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A palavra mundo*

Uma poética se anuncia num esboço de captura às múltiplas verdades. Nesse horizonte nem sempre coerente, a pessoa encontra um refúgio para integrar suas possibilidades existenciais.   Ao ser a visão de mundo inseparável de uma subjetividade, o teor dos termos agendados denuncia até onde se pode chegar. Um pouco antes dos movimentos de rebeldia, a linguagem, em vias de se ultrapassar, costuma emitir dissonâncias. Uma dessas características é o excesso de equivocidades discursivas, as quais, nem sempre podem ser traduzidas.   O sentido de ser sem sentido surge como afronta, sedução ou promessa, uma expressão para superar anterioridades. Ainda quando transcende na direção de alguém, em busca de acolhimento e compreensão, o sujeito pode se apresentar, inicialmente, fora de foco.   A palavra mundo exibe uma predisposição à vida, sua existência começa, se desenvolve e se conclui com ela. Sua voz se confunde com o sujeito que a pronuncia. Assim, ao reconhecer nesse

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Um comentário filológico dos textos não produziria nada: só encontramos nos textos aquilo que nós colocamos ali (...)" "É em nós mesmos que encontramos a unidade da fenomenologia e seu verdadeiro sentido" "Trata-se de descrever, não de explicar nem de analisar" "Descartes e sobretudo Kant desligaram o sujeito ou a consciência, fazendo ver que eu não poderia apreender nenhuma coisa como existente se primeiramente eu não me experimentasse existente no ato de apreendê-la" "O filósofo, dizem ainda os inéditos, é alguém que perpetuamente começa" "(...) não é preciso perguntar-se se nós percebemos verdadeiramente um mundo, é preciso dizer, ao contrário: o mundo é aquilo que nós percebemos" "O mundo é não aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele" "Todas as explicações econômicas, psicológicas de uma doutrina

A involução formativa do medievo aos nossos dias*

No tempo das universidades medievais, um jovem iniciava sua vida de estudos aos quatorze anos e um título de doutor em teologia era obtido somente a partir dos trinta e cinco anos. A base inicial dos estudos era o “trivium” – gramática, retórica e dialética – e, em seguida, o “quadrivium” – aritmética, geometria, música e astronomia – e de lá saíram grandes pensadores como Tomás de Aquino, Duns Scot, Alberto Magno, Pedro Abelardo e tantos outros. Hoje se entra cada vez mais cedo nas escolas e universidades, se adquire cada vez mais precocemente os títulos de mestrado e doutorado e o resultado das pesquisas sobre esse “fantástico mundo regido pelo MEC” é o número crescente de analfabetos funcionais, até entre nós universitários. Outro aspecto a ser destacado é que na Idade Média, a formação era para a vida e não havia “pressa” de concluí-la. Mas, hoje, no “auge do desenvolvimento”, no “século XXI”, na era “pós-moderna” etc., ai daquele que não é enviado à escola com,

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não é a crítica que me quero referir, porque ninguém pode esperar ser compreendido antes que os outros aprendam a língua em que fala. Repontar com isso seria, além de absurdo, indício de um grave desconhecimento da história literária, onde os gênios inovadores foram sempre, quando não tratados como doidos (como Verlaine e Mallarmé), tratados como parvos (como Wordsworth, Keats e Rossetti) ou como, além de parvos, inimigos da pátria, da religião e da moralidade, como aconteceu a Antero de Quental" "(...) Porque não é a teoria que faz o artista, mas o ter nascido artista" "Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer - falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projeções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é a literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama" "O princípio

O abraço e a felicidade*

Pode ser, claro que sim Você me leu confuso Neste seu jeito de me ler. Seus olhos nublados Me viram no côncavo Ou no convexo me viram. E me leram invertido. Pode ser, claro que sim Este seu medo tremido De um grande amor. Pode ser este seu riso Que me fez de casa E feliz por um dia. Pode ser este desespero Caindo no copo vazio De uma saudade. Pode ser este seu cheiro De fruta madura Dos dias finais de outono. Pode ser a pele infantil De uma neblina suave Pedindo um abraço. *José Mayer Filósofo. Livreiro. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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