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Prefácio*

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) — sem nome. Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé. Insetos errados de cor caíam no mar. A voz se estendeu na direção da boca. Caranguejos apertavam mangues. Vendo que havia na terra Dependimentos demais E tarefas muitas — Os homens começaram a roer unhas. Ficou certo pois não Que as moscas iriam iluminar O silêncio das coisas anônimas. Porém, vendo o Homem Que as moscas não davam conta de iluminar o Silêncio das coisas anônimas — Passaram essa tarefa para os poetas. *Manoel de Barros

A imaginação e o sonho*

As coisas reais dos sonhos e da imaginação, por vezes não parecem menos reais do que a realidade. Sonhava seguidamente De forma urgente e vivaz Com duas casinhas perdidas Uma matrícula não feita Uma viagem perdida Um amor não acontecido Duvidava se isto Não teria acontecido Em sua vida... Incompletudes Interrupções Inconclusões Pedaços de um quebra-cabeças Perdidos...!! *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Via Láctea*

 “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A Via Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” *Olavo Bilac

As palavras e os pássaros*

Da torre de marfim Na ilusão do saber/poder Ornados da vaidade e orgulho Alguns se sentem deuses Longe do povo aprendiz Para que? Para alimentar seus complexos Se vestem de máscaras Se fantasiam de donos da verdade Criticam e julgam Disfarçando suas misérias Para que? Nossas palavras são pássaros Vozes que vem do coração Que gritam da alma Em versos simples descrevemos O pão da terra e as lágrimas De todos que vivem as dores E amores do humano Para que? Para dar as mãos em parceria Conseguir vencer as sombras Dar um salto quântico E no infinito se dissolver Em pó de estrelas cósmicas. Para que? Para nada! Pelo simples prazer De sentirmos pertencentes De sermos eternas crianças a brincar Com letras e símbolos No grande jogo do viver e ser. *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O médico é o 'instrumento por cujo intermédio a natureza é levada à obra... O remédio cresce espontaneamente e surge da terra, destarte nós nada criamos'. O que o médico faz não é obra sua. 'O exercício desta arte está no coração: sendo teu coração falso, também será falso o médico dentro de ti'" "Sou médico e lido com pessoas simples. Sei, por isso, que as universidades não são mais fonte de conhecimentos. As pessoas estão cansadas da especialização científica e do intelectualismo racional. Elas querem ouvir a verdade que não limite, mas amplie; que não obscureça, mas ilumine; que não escorra como água, mas que penetre até os ossos" "Muitas vezes já nos aconteceu redescobrirmos repentinamente um poeta. Isto ocorre quando nossa evolução consciente já alcançou graus mais elevados, e, a partir deles, o velho poeta nos diz algo de novo. Já existia antes em sua obra, mas era um símbolo escondido que só nos foi permitido ler após uma

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