Pular para o conteúdo principal

Postagens

Singularidades*

Gosto de observar, de pensar ... algumas vezes escrevo expressando semioticamente minhas emoções através de uma analítica de linguagem. Não intenciono disputar saberes mas uma tentativa de compreender a essência da minha existência como significado e paixão. Aprecio discursos organizados e " limpos", bem estruturados que me ajudem nas buscas e no cuidado com meus pré-juizos assim como um instrumento de mediação que conduz a se sentir melhor. Sou ação. Aprecio termos , palavras leves e descontraídas através das quais posso ter uma interseção agradável e segura para expressar fenomenológicamente, como o mundo me parece. Não domino conhecimentos; minha intencionalidade é única e exclusiva para a tentativa de uma compreensão do Todo que habita em mim. Utopia ?!? Não creio. Porém, ter a liberdade de agir, pensar e sentir sem os limites dos agendamentos e padronizações Sociais me são por demais agradáveis. *Marize Ouriques Filósofa Clínica Florianópolis/SC

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O que desejo enfatizar aqui, logo de início, é que a afirmação de que algumas pessoas têm uma doença chamada esquizofrenia (e de que algumas, presumivelmente, não a têm) baseia-se unicamente na autoridade médica e não em qualquer descoberta da Medicina; de que isso foi, em outras palavras, o resultado de uma tomada de decisão ética e política, e não de um trabalho científico empírico"  "Como Bleuler tampouco descobriu qualquer doença nova nem desenvolveu qualquer novo tratamento, sua fama assenta, em minha opinião, no fato de ter inventado uma nova doença - e, através dela, uma nova justificativa para se considerar o psiquiatra um médico, o esquizofrênico um paciente e a prisão em que aquele confina este, um hospital" "(...) ao descrever um paciente esquizofrênico, está descrevendo meramente alguém que fala de modo bizarro ou diferente dele, ou com quem ele, Bleuler, está em desacordo" "Através dessa transformação pseudocientífica do

A palavra mágica*

“Vive a tua hora como se gravasses o teu nome na epiderme de um tronco novo. Mas não voltes mais tarde para junto dessa árvore, porque podes não reconhecer o teu nome nas cicatrizes das velhas letras.”                                 Felippe D’Oliveira Sua tez de singularidade maldita refere uma simbologia em viés de encantamento. Na veemência discursiva compartilha uma fatia generosa de paraíso. O sagrado_profano esboça uma íntima convivência com a reciprocidade. Os significados apreciam aliar-se aos papéis existenciais de travessia. Assim o feitiço da palavra como medicamento aprecia as estruturas mutantes envolvidas na interseção.  Ao sugerir a cidade das maravilhas, é possível um novo entendimento e relação com o universo interior. Sua fonte de inspiração, muitas vezes, se faz menção em dialetos de esquiva. A magia, um pouco antes de ser representação traduzível, aprecia transbordar nalguma forma de excesso. Uma fenomenologia em aromas de dama da noite aponta o l

Reflexão n°.1*

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva E a circulação e o movimento infinito. Ainda não estamos habituados com o mundo Nascer é muito comprido. *Murilo Mendes

Primeiro ler, depois filosofar*

A literatura é um ponto de partida fundamental para quem quer se aventurar a pensar filosoficamente a própria existência. Aliás, só há filosofia em seu sentido originário – tal como proposto e exercido por Platão e Aristóteles – se for intrinsecamente ligada à vida, à própria vida. E em tempos nos quais as chamadas ideologias estão em voga, a realidade perde a vez para atribuições que se propõem a descrevê-la quando, na verdade, a reduz a elementos limitantes: direita/esquerda, proletariado/burguesia, cativeiro/libertação etc. Mas, o que tem a ver a filosofia com a literatura? Nossa vida é constituída de experiências restritas. Não conseguimos viver todas as possibilidades por nossas próprias condições limitantes: geográfica, somática, psíquica, social, histórica etc. Com isso, pensar a vida em seu caráter mais amplo, em busca dos elementos universalmente constitutivos somente é possível ampliando o horizonte de perspectivas e experiências. Para isso é que a literatura auxilia

Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada*

I Não tenho bens de acontecimentos. O que não sei fazer desconto nas palavras. Entesouro frases. Por exemplo: - Imagens são palavras que nos faltaram. - Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem. - Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser. Ai frases de pensar! Pensar é uma pedreira. Estou sendo. Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo) Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos. Outras de palavras. Poetas e tontos se compõem com palavras. II Todos os caminhos - nenhum caminho Muitos caminhos - nenhum caminho Nenhum caminho - a maldição dos poetas. III Chove torto no vão das árvores. Chove nos pássaros e nas pedras. O rio ficou de pé e me olha pelos vidros. Alcanço com as mãos o cheiro dos telhados. Crianças fugindo das águas Se esconderam na casa. Baratas passeiam nas formas de bolo...   A casa tem um dono em letras.   Agora ele está pensando -   no silêncio Iíquido com que as águas escu

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) ninguém pode penetrar no universo dos sonhos se não está dormindo; da mesma forma, ninguém pode entrar no mundo fantástico se não se torna fantástico" "Se estou no avesso de um mundo pelo avesso, tudo me parece direito. Portanto, se eu habitasse, eu mesmo fantástico, um mundo fantástico, não poderia de modo algum considerá-lo fantástico" "O artista teima ali onde o filósofo desistiu" "As palavras, ademais, são 'instrumentos de atos úteis', de modo que nomear o real é cobri-lo, velá-lo com familiaridades, transpô-lo assim à condição daquilo que Hegel chamava ' das Bakannte': o demasiadamente conhecido , que passa despercebido. Para rasgar os véus e trocar a quietude opaca do saber pelo espanto do não-saber é preciso um 'holocausto das palavras', esse holocausto que a poesia realiza de saída"  "O ponto de partida é o fato de que o homem nasce da terra: ele é 'engendrado pela lama'. En

Substratos da existência*

Somos somas de substratos da existência, pois há momentos de sermos frutos, noutros sementes. Também, somos reflexos de memórias que plantamos outrora e que ainda persistem latentes. Somos ausências, somos presenças. Somos duração, somos intervalos e pausas. Somos muito de muitas coisas e um pouco de outras tantas. E as vezes, parte de nós, ora as melhores ora nem tanto, são forjadas grandemente através de brevidades que se eternizam porque nos marcam para sempre no agora. Um pouco de nós é resultado de lágrimas que irrigaram os jardins da nossa alma. E outras porções de nós provém do retumbar de sorrisos que pareciam ecoar para sempre enquanto alguns caminham orgulhos e cheios de certezas vãs até descobrirem que ao final o que nos define mesmo nunca diz respeito a quantidade de erros nem de acertos, porque o que produz uma vida feliz e rica de paz é uma curiosa e instigante capacidade persistente de aprender, perdoar, nos superar e, sobretudo, nos fazer justos. Afinal

Poemas inéditos*

Se deixar, eu me apaixono por todo mundo só que nem sempre minhas paixões envolvem sexo - quase nunca e aí é que ninguém entende É que de onde venho, nós vivemos em estado de graça uns pelos outros e só nos casamos quando concebemos um filho - naturalmente e nem sempre vivemos embaixo do mesmo teto é que de onde venho não existe teto o que coroa nossas cabeças se chama amor * Todo mundo vai e eu fico. Olha lá todo mundo indo e eu fico. Todo mundo vai. Tem, tem assento vago ainda, eu fico. Todo mundo vai e eu fico. Olha lá o moleque entrou, todo mundo indo, e eu fico. Eu fico porque que de repente cai chuva grande. Aí você, vai também que é pra cair chuva grande. Vai que eu fico. Eu fico e todo mundo vai. Eu fico, sempre de olho grande esperando a chuva. Vendo todo mundo ir. Vai todo mundo. Eu fico. Ficamos, eu, a chuva que vai que cai, a rodoviária. * A poesia é um idioma. Cada um tem o seu, e há quem fale e entenda vários. Qualidade

Visitas