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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O homem sempre é, além de homem, outra coisa: anjo, demônio, fera, deus, fatalidade, história - algo impuro, alheio, 'outro'" "O artista se debruça sobre a obra e não vê nela senão o seu próprio rosto, que atônito, o contempla. Os heróis modernos são tão ambíguos como a realidade que os sustenta" "Podemos mudar, ser pedras ou astros, se conhecermos a palavra justa que abre as portas da analogia. O homem mágico está em comunicação constante com o universo, faz parte de uma totalidade na qual se reconhece e sobre a qual pode agir" "No herói lutam dois mundos, o sobrenatural e o humano" "O poeta limpa de erros os livros sagrados e escreve inocência onde se lia pecado, liberdade onde estava escrito autoridade, instante onde se gravara eternidade" "O poeta moderno não tem lugar na sociedade porque efetivamente, não é 'ninguém'. Isso não é uma metáfora: a poesia não existe para a burguesia nem pa

Decifra-me ou te apaixono*

Audácia de pensamentos És o turbilhão da tempestade em alto mar. Vento sem direção certa E troveja. E raios cortam os ares. E Marte, o deus da guerra, Vermelho em fogo de dragão. Decifra-me ou te apaixono: É o que me fazes. E montas ciranda de emoções Pulando em meu coração, Quebrando o piso com o risco de dizer adeus. Enxurrada descendo a serra, Teu ser é maior do que eu imaginava para o meu, que não é pouco. *Vânia Dantas Filósofa Clínica Uberlândia/MG

Antes do nome*

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apoia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror. *Adélia Prado 

A simplicidade da vida*

Há tantos modismos e "tem quê" ...e a vida passa, e nos amarramos em ilusões e frustrações. Para que? Daqui a pouco seremos cinzas e perderemos a vida com tantas regras inúteis. Julgamos, criticamos e deixamos de compreender e aceitar as pessoas em suas singularidades. Amor e compaixão ficam de lado, logo que a pessoa faz diferente do que pensamos ser certo. Tantos sofrimentos inúteis por apegos e desejos... Vivemos deprimidos apegados ao ontem que já passou... Ansiosos e cheios de medo por um amanhã incerto. O agora que é o único instante de viver se perde e assim a felicidade, que é nossa natureza, se esvai. ... e tudo passa, passarinho... Deixando apegos, modismos, poder, vaidade, orgulho, raiva de lado... A vida acontece. São tantas teorias inúteis a nos escravizar. A vida é simples... As flores nos dão bom dia, o sol nos aquece e as pessoas nos encantam sendo como são. Descomplicando o viver agora se torna a poética encantada

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Quando a mãe do poeta se perguntava onde o poeta fora concebido, apenas três possibilidades eram levadas em consideração: uma noite sobre um banco de praça, uma tarde no apartamento de um pai do poeta, ou uma manhã num lugar romântico dos arredores de Praga" "(...) foi exatamente na primavera, quando os lilases estavam em flor, que ela foi levada para a maternidade; lá, após algumas horas de sofrimento, o jovem poeta deixou-se escorregar de sua carne sobre o lençol manchado do mundo"  "Jaromil sabia muito bem (...) que a originalidade do seu universo interior não era resultado de um esforço laborioso mas sim que se exprimia através de tudo o que passava fortuita e maquinalmente pela sua cabeça; que lhe fora dada, como um dom" "Desde então, acompanhou com muito mais atenção os seus próprios pensamentos e começou a admirá-los. (...) ocorreu-lhe a ideia de que, com a sua morte, o mundo onde vivia deixaria de existir" "(...

Retrato do artista quando coisa*

A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas. *Manoel de Barros

Sobre o começo de tudo*

Ah, se nós soubéssemos Daquele lugar comum De onde todos viemos Anterior ao Jardim do Éden Antes da explosão inicial Aquela poeira cósmica Útero fecundo da humanidade. Ah, se nós soubéssemos De onde todos viemos Tão singulares e únicos Tão semelhantes entre nós E que o que nos une É bem maior Daquilo que nos pode separar. Deve haver um lugar Uma rachadura na armadura da palavra Um furo quase mudo no silêncio Uma brecha na flecha do tempo. Um tempo, uma linguagem, um silêncio... Bem antes... Ou bem depois... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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