Se tarda o encontro, se não a encontro, não desanimo, procuro sempre. Procuro sempre, e minha procura ficará sendo minha palavra. *Carlos Drummond de Andrade

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) o argumento de cada narrativa é também um testemunho de estranhamento, quando não uma provocação tendente a suscitá-lo no leitor." "Muito do que tenho escrito ordena-se sob o signo da excentricidade, posto que entre viver e escrever nunca admiti uma clara diferença; (...)" "(...) como escrevo de um interstício, estou sempre convidando que outros procurem os seus e olhem por eles o jardim onde as árvores têm frutos que são, por certo, pedras preciosas." "E, contudo, os contos de Katherine Mansfield, de Tchecov, são significativos, alguma coisa estala neles enquanto os lemos, propondo-nos uma espécie de ruptura do cotidiano que vai muito além do argumento."" "A consequência inevitável de todo orgulho e de todo egotismo é a incapacidade de compreender o humano, de se aproximar dos outros, de medir a dimensão alheia." "Imaginemos Edgar Poe num dia qualquer de 1843. Sentou-se para escrever numa das m

Onde pousam as borboletas*

Um perigo ronda O campo e a cidade Um homem e uma mulher Foram vistos fazendo amor Num campo florido Tomando banho numa cachoeira Num amor Que já não existe mais Estão desaparecidos Desde então... Um terrível perigo Paira no ar A civilização ocidental Corre um perigo iminente Localizem este homem e esta mulher Mortos, de preferência Capturem este casal fugidio Antes que seja tarde. Ronda um terrível perigo No campo e na cidade O governador decretou Toque de recolher O prefeito decretou Estado de sítio O FBI e a CIA Foram acionados Helicópteros sobrevoam a região Localizem este homem e esta mulher Antes que seja tarde. Todos a postos Capturem este casal atrevido Não procurem em Shopping Centers Muito menos em palácios Nem tampouco em igrejas frias Menos ainda em casa de políticos Procurem nas vielas e nos becos Ou nos bosques esquecidos Atentem ao cheiro de corpos e da pele Vejam onde as borboletas pousam

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O 'poético' é exatamente a capacidade simbólica de uma forma; esta capacidade só tem valor se permite à forma 'partir' para um grande número de direções e manifestar, assim, potencialmente, o infinito caminho do símbolo, de que nunca se pode fazer um significado último e que é, em suma, sempre o significante de um outro significante (...)." "(...) o sentido depende do nível em que o leitor se coloca." "(...) sobre o papel - e devido ao papel - o tempo está em perpétua incerteza." "Mudar o nível de percepção: trata-se de um choque que abala o mundo classificado, o mundo nomeado (o mundo reconhecido) e, por conseguinte, libera uma verdadeira energia alucinatória." "(...) a metáfora é a única maneira de nomear o inominável (transforma-se, então, em catacrese): a cadeia de nomes substitui o nome que falta." "Ora, é mais ou menos o que ocorre na cura analítica: a própria ideia de 'cura',

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