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"É preciso ainda observar que as definições do fantástico que se encontram na França em escritos recentes, se não são idênticas à nossa, tampouco a contradizem. Alguns exemplo dos textos canônicos: Castex escreve em 'Le Conte fantastique': 'O fantástico... se caracteriza... por uma intromissão brutal do mistério no quadro da vida real'. Louis Vax, em 'L'Art et la Littérature fantastiques': 'A narrativa fantástica... gosta de nos apresentar, habitando o mundo real em que nos achamos, homens como nós, colocados subitamente em presença no inexplicável'. Roger Caillois em 'Au Coeur du fantastique': 'Todo o fantástico é ruptura da ordem estabelecida, irrupção do inadmissível no seio da inalterável legalidade cotidiana'"  "O fantástico leva pois uma vida cheia de perigos, e pode se desvanecer a qualquer instante. Ele antes parece se localizar no limite de dois gêneros, o maravilhoso e o estranho, do que ser um gênero a

Contradição*

Me contradigo Sou um louco Para poucos Sou somente um oco Do meu vazio. Me contradizem Sou o contrário Do que pensam Um fio oposto Do que dizem. Sou a lógica Da minha contradição O contraditório Do meu contrário Sou um otário. Sou um descrente Em minha frente Um anarquista Das minhas conquistas Sou somente pistas. Sou agosto Mês do cachorro louco Sou o vento norte Que desnorteia a mente Ateu, mas crente Confuso , confesso. Sou a soma do que fui Um sonho do que serei Serei o que não sou...!!! *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Aquilo que choca o filósofo virtuoso, deleita o poeta camaleônico. Não causa dano, por sua complacência, no lado sombrio da coisas, nem por seu gosto, no lado luminoso, já que ambos terminam em especulação" "Um poeta é o menos poético de tudo o que existe, porque lhe falta identidade; continuamente está indo para - e preenchendo - algum outro corpo" "(...) é o homem esse animal que quer permanecer, o artista busca permanência transferindo-se para sua obra, fazendo-se sua própria obra, e atinge-a na medida em que se torna obra" "Se o poeta é sempre 'algum outro', sua poesia tende a ser igualmente 'a partir de outra coisa', a encerrar visões multiformes da realidade na recriação singularíssima da palavra" "Os poetas se compreendem de poema a poema melhor do que em seus encontros pessoais" "Com Antonin Artaud calou na França uma palavra dilacerada que só esteve pela metade do lado dos vivos en

Um dia em Barthes*

“Sem dúvida numa época de minha vida, atravessei uma fase que chamei de fantasia científica.” Roland Barthes Barthes sugere-me “trapacear” para podermos ouvir a língua fora do Poder, mas isso é o que procuro no dia a dia, ou seja, ter as condições ideais de jogar com a linguagem. Ter as possibilidades de controlar aquilo que não podemos jamais atar, a produção individual e os sentidos. O resto é domínio. Mas aqui não estou mais nessa arqueologia. Saber quem domina quem é de menos na reflexão desta manhã, mas de saber o que foi feito dos domínios da razão. Em minha observância teórica e de suas aplicações, percebi que há indícios de um domínio desenfreado pelo culto da ciência, e que outras tentativas de domínio, seja pela espetacularização dos acontecimentos, seja pelas novas mitificações de sentidos vai longe, longe demais. Ainda bem. Como já dizia Cioran, “os caminhos da crueldade são diversos”, preciso de um pouco de complexidade para arejar as ideias. Ainda ontem

O leitor*

Quem pode conhecer esse que o rosto mergulha de si mesmo em outras vidas, que só o folhear das páginas corridas alguma vez atalha a contragosto ? A própria mãe já não veria o seu filho nesse diverso ele que agora, servo da sombra, lê. Presos à hora, como sabermos quanto se perdeu antes que ele soerga o olhar pesado de tudo o que no livro se contém, com olhos, que, doando, contravém o mundo já completo e acabado: como crianças que brincam sozinhas e súbito descobrem algo a esmo; mas o rosto, refeito em suas linhas, nunca mais será o mesmo.   *Rainer Maria Rilke

Des-presença*

Não ser e ser muitos eus Leveza sem forma A cada agora um fio de estrelas Lua sobre o lago Serenidade oceânica Num tempo fluido Caminhante peregrina Dissolvida na névoa da vastidão *Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

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