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Papéis Existenciais*

Fiz mímicas Fiz-me de ator Personagem de mim mesmo Representei o teatro Da minha vida Para que você entendesse. Mas, outra vez, você riu Você riu, uma vez mais Ah!!! porque você riu? Espere um pouquinho mais Não te contaram ainda Que você não deveria rir? Ah!!! porque você riu, assim? Quem deveria rir era eu... Não rio por pouco. Então chorei Tava no "script", assim Promete para mim, vai Rirmos juntos, só no final? Ainda não te contaram Que não deverias rir? Ah!!! Não te contaram ainda O que você não pode fazer Para me deixar triste? O que te faz rir Por vezes me faz chorar.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Filósofo Clínico da Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Os Poemas*

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti… *Mário Quintana

O menino que carregava água na peneira*

Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tar

Conjugações existenciais*

Existe um lugar onde é possível reinventar-se em vida. Nesse refúgio intersubjetivo é crível desfazer e refazer as coisas, segredar vontades, qualificar ensaios existenciais, traduzir sonhos. Num contexto de significação flutuante, se ampliam horizontes numa arte do encontro.   Em um espaço de acolhimento, cultivo, reciprocidade, as narrativas compartilhadas sugerem uma hermenêutica do estar junto. Atiça expressividades na integração das incompletudes. Em busca de fluência discursiva, ao instituir um novo território, aponta originais no ângulo fugaz do instante.   Algo mais acontece quando duas ou mais pessoas se encontram. Seu teor de abrigo é um farol na solidão dos exílios. Sua matéria-prima é a afinidade das palavras, por onde um extraordinário encontro se realiza. Com essa integração provisória da malha intelectiva, se institui um chão para se ousar o não pensado, cogitado, tentado.  Nessa reunião de vontades, acessada numa determinada sintonia, é possível transce

A imagem na tela*

“O novo automatismo de nada serve por si só se não estiver ao serviço de uma poderosa vontade de arte, obscura, condensada, que aspira a desdobrar-se em movimentos involuntários que contudo não a constranjam.” Gilles Deleuze (A imagem-Tempo, Cinema 2) Sou do tipo que utiliza computador de mesa, um ser quase em extinção disse um dia desse uma voz cifrada do outro lado do écran. Agora o que mais se fala é da autonomia do cérebro, pensa em algo, lá está, o significado é o algoritmo da informação; os olhos, a câmara que move na linguagem cifrada. Para Deleuze, a informação aproveita-se de sua ineficácia para alicerçar seu poder. O poder impotente. O uso da linguagem cada vez mais é dependente das criptografias nulas, do constructo das linguagens a nudez vira um afronto. Era tudo que eu queria, a nudez viver ao lado do que cobre sobre a pele como uso livre da linguagem do corpo aos olhos do mundo laico. Tudo é uma questão de adaptação ou tudo é uma questão de tempo para n

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