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Sobre a arte de redigir silêncios*

Uma fenomenologia da espera descreve seu vocabulário pela quimera a se mostrar. A palavra refugiada na estrutura do silêncio parece dizer mais. Seu instante fugaz aponta entrelinhas por um esboço. Seu viés de anonimato multiplica-se nos enredos da expressão absurda. A suspeita de uma razão vigiada persegue eventos pelos contornos da ficção. Talvez a novidade, como um deslize da ideia não declarada, mostre-se nas páginas em branco. Esses episódios se sucedem em pretextos para um sentido à margem do sentido. Os manuscritos do inesperado podem ser anúncios ao cogitar invisibilidades. Ao interrogar esses indizíveis esconderijos das pérolas imperfeitas, um olhar perscruta a geografia dos exílios. Espaços desacreditados se protegem em códigos próprios. Os rituais da linguagem singular apreciam sua redescoberta. Espaços calados a exibir sua diversidade em seus rastros. Uma interrogação se desdobra para além das respostas conhecidas. A brevíssima divisão entre dizer e não dize

Tabuleiro de cores*

O preto no branco, o branco no teto, o trato mal das ideias, O branco e preto, o feto, o acerto de contas, o branco dita – regras – dura e purifica linguagem, limpa o chão por onde pisa. O preto e o branco nos afetos, acerto histórico, a morte é o fim. Todas as cores no céu, sem luta não existe arco-íris. O branco é a ordem, a bandeira é da liberdade, a história é preta e branca, todas as cores, todos os olhos, linguagem é o que faz da vida o tabuleiro da imaginação. Amor à vida, olhos desnudos, corpo por cima, todas as cores feminino-masculino, o viés une os dois. Formas de expressar, diversidade de ver, recusar, deixar o céu da boca, saliva da LIBERDADE. *Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes Filósofo. Editor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Exprimir-se é portanto um empreendimento paradoxal, uma vez que supõe um fundo de expressões aparentadas, já estabelecidas, e que sobre esse fundo a forma empregada se destaque, permaneça suficientemente nova para chamar a atenção. Trata-se de uma operação que tende a sua própria destruição, uma vez que se suprime à medida que se propaga, e se anula se não se propaga. Assim, não se poderia conceber uma expressão que fosse definitiva, pois as próprias virtudes que a tornam geral a tornam ao mesmo tempo insuficiente" "(...) jamais encontramos na fala dos outros senão o que nós mesmos pusemos, a comunicação é uma aparência, ela nada nos ensina de verdadeiramente novo. Como seria ela capaz de nos arrastar para além de nosso próprio poder de pensar, já que os signos que ela nos apresenta nada nos diriam se já não tivéssemos em nosso íntimo sua significação ?" "Nossa língua reencontra no fundo das coisas a fala que as fez" "(...) a linguag

Todo o mundo tem um pouco*

Diz a sabedoria popular que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. De onde surgiu essa ideia? Não gosto muito de generalizações, mas, no meu caso particular, consegui o diploma de médico bem cedo na vida. Aos vinte e três anos já o tinha segurado nas mãos, levado para emoldurar e, poucos dias depois, estava lá, devidamente afixado em lugar nobre na parede do consultório. O título de louco foi muito mais difícil de conquistar. Exigiu um tempo bem maior para me aprimorar e, por enquanto, não está em exposição. Confesso que durante a faculdade, cheguei a pensar em ser psiquiatra, mas todos os que eu conhecia eram, digamos assim, “um tanto” estranhos, e não queria, de forma alguma, ficar parecido com eles. Na época, fugia de qualquer coisa que se assemelhasse à loucura. A brincadeira era fazer do velho ditado um trocadilho, e dizer que os psiquiatras tinham “um pouco” de médico e “muito” de louco. Generalizações, como é sabido, conduzem a equivocidades. Durante décadas,

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Percebi que é inútil falar aos outros sobre coisas que não sabem. Quem não compreende a injúria que inflige a seus semelhantes falando de coisas que ignoram é um ingênuo. Perdoa-se um tal descuido só ao prosador, ao jornalista, ao poeta. Compreendi que uma ideia nova, isto é, um aspecto inusitado das coisas só se afirma pelos fatos. Os fatos abandonados nem por isso desaparecem; um belo dia ressurgem, revelados por alguém que compreende seu significado"  "O que se é (...) só pode ser expresso através de um mito. Este último é mais individual e exprime a vida mais exatamente do que o faz a ciência, que trabalha com noções médias, genéricas demais para poder dar uma ideia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma vida individual" "Em muitos casos psiquiátricos, o doente tem uma história que não é contada e que, em geral, ninguém conhece. Para mim, a verdadeira terapia só começa depois de examinada a história pessoal" "(...) Foi um s

A brisa e o poema*

Receba este poema Não faz mal Que eu não veja Não faz mal Que eu não seja É para que o mundo Te veja mais bonita. Só ria, neste dia Voa, vai você Eu fico Com a brisa suave Da saudade Que me leva Para onde moram Os olhinhos teus. Que seja Receba este poema Para fazermos um abrigo Nos braços dos abraços A janelinha por onde espio O nascente e o poente É uma espécie de melodia Da minha poesia...! *José Mayer Filósofo. Poeta. Livreiro. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) o interesse da vida onde sempre esteve foi nas diferenças" "(...) a pintura não é mais do que literatura feita com pincéis. Espero que não esteja esquecido de que a humanidade começou a pintar muito antes de saber escrever" "A literatura já existia antes de ter nascido" "É bem verdade que na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se aproveita" "Entre o martelo e a bigorna somos um ferro em brasa que de tanto lhe baterem se apaga" "Duvida-se, por exemplo, ainda que seja sempre de boa prudência duvidar da própria dúvida" "Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é q

O homem como objeto abstrato da ciência*

O positivismo não é criticado pelo valor que a ciência possui ou adquiriu na sociedade. O problema não é a ciência, que demonstra a cada dia seu valor a partir das suas conquistas e resultados. O problema da mentalidade positivista está postular o conhecimento científico como o único possível e aplicável a todos os âmbitos da realidade, inclusive às relações humanas e sociais em geral. O grande problema de reduzir todo o conhecimento ao científico está em despersonalizar o homem. Pois, para que o homem seja o centro de referência da investigação científica, ele precisa ser concebido de modo abstrato. Ou seja, o homem é despojado de suas determinações singulares, reduzindo-se a um objeto de investigação. Mais do que isso, ele é convertido a um sujeito formal e genérico e inserido em uma rede de relações abstratas e estruturas quantitativas. Desse modo, a mesma ciência que tem como procedimentos metodológicos o trabalho com esquemas, mensuração, repetição, relações e regular

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"É com seu próprio deus que as pessoas são mais desonestas: não lhe é permitido pecar" " O amor a um único ser é uma barbaridade: pois é praticado às expensas de todos os outros. Também o amor a Deus" "O sábio como astrônomo - Enquanto você sentir as estrelas como 'algo acima', falta-lhe ainda o olhar do conhecimento'" "A mulher aprende a odiar na medida em que desaprende a - enfeitiçar" "Experiências terríveis fazem pensar se aquele que as vive não é algo terrível" "Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos" "Na vingança e no amor, a mulher é mais bárbara que o homem" "É o baixo ventre que impede o homem de considerar-se um deus" "Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você" "O que se faz por amo

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