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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O conteúdo do espírito se revela tão somente na sua manifestação; a forma ideal é reconhecida somente na e pela totalidade dos signos sensoriais dos quais se serve para expressar-se" "(..) o processo da formação da linguagem mostra como, para nós, o caos das impressões imediatas somente passa a se aclarar e articular no momento em que lhe 'damos nome', permeando-o, assim, com a função do pensamento linguístico e da expressão linguística" "Porque cada 'reprodução' do conteúdo já encerra um novo estágio da 'reflexão'" "(...) cada particularidade faz parte de um determinado complexo e expressa em si mesma a regra deste complexo" "A concepção mítica da linguagem, que em toda parte precede a filosófica, caracteriza-se sempre por esta indiferença entre palavra e coisa. Para ela, a essência de cada coisa está contida no seu nome. Efeitos mágicos se vinculam de maneira mediata à palavra e à sua posse&quo

Não entendi. Sinto muito.*

Pessoas que terminam frases com a pergunta “não é?” me intrigam. Sempre quis saber como funciona a mente destas criaturas. Quando Pedro diz que segunda feira é o pior dia da semana, e,  em seguida, me interroga com o detestável “não é?”, na prática, efetivamente está esperando minha confirmação para avançar com a conversação.  Precisa de cumplicidade e aprovação para continuar o raciocínio. Por que a cada duas ou três frases estas pessoas precisam de um apoio, uma base para suas falas? Geralmente não nos dão tempo para responder, mas é assim mesmo que funciona o jogo. Ao falar o "não é", encaram-nos firmemente, constrangendo-nos e, meio que sem jeito, educadamente balançamos afirmativamente a cabeça, piscamos ou baixamos os olhos. Já é o bastante para que concluam que concordamos e prossigam seu falatório. Na verdade, não querem escutar nossa resposta, precisam apenas de um sinal verde para ir em frente com seu discurso.   Se para eles funciona como sinal ver

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O mundo é a minha representação (...) Possui então a inteira certeza de não conhecer nem um sol nem uma terra, mas apenas olhos que vêem este sol, mãos que tocam esta terra; em uma palavra, ele sabe que o mundo que o cerca existe apenas como representação, na sua relação com um ser que percebe, que é o próprio homem" "(...) esta realidade é, portanto, puramente relativa" "O mundo como representação, o único que nos ocupa aqui, apenas existe, falando com exatidão, a partir do dia em que se abrem os primeiros olhos; com efeito, ele só poderia sair do nada em que estava mergulhado por meio do conhecimento" "(...) Foi daí que saiu esse velho erro, de que não há nada de perfeitamente verdadeiro senão aquilo que é provado, e que toda verdade assenta incomprovada, que é o próprio fundamento da prova, ou das provas da prova" "A peculiaridade da filosofia é que ela não pressupõe nada de conhecido, mas que, pelo contrário, tudo l

Caminho do meio*

De um lado a montanha, morada dos deuses. Do outro lado o vale, lagos, riachos e animais. No caminho do meio o homem a trilhar peregrino no existir. Observador aprendiz, passo a passo, experimenta a sacralidade do viver. *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Até que ponto não é a minha mão que sente dor, e sim eu na minha mão ?" "A língua é um labirinto de caminhos. Você vem de um lado, e se sente por dentro; você vem de outro lado para o mesmo lugar, e já não se sente mais por dentro" "Não existe um método em filosofia, o que existe são métodos, por assim dizer, diferentes terapias" "Acredita-se estar indo sempre de novo atrás da natureza, e vai-se apenas ao longo da forma pela qual nós a contemplamos" "Uma imagem mantinha-nos prisioneiros. E não podíamos escapar, pois ela residia em nossa linguagem, e esta parecia repeti-la para nós, inexoravelmente" "Pode-se dizer que o conceito 'jogo' é um conceito de contornos imprecisos. - 'Mas um conceito impreciso é, por acaso, um conceito ?' - Uma fotografia desfocada é, por acaso, o retrato de um apessoa ? Bem, pode-se substituir sempre com vantagem um retrato desfocado por um nítido ? Frequentes veze

Medos*

Algumas coisas me fazem escrever. Outras trancam a minha escrita. Sempre tive medos. Medos de não ser aceito. De não ter aonde morar e dormir. De não ter o que comer e vestir. Tive medos de amar demais, De amar de menos. De não conseguir mais amar. E de não conseguir mais me deixar amar. Do silêncio dos outros. E do olhar, que percebia, era lançado sobre mim. Medo do "não" que não me diziam. E que me chocava, quando de surpresa caía sobre mim. Os nãos que eu me dizia já eram suficientemente excessivos Quando criança , brincava com os presentes que eu não ganhava. Então, entrava dentro de mim mesmo e brincava com as coisinhas que habitavam dentro de mim. E aprendi a brincar com os meus pensamentos. Hoje, ainda, tenho um certo medo do que as pessoas pensam que passa pelos meus pensamentos. Nada maior ou menor, nem melhor ou pior, do que o que passa nos pensamentos de tantos... Evito o máximo os conflitos e confrontos. Detesto brigas ou discussões. Do mesmo jeit

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Trata-se realmente de um trabalho, de um parto, de uma geração lenta do poeta pelo poema do qual é pai" "(...) o poeta é na verdade o assunto do livro, a sua substância e o seu senhor, o seu servidor e o seu tema. E o livro é na verdade o sujeito do poeta, ser falante e conhecedor que escreve no livro sobre o livro" "Citando Edmond Jabès: 'O louco é a vítima da rebelião das palavras'" "Quando se deixa dizer pela palavra poética, a Terra reserva-se sempre fora de toda a proximidade" "Citando Reb Stein: 'Quando criança, ao escrever pela primeira vez o meu nome, tive a consciência de começar um livro'" "Contrariamente ao Ser e ao Livro leibnizianos, a racionalidade do Logos pela qual a nossa escritura é responsável obedece ao princípio da descontinuidade" "A palavra proferida ou inscrita. A letra é sempre roubada. Sempre roubada. Sempre roubada porque sempre aberta. Nunca é própr

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