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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Aquilo que choca o filósofo virtuoso, deleita o poeta camaleônico. Não causa dano, por sua complacência, no lado sombrio da coisas, nem por seu gosto, no lado luminoso, já que ambos terminam em especulação" "Um poeta é o menos poético de tudo o que existe, porque lhe falta identidade; continuamente está indo para - e preenchendo - algum outro corpo" "(...) é o homem esse animal que quer permanecer, o artista busca permanência transferindo-se para sua obra, fazendo-se sua própria obra, e atinge-a na medida em que se torna obra" "Se o poeta é sempre 'algum outro', sua poesia tende a ser igualmente 'a partir de outra coisa', a encerrar visões multiformes da realidade na recriação singularíssima da palavra" "Os poetas se compreendem de poema a poema melhor do que em seus encontros pessoais" "Com Antonin Artaud calou na França uma palavra dilacerada que só esteve pela metade do lado dos vivos en

Um dia em Barthes*

“Sem dúvida numa época de minha vida, atravessei uma fase que chamei de fantasia científica.” Roland Barthes Barthes sugere-me “trapacear” para podermos ouvir a língua fora do Poder, mas isso é o que procuro no dia a dia, ou seja, ter as condições ideais de jogar com a linguagem. Ter as possibilidades de controlar aquilo que não podemos jamais atar, a produção individual e os sentidos. O resto é domínio. Mas aqui não estou mais nessa arqueologia. Saber quem domina quem é de menos na reflexão desta manhã, mas de saber o que foi feito dos domínios da razão. Em minha observância teórica e de suas aplicações, percebi que há indícios de um domínio desenfreado pelo culto da ciência, e que outras tentativas de domínio, seja pela espetacularização dos acontecimentos, seja pelas novas mitificações de sentidos vai longe, longe demais. Ainda bem. Como já dizia Cioran, “os caminhos da crueldade são diversos”, preciso de um pouco de complexidade para arejar as ideias. Ainda ontem

O leitor*

Quem pode conhecer esse que o rosto mergulha de si mesmo em outras vidas, que só o folhear das páginas corridas alguma vez atalha a contragosto ? A própria mãe já não veria o seu filho nesse diverso ele que agora, servo da sombra, lê. Presos à hora, como sabermos quanto se perdeu antes que ele soerga o olhar pesado de tudo o que no livro se contém, com olhos, que, doando, contravém o mundo já completo e acabado: como crianças que brincam sozinhas e súbito descobrem algo a esmo; mas o rosto, refeito em suas linhas, nunca mais será o mesmo.   *Rainer Maria Rilke

Des-presença*

Não ser e ser muitos eus Leveza sem forma A cada agora um fio de estrelas Lua sobre o lago Serenidade oceânica Num tempo fluido Caminhante peregrina Dissolvida na névoa da vastidão *Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

" (...) a rua tem alma!" "A rua continua matando substantivos, transformando a significação dos termos, impondo aos dicionários as palavras que inventa, criando o calão que é o patrimônio clássico dos léxicons futuros" "Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes - a arte de flanar" "(...) ruas melancólicas, da tristeza dos poetas; ruas de prazer suspeito próximas do centro urbano e como que dele muito afastadas; ruas de paixão romântica, que pedem virgens loiras e luar" "Qual de vós já passou a noite em claro ouvindo o segredo de cada rua ? Qual de vós já sentiu o mistério, o sono, o vício, as ideias de cada bairro ?" "(...) são ruas da

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