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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A cada momento, um velho mundo está ruindo e um novo surgindo, mas nossos olhos são mais aguçados para o colapso do que para a ascensão, pois o mundo antigo é o mundo que conhecemos" "Solidão e aposentos reduzidos são grandes incitadores da erudição" "Todavia, o que é realidade ? Não sentimos materialidade em nós mesmos, e a própria matéria é efêmera" "(...) o poeta deve 'defender os estúpidos e os loucos'. As irregularidades e desventuranças da própria família de Whitman, que incluía um irmão idiota com quem dividiu a cama durante anos, certamente contribuíram para sua empática compaixão pelos humildes, pelos miseráveis e até pelos criminosos" "Sendo livres para formar nossa própria sociedade, nós acabamos formando-a com aqueles que têm ressonância conosco(...)" "No decorrer de seu longo exílio, Joyce tentou recriar o som das vozes que o haviam envolvido nas casas e ruas e pubs de Dublin"

Mundo*

“A compreensão significa o projetar-se em cada possibilidade de ser-no-mundo [...] existir como essa possibilidade.” Martin Heidegger O mundo é velho, vejo a foto, vejo a vida, O mundo não passa da minha memória, ele se perde. O mundo é uma árvore que virou pedra, o mundo é mais velho que minha dor. O mundo circula a Terra, a velhice é o mundo, meu capuz é velho, tão velho que minha amada foi embora para outro mundo. O mundo é o tempo que levo até meu trabalho, o lugar que invento mundos, que envelheço com minha dor e procuro fugir deste mundo naufragado, meu país é novo. Sou velho demais para o meu País. Pudesse eu, se quisesse, te daria um mundo, o melhor dos mundos. Não posso comprar nada, nem tudo nem nada, te devolvo os sonhos. Vou dar a volta ao mundo, circular é a fonte de vida, quando menos se espera tem uma nascente. *Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes Filósofo. Editor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Pensar é transgredir*

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!" O problema é que quando menos se espera e

Poética clandestina***

“A alquimia do verbo é um delírio.” Arthur Rimbaud Uma profecia de caráter excepcional recai sobre alguns escolhidos, que parecem surgir de uma cepa rara, sujeitos a descrever a saga do personagem marginal. Estruturados para surgir como transgressão, desconstroem a certeza de uma só versão para todas as coisas. A atitude inesperada de toda razão oferece uma perspectiva plural na forma de poesia, filosofia, arte, subversão estética ao mundo instituído. No caso da inquietude filosófica, antes de virar comentário ou técnica acadêmica, é a concepção do eu como outros, reapresentada na inspiração libertária dos movimentos da irreflexão. Um cavalheiro andante em busca de sua tribo encontra Adão e Eva no paraíso da singularidade. A palavra realiza uma poética das ruas. Seu caráter de profanação reivindica um ritual de iniciados. Os enredos do mundo novo percorrem as dialéticas do imprevisível. Visionários incompreendidos possuem a rara aptidão de con

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Mas a função do filósofo não será a de deformar o sentido das palavras o suficiente para extrair o abstrato do concreto, para permitir ao pensamento evadir-se das coisas ?" "(...) leva em conta não apenas os fatos, mas também, e sobretudo, as ilusões - o que, psicologicamente falando, é de uma importância decisiva, porque a vida do espírito é ilusão antes de ser pensamento" "Para as concepções estatísticas do tempo, o intervalo entre dois instantes é apenas um intervalo de probabilidade; quanto mais seu nada se alonga, maior é a chance de que um instante venha terminá-lo" "Cumpre, pois, apreender o hábito em seu crescimento para captá-lo em sua essência; ele é assim, por seu incremento de sucesso, a síntese da novidade e da rotina, e essa síntese é realizada pelos instantes fecundos" "Mas, por firmes que sejamos, jamais nos conservamos inteiros, porque nunca fomos conscientes de todo o nosso ser" "Há decer

Tudo passa*

Passarão as tempestades O vento e a seca passarão Passarão a fome e a sede A chuva haverá de passar Passará o dia e a noite O tempo passará Tudo passa Tudo se esvai Cai e vai... A riqueza passará Passará a graça Passarão todas as dores O riso e o choro passarão Um dia passarão os amores A vida e a morte passarão Passarão o céu e a terra Eu passarinho Passarinho você. Para onde vai, afinal Aquilo que teima Em não passar? *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Retrato do artista quando coisa*

A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas. *Manoel de Barros

A liberdade e a gratidão*

Jamais deixamos de orbitar em nós mesmos, por isso, o contato com outras vidas é tão determinante e fundamental. É esse o fenômeno que nos lança na direção das descobertas que tanto precisamos encontrar e que sempre provém de dentro para fora de nós mesmos. E assim, me parece que prosseguimos produzindo pontes altamente capazes de nos conectar, sobretudo, quando ousamos atravessá-las. Foi assim que encontrei em tantos abraços a força que faltava, pois de tão apertados, "pois-se" tudo no lugar. Foi assim, que os melhores momentos se tornaram eternos figurando sempre no agora. Foi assim, que um beijo roubado despertou as melhores flores dos jardins de duas almas, as quais, em silêncio, conhecem a fundo os legados que deixaram tão somente por amor. Foi assim que a poesia transbordou em mim trazendo a tona o melhor de nós mesmos e ainda, por conseguinte, o melhor que podíamos alcançar. Foi assim que nós nos transformamos e nos superamos juntos, não raro sob a aur

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Lemos, penso eu, para sanar a solidão, embora, na prática, quanto melhor lemos, mais solitários ficamos" "Não temos palavra adequada para explicar Shakespeare: ele escapa a qualquer categorização disponível" "Não somos a medida das coisas, mas os logrados pelas coisas. A Caverna é pessoal, uma toca fechada, isolada do mundo comum" "Lembrando Samuel Johnson: '(...) ensinou-nos que a essência da poesia é a invenção, no sentido de descoberta'" "Citando Alexander Nehamas: '(...) defende a hipótese de que Nietzsche encara a vida como um texto literário, seres humanos como personagens literários e o conhecimento como critica literária'" "Tudo o que buscamos já está na nossa presença, e não distante de nós" "O que há de melhor e mais maduro em nós há de responder, integralmente, àquilo que pretendemos enxergar" "Contemplamos na vasta escritura de Cervantes aquilo que já

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