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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Escrever implica calar-se, escrever é, de certo modo, fazer-se 'silencioso como um morto', tornar-se o homem a quem se recusa a última réplica, escrever é oferecer, desde o primeiro momento, essa última réplica ao outro" "Escreve-se talvez menos para materializar uma ideia do que para esgotar uma tarefa que traz em si sua própria felicidade" "(...) atividade estruturalista: a criação ou a reflexão não são aqui 'impressão' original do mundo, mas fabricação verdadeira de um mundo que se assemelha ao primeiro, não para copiá-lo mas para o tornar inteligível" "(...) a literatura é pelo contrário a própria consciência do irreal da linguagem: a literatura mais 'verdadeira' é aquela que se sabe a mais irreal, na medida em que ela se sabe essencialmente linguagem, é aquela procura de um estado intermediário entre as coisas e as palavras (...)" "(...) a linguagem não é aqui violação de um abismo, mas espr

Um amor pra renascer*

A morte do amor não existe Sinta-me Aqui estou, ainda Neste abraço Abraço de cristal Fantasmas não existem Ajuda-me a viver Um amor que não terminou Mesmo que já não estejas... estás Não sabíamos o que tínhamos Até que nos perdemos Não vivemos em vida O amor que deveríamos viver.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Aprender a sentir*

Um dia percebemos e aprendemos a captar essa linguagem que se forjou através da comoção de impulsos de pulsos de amor que pouco a pouco, passo a passo, persistiram demais e ainda persistem materializando fonemas que se somam até compor glórias de sensações que passam a fazer sentido pela descoberta. E esse fenômeno está sempre em construção, sempre inacabado e por alguma razão transcende qualquer razão. Essa linguagem nos toca nos conecta um a um, pouco a pouco na direção de singularidades fundamentais e infinitas. De algum modo, há um propósito ordinário por ser comum, mas também, extraordinário por depender de cada um de nós a partir do nosso próprio jeito de criar e de mudar as coisas ungidos pela vontade de saber e fazer. Podemos tanto mesmo quando permeados pelas sombras que tentam nos fazer esquecer, sobretudo, de nós mesmos. E ainda que incompreensões persistam quando limitadas apenas aos muros da razão, saberes como a historiografia dita oficial, a sociologia d

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta. A consciência de maravilhamento diante desse mundo criado pelo poeta abre-se com toda ingenuidade" "(...) O sonhador escuta já os sons da palavra escrita. Um autor, não lembro quem, dizia que o bico da pena era um órgão do cérebro" "Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios" "(...) como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?" "O cientista continua. O alquimista recomeça. Assim, referências objetivas a purificações da matéria nada nos podem ensinar a respeito dos devaneios de pureza que dão ao alquimista a paciência de recomeçar" "(...) o devaneio, transportando o sonhador para outro mundo, faz do sonhador alguém diferente dele mesmo (...)" "Ver e mostrar estão fenomenologicamente em viole

Trem do tempo*

“Pois os pensamentos são uma coisa estranha. Muitas vezes não passam de acasos que desaparecem sem deixar rastros; os pensamentos têm épocas de viver e épocas de morrer.” Robert Musil – O jovem Törless Não tenho nada a dizer, o dito pelo dito é entediante, Melhor ler do que dizer, melhor sentir do que falar, Tenho muito a viver, o tempo chega ao fim. Tenho algo a fazer, construir um mundo de imagens, Tenho muito a colher, a vida foi longa, A colheita é breve, a dor só existe na seca. Choramos para nos alegrar, cantamos para acordar a noite. A palavra escrita é o alimento, a voz é o vaguear no tempo, O fim é o início de outras escritas, de vozes que não temem o fim. Os dias perdem forças no tempo chega ao fim. Deixo a negação para o momento do tempo que se perde, Tenho tudo a ler, livros perdem o tempo único. A leitura dos lábios é o signo que o rio perde no fim. Um dia escrevo tudo, outro dia falo muito, a angústia me resgata no fim da linha. A vida é

Reinvenção*

A vida só é possível reinventada. Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas... Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo... — mais nada. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço... Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva. Só — na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. *Cecília Meireles

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