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A liberdade e a gratidão*

Jamais deixamos de orbitar em nós mesmos, por isso, o contato com outras vidas é tão determinante e fundamental. É esse o fenômeno que nos lança na direção das descobertas que tanto precisamos encontrar e que sempre provém de dentro para fora de nós mesmos. E assim, me parece que prosseguimos produzindo pontes altamente capazes de nos conectar, sobretudo, quando ousamos atravessá-las. Foi assim que encontrei em tantos abraços a força que faltava, pois de tão apertados, "pois-se" tudo no lugar. Foi assim, que os melhores momentos se tornaram eternos figurando sempre no agora. Foi assim, que um beijo roubado despertou as melhores flores dos jardins de duas almas, as quais, em silêncio, conhecem a fundo os legados que deixaram tão somente por amor. Foi assim que a poesia transbordou em mim trazendo a tona o melhor de nós mesmos e ainda, por conseguinte, o melhor que podíamos alcançar. Foi assim que nós nos transformamos e nos superamos juntos, não raro sob a aur

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Lemos, penso eu, para sanar a solidão, embora, na prática, quanto melhor lemos, mais solitários ficamos" "Não temos palavra adequada para explicar Shakespeare: ele escapa a qualquer categorização disponível" "Não somos a medida das coisas, mas os logrados pelas coisas. A Caverna é pessoal, uma toca fechada, isolada do mundo comum" "Lembrando Samuel Johnson: '(...) ensinou-nos que a essência da poesia é a invenção, no sentido de descoberta'" "Citando Alexander Nehamas: '(...) defende a hipótese de que Nietzsche encara a vida como um texto literário, seres humanos como personagens literários e o conhecimento como critica literária'" "Tudo o que buscamos já está na nossa presença, e não distante de nós" "O que há de melhor e mais maduro em nós há de responder, integralmente, àquilo que pretendemos enxergar" "Contemplamos na vasta escritura de Cervantes aquilo que já

O imaginar das palavras*

“Nós somos o seu mundo e elas o nosso. Para capturar a linguagem não precisamos mais que usá-las. As redes de pescar palavras são feitas de palavras.” Octavio Paz O que não nos permite mais nos vermos é o que permite de nós sermos sozinhos, por breve espaço do tempo, onde tudo se evaporou. Hoje ficou um vazio, uma solidão alojada ao lado do corpo inerte. A tortuosa solidão está aí, na tela, no espaço entre os minutos que não lembraremos nunca mais e o que não permitirá que eu vá mais além, mas mesmo assim, mesmo, existe um processo de memória recente, algo que tange o lado sensível da reflexão.  E os outros sentidos? O espaço imaginal, lugar em que tecemos nossos sonhos, e de lá tratamos de registrar, esse espaço que é o lugar do momento mútuo de ainda existir a possibilidade dos encontros. Como se eu sentisse algo por alguém no plano virtual, mas que a idéia, numa construção, acaba dando espaço para a memória reconstituir todos os dias essa idéia. Prof. Dr. Lu

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Toda a vida da alma humana é um movimento na penumbra. Vivemos, num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que nos supomos ser. Nos melhores de nós vive a vaidade de qualquer coisa, e há um erro cujo ângulo não sabemos. Somos qualquer coisa que se passa no intervalo de um espetáculo (...)" "Que coisa morro quando sou ?" "Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo ? O universo não é meu: sou eu" "Há metáforas que são mais reais do que a gente que anda na rua. Há imagens nos recantos de livros que vivem mais nitidamente que muito homem e muita mulher" "Mas, felizmente para a humanidade, cada homem é só quem é, sendo dado ao gênio, apenas, o ser mais alguns outros" "Posso imaginar-me tudo, porque não sou nada. Se fosse alguma coisa, não poderia

Oh beleza! Onde está a tua verdade?

Mulheres anorgásmicas por não conseguirem desligar suas mentes da imagem do corpo perfeito e capaz de seduzir, conquistar e prender o amor de um homem. Escondida em conceitos de superficialidade, escondida em complexos de inferioridade, escondida em contextos de intelectualidade, escondida em buscas pela espiritualidade, escondida em aparentes estados de auto-suficiência, conformidade e integralidade. A beleza que nunca é enxergada em sua essência, muitas vezes é encontrada na visão de mundo de cada um de acordo com o que é conveniente ou desejável apenas. Padrões e estereótipos são produzidos aos quilos diariamente aprisionando o ser humano, formatando seus níveis de desejo e aniquilando veementemente todo seu potencial de entrega em uma relação a dois que deveria ser vivida de forma saudável e desprendida de conceitos. Mulheres anorgásmicas por não conseguirem desligar suas mentes da imagem do corpo perfeito e capaz de seduzir, conquistar e prender o amor de um homem

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte" "(...) passarinho que se debruça - o voo já está pronto!" "(...) eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa" "Para pensar longe, sou cão mestre - o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos (...)" "Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório" "Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo" "(...) tudo quanto há, neste mundo, é porque se merece e carece" "O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!" "(...) o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, aind

Caro Professor*

Como está a semana? Após o retorno das férias de inverno a Escola de Humanidades está começando bem os trabalhos. Contudo, algo não me sai da cabeça. Após meu retorno, retomando diversas das leituras sobre orientação educacional, e convivendo com os senhores lá presentes, me vem ressaltando a preocupação com aqueles alunos ditos especiais e a necessidade de uma avaliação adaptada.  É colocado como nulo em nossa escola filosófica os conceitos de especial, doença ou saúde. No entanto, no meio educacional corre o fantasma materializado de uma necessidade tanto da instituição como da família para o seu alívio, a visão de uma vestimenta palpável para se trabalhar. Este tipo de trabalho está cada vez mais tenebroso, visto que não se contempla a historicidade da criança, isto é, não menciono ainda o tópico de singularidade. Se ao menos os nossos orientadores contemplassem mais este tópico, poderíamos podar estas "vestimentas do caminho para a saúde".  Não mencio

A vida e o mundo*

Contaria-se agora Por metáforas Cada vez mais esquisitas As grades de papel prendiam Quem estava do outro lado As paredes de vidro separavam A liberdade dos livres Era deste lado Que o mundo acontecia E o tempo passava tão lento O tempo girava em círculos A loucura morava ali Dentro dele, na casa ao lado A poesia seria sua arma Carregada de tiros de festim Afinal, para entender Apenas uma vida É preciso engolir o mundo. *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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