Aos poucos construo
minha casa.
Ela tem um telhado
tradicional,
grande varanda por toda
a volta para driblar o calor
excessivo
dos dias maiores.
Há passarinhos no final
da tarde
e a calma ali é muito
grande;
estamos bem e
tranquilos.
Nessa casa posso
receber quem quero
com o agrado que tiver:
pedacinhos de pão para
os gatos,
água para as samambaias
e os beija-flores.
Sem dúvida, ali poderei
discutir o que quiser com os
colegas;
falarei do que faço
e planejarei um
progresso contínuo deste ser,
a partir da única
vigilância que existirá: sobre a mente.
Esta casa - de tão
confortável, simples -
está em meio à
natureza,
coisa que não existe
tanto hoje.
Atrás de nós há uma
montanha bonita, arredondada
estamos ao pé dela.
Uns quilômetros aqui à
frente está o mar.
E ficamos um bocado
sozinhos da civilização.
Não há tecnologia que
nos importune
nem a necessidade de
nos curvarmos a ela,
que não nos salvará de
nós mesmos.
Alguns momentos na vida
consigo residir neste local.
Vejo que é tão fácil
quanto imperceptível;
a solução está em nós.
Por isso, só aos poucos
posso me reforçar
e ver que meu universo
é bem melhor
do que esse pedaço de
materiais
que tento tanto juntar
para me ver abrigada.
A casa é quem sou.
* Vânia Dantas
Filósofa Clínica
Brasília/DF
Comentários
Postar um comentário