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Cabelos de Baudelaire*

Certas cores, cabelos que esvoaçam no tempo, mistura cheiros e sons, açafrão no tilintar do outono, Tinta que borda a pele, marca a alma, o frio se aproxima. Ilumina partes do corpo, o tom certo, é como a luz, Atravessa fendas, melodias espalham, clarão que dança, Como melodia na luz assombradas de pensamento.   Dedico meu tempo a teus cabelos, a poética imortal, Mesmo que não crês no Nada, a cabeleira brilha, O tempo não apaga os versos, o tempo esquece o presente. Como o barco de Debussy, eleva a dor diante da música, Em perdidas matemática antes do sol do meio-dia, Fios voam mar dentro de luz, fonte da vida, os cabelos em direção à margem, Morre no horizonte o que oculta.   *Prof. Dr.Luis Antonio Paim Gomes  Filósofo. Editor. Livre Pensador Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O que, portanto, deve manter-se impronunciado resguarda-se no não dito, abriga-se no velado como o que não se deixa mostrar, é mistério" "Uma compreensão de mundo assim orientada pode surgir de diferentes fontes porque a força expressiva do espírito é ativa de muitas maneiras" "Apreendida em sua verdadeira essência, a linguagem é algo consistente e, a cada instante, transitória. Mesmo a sua preservação na escrita é sempre uma preservação incompleta, mumificada, mas necessária quando se busca tornar perceptível a vida de seu pronunciamento" "A linguagem é, na verdade, o eterno trabalho do espírito de tornar a articulação sonora capaz de exprimir o pensamento. Rigorosa e imediatamente, esta é a definição da fala em cada situação; sem sentido verdadeiro e essencial, apenas a totalidade dessa fala pode ser considerada como linguagem" "(...) o poder suave da simplicidade de um saber escutar" &q

Um sentido pra viver*

A névoa deste amanhecer Não calou o canto do passarinho Nem escondeu os primeiros raios do sol Há no ar um desassossego coletivo Na dúvida em que acreditar Há, porém, um fio de esperança  Se não, não teria sentido o viver Tudo passa... no vir a ser eterno E as flores brotam e o riacho desenha os caminhos até o mar *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Criticar é rasgar novos horizontes de compreensão. Uma crítica enclausurada será fatalmente uma crítica cega, provinciana ou parasitária. O seu entendimento superlativo pressupõe a consciência da sua interdisciplinaridade" "Cada discurso traz consigo a sua lei e o seu horizonte" "A arte é dimensão fundadora do homem. Restará sempre, para além da morte do poema, a dimensão poética da existência" "E em toda operação metodológica há muito mais do que uma operação metodológica. Enganam-se aqueles que, confundindo o método com uma simples técnica mecanizada, não são capazes de perceber na presença condicionada do seu contorno, todo um jogo matizado de representações que com ele estabelece um diálogo criador" "A hermenêutica empreende o percurso inverso da modelização: vive da sua capacidade de abrir-se" "(...) a própria ciência perdeu a tradicional univocidade, passando a estruturar-se por

Opiniões de idiotas cultos e ignorantes*

Embora os conhecimentos humanos sejam fragmentos da totalidade de sua existência, não significa que quem é versado em um conhecimento, possa dar opiniões sobre todo o resto com a mesma convicção. Algumas pessoas reivindicam a especialização em suas áreas devido ao tempo de formação necessário para tal construção de conhecimento para falar sobre seus temas, mas pensam que todos os assuntos que se encontram em “conversas de boteco” possam ser abordadas por todos da mesma maneira. Temas como política e religião são os que mais aparecem nesses pretensos conhecimentos de domínio público. Não se estuda esses fenômenos, porém fala-se como se todos soubessem exatamente o que é.   Além disso, ainda há aqueles que se tornam “especialistas” quando são famosos como atores, youtubers, blogueiros, jornalistas (leitores de tele pronto), músicos, entre outros. Estes são usados com frequência como discurso de autoridade, não pela verdade do que apresentam, mas pela consonância que

Pensar é transgredir*

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.  Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.  Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.  Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"  O problema é que quando menos se

A região singular*

                              A estrutura de pensamento, mesmo quando desmerecida, possui propensões de ação, desenvolvimento. Assim criar, inventar, descobrir versões para decifrar-se no mundo, pode ter um quintal conhecível como ponto de partida. Talvez seja relevante saber mais sobre as estranhezas que vão chegando, seu caráter de anúncio. Uma expressividade realçada no encontro das origens com os desdobramentos do cotidiano, um pouco antes de ser reconhecida, qualifica buscas pelo lugar ponto de partida, de onde as novas palavras pululam a transgredir vocabulários, acrescentando pronúncias, desvendando espaços de aparente invisibilidade. Nessa geografia subjetiva por onde prosperam ensaios, transitam inúmeras vontades ainda sem representação. Um desses lugares onde se antecipa o rumor das ruas.   Nesse chão de imprevisibilidades a pessoa rascunha-se, reaviva interrogações esquecidas, concebe territórios. O processo existencial de cada um, ao escolher seu e

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