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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos" "O sábio como astrônomo - Enquanto você sentir as estrelas como 'algo acima', falta-lhe ainda o olhar do conhecimento" "É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos" "(...) as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os sutis e, em resumo, as coisas raras para os raros" "Todo homem seleto procura instintivamente seu castelo e seu retiro, onde esteja salvo do grande número, da maioria, da multidão (...)" "Um filósofo: é um homem que continuamente vê, vive, ouve, suspeita, espera e sonha coisas extraordinárias; que é colhido por seus próprios pensamentos, como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, constituindo a sua espécie de acontecimentos e coriscos; que é talvez ele próprio um temporal, caminhando prenhe de novos raios; um homem fat

Breves reflexões e outros apontamentos*

A vida humana é dor, angústia, sofrimento; caminhamos, a cada dia, para o nosso último suspiro, e somente uma personalidade mimada e imatura exige, como se jamais fosse encontrar o seu fado, uma vida tranqüila e confortável todo o tempo. Mas os breves momentos em que, compartilhando o que há de mais elevado na humanidade, alcançamos a pura felicidade - ao participarmos da vida das pessoas amadas, ao lermos um bom livro, ouvirmos boa música ou contemplarmos o céu estrelado - compensam luminosamente todas as inevitáveis frustrações, impotências e amarguras da vida. É uma pena que tantos, em nosso tempo, substituam o que há de melhor na vida humana pela alegria efêmera dos remédios (servidos em copos gelados ou em comprimidos coloridos) e do consumo de reluzentes inutilidades: o arrependimento por ter desertado quando se era chamado a viver a tragédia da existência é inútil quando o que resta é a descoberta de que se está morrendo sem haver jamais vivido. *Prof. Dr. Gustav

Movimento(s) de Leitor*

“A arte só está próxima do absoluto no passado, e é apenas no Museu que ela ainda tem valor e poder.”                                                        Maurice Blanchot Meu grupo é tão seleto que não existe, vivo no limbo da desatenção, permaneço só. A multidão amordaça, é calada, dizimada que nem cauda da serpente explodindo por balas perdidas. Vejo no espelho o movimento do corpo, a luz difusa, a névoa de um domingo quase sol meio cinza. Corro louco, feito refugiado, do meu próprio país para ver o mar. Não olho para trás nunca mais é forte demais. Fuga dos sonhadores, minha alma dentro do casaco cinza que atravessa o frio sem se entregar. Depois, nado fundo para não mais voltar. Jamais. Sigo em braçadas até o fim do livro. Leitura voraz, audição do silêncio. A mesma cena que passa aos olhos é um filme autoral, a mesma cruz um sonho insistente de causar questionamentos. Ouço o tilintar do pensamento, notas dissonantes, ritmo das pernas, braços em sincronia ao ba

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"E nada há mais belo que o momento que antecede à viagem, o instante em que o horizonte de amanhã vem visitar-nos e contar as suas promessas" "(...) porque os versos de Jaromil pareciam-lhe ininteligíveis e pensou consigo mesma que havia nos seus versos mais do que seria capaz de compreender e que, consequentemente, era mãe de uma criança prodígio" "(...) as palavras comuns são feitas para se apagarem assim que tiverem sido pronunciadas, não têm outro objetivo senão o de servir ao instante da comunicação" "(...) o que há de mais belo nos sonhos, dizia ele, é o encontro improvável de seres e de coisas que não poderiam encontrar-se na vida real" "(...) lembremo-nos desta carta de Rimbaud -  'todos os poetas são irmãos e apenas um irmão pode reconhecer num outro irmão o sinal secreto da família'" "Delirem comigo!, exclama Vitezslav Nezval dirigindo-se ao seu leitor, e Baudelaire: 'É preciso estar é

A poesia em alto mar*

A linguagem poética Seria um frágil barco Que navega á deriva Outras vezes em alto mar?. Anseia pelas coisas minúsculas Que poucos se atrevem a ver Busca dizer alguma coisa Sobre o impossível de falar E de outro modo Insuportável de calar. A poesia em alto mar Não seria da vida Uma tábua de salvação Da surdez da linguagem Que de outro modo Permaneceria muda..? *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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