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O sol e a lua*

Um dia descobri que tinha asas... comecei a voar por horizontes perdidos. E percebi qu e não mais ciscava como Galinha. Que não mais seria o que o mundo queria que eu fosse. Doeu tirar as velhas penas e me tornar Águia. O sol se fez meu guia. A lua minha mestra. Deixei o medo de lado, subi a montanha e abri minhas asas. Olhei para baixo, pensei no quanto o comodismo alimenta a zona conforto e nos paralisa. Tentam nos aprisionar no galinheiro e nos convencem que devemos ser como a maioria- normopatas. Porém, quando abrimos nossas asas e descobrimos que o Shangrilá está dentro de nós, as cores do mundo se tornam mais nítidas e nos tornamos donos de nossas escolhas. Isto tem um nome: Liberdade. Voando não buscamos ter poder, mas utilizamos nossa potência infinita. Potência Criativa. E voando livremente vi que é possível ser feliz apesar da tristeza em ver a escravidão do mundo. Só assim tive forças para agir e chamar ao voo as galinhas que não são gali

O Mapa*

Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo… (É nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei… Há tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Há tanta moça bonita Nas ruas que não andei (E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei…) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso… *Mario Quintana

O poeta e a poesia*

A poesia nasce! Ela sempre nasce de um quando, de um onde e de porquês nunca exatos nem demais nem de menos. A poesia transborda ou preenche, ela sempre viraliza se muito ou pouco, não importa. E se nasce, a poesia é originalmente feminina tão somente porque tudo que nasce depende de um útero seja ele ideal ou seja ela real. Poesia é profana e é sagrada, ela simplesmente é manifestação porque toca e causa expressão. A poesia emociona porque comove, me comove. A poesia revolta porventura quando indigna quem escolhe ser surdo e ouve de repente. Não existe poesia indiferente! E por mais sensatos ou abstrato que tendamos a ser, por mais criativos ou objetivos que pretendamos querer, inevitável mesmo é reconhecer que todo e qualquer ímpeto quando surgi já é, já foi e será... A poesia é plural e singular também, é coletiva, é subjetiva; é visceral. E o exato começo da poesia é um mistério, pois como tão bem disse Ferreira Gullar, "a poesia nasce de repente". Si

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) que mais poderia convir à Loucura do que ser o arauto do próprio mérito e fazer ecoar por toda parte os seus próprios louvores ? Quem poderá pintar-me com mais fidelidade do que eu mesma ?" "(...) os meus progenitores não eram ligados pelo matrimônio (...) Sou filha do prazer e o amor livre presidiu ao meu nascimento. (...) Nasci nas ilhas Fortunadas, (...) Não se sabe, ali, o que sejam o trabalho, a velhice, as doenças. (...) Nascida no meio de tantas delícias, não saudei a luz com o pranto, como quase todos os homens; mas quando fui parida, comecei a rir gostosamente na cara da minha mãe"  "(...) haverá no mundo coisa mais doce e mais preciosa do que a vida ? E quem, mais do que eu, contribui para a concepção dos mortais ? Nem a lança poderosa de Palas, nem a égide do fulminante Júpiter, nada valem para produzir e propagar o gênero humano" "Sois todos muito sábios, uma vez que, a meu ver, loucura é o mesmo que sabedoria"

Poéticas do indizível*

“(...) Graças às sombras, a região intermediária que separa o homem e o mundo é uma região plena, de uma plenitude de densidade ligeira. Essa região intermediária amortece a dialética do ser e do não-ser.”                        Gaston Bachelard Uma crença muito antiga aprecia atualizar-se desse enigmático hoje que um dia foi amanhã. Poderia ser o pretérito imperfeito de uma busca ou aquele quase nada onde tudo acontece. Atualização de um dialeto nem sempre dizível, a se alimentar nas fontes inenarráveis, nos paradoxos, nas desleituras criativas. Seu visar inédito sugere desvãos ao mundo que se queria definitivo. Costuma ser abrigo do acaso na versão do avesso das coisas. Ao referir o encantamento das pequenas devoções, parece traduzir esse texto interminável, por onde a vida escoa seus segredos. Realiza um esboço sobre as tentativas de decifrar um mundo que é mistério por natureza.      A característica de ser imprevisível seria insuportável, não fora a poesia re_si

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O homem sempre é, além de homem, outra coisa: anjo, demônio, fera, deus, fatalidade, história - algo impuro, alheio, 'outro'" "O artista se debruça sobre a obra e não vê nela senão o seu próprio rosto, que atônito, o contempla. Os heróis modernos são tão ambíguos como a realidade que os sustenta" "Podemos mudar, ser pedras ou astros, se conhecermos a palavra justa que abre as portas da analogia. O homem mágico está em comunicação constante com o universo, faz parte de uma totalidade na qual se reconhece e sobre a qual pode agir" "No herói lutam dois mundos, o sobrenatural e o humano" "O poeta limpa de erros os livros sagrados e escreve inocência onde se lia pecado, liberdade onde estava escrito autoridade, instante onde se gravara eternidade" "O poeta moderno não tem lugar na sociedade porque efetivamente, não é 'ninguém'. Isso não é uma metáfora: a poesia não existe para a burguesia nem pa

Decifra-me ou te apaixono*

Audácia de pensamentos És o turbilhão da tempestade em alto mar. Vento sem direção certa E troveja. E raios cortam os ares. E Marte, o deus da guerra, Vermelho em fogo de dragão. Decifra-me ou te apaixono: É o que me fazes. E montas ciranda de emoções Pulando em meu coração, Quebrando o piso com o risco de dizer adeus. Enxurrada descendo a serra, Teu ser é maior do que eu imaginava para o meu, que não é pouco. *Vânia Dantas Filósofa Clínica Uberlândia/MG

Antes do nome*

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apoia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror. *Adélia Prado 

A simplicidade da vida*

Há tantos modismos e "tem quê" ...e a vida passa, e nos amarramos em ilusões e frustrações. Para que? Daqui a pouco seremos cinzas e perderemos a vida com tantas regras inúteis. Julgamos, criticamos e deixamos de compreender e aceitar as pessoas em suas singularidades. Amor e compaixão ficam de lado, logo que a pessoa faz diferente do que pensamos ser certo. Tantos sofrimentos inúteis por apegos e desejos... Vivemos deprimidos apegados ao ontem que já passou... Ansiosos e cheios de medo por um amanhã incerto. O agora que é o único instante de viver se perde e assim a felicidade, que é nossa natureza, se esvai. ... e tudo passa, passarinho... Deixando apegos, modismos, poder, vaidade, orgulho, raiva de lado... A vida acontece. São tantas teorias inúteis a nos escravizar. A vida é simples... As flores nos dão bom dia, o sol nos aquece e as pessoas nos encantam sendo como são. Descomplicando o viver agora se torna a poética encantada

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