Querido leitor, que
você esteja bem.
Como sabemos, a montanha foi usada por muitas civilizações e
continua assim até nossos dias. O filósofo, professor e montanhista Arne Naess,
por exemplo, usou o termo "pense como uma montanha", para ressaltar
sua crença de que devemos primeiro reconhecer que somos parte da natureza e não
separados dela, se queremos evitar uma catástrofe ecológica.
Corrobora com o que o
ex-reitor da Unipaz, Pierre Weil, sempre defendeu como o grande paradigma de
nossos dias, que é o paradigma da fragmentação.
O ecologista Aldo
Leopold em seu livro cujo título é “Pensar como uma Montanha”, também diz que
devemos, inicialmente, pensar como uma montanha, reconhecendo não apenas nossas
necessidades ou a dos seres humanos, mas as de todo o mundo natural, de todos
os seres vivos.
Ele chegou a essa conclusão trabalhando como guarda florestal
no início do século XX, quando atirou numa fêmea de lobo em uma montanha, e
disse que alcançaram a velha loba a tempo de ver um brilho verde selvagem
morrendo em seus olhos, percebendo que havia algo novo naqueles olhos, algo
conhecido apenas pela loba e pela montanha. A partir dessa experiência, ele
sugeriu que, com frequência, não percebemos as implicações mais amplas de
nossas ações, se considerarmos apenas o benefício próprio e imediato.
Pensar como uma
montanha significa se identificar com o ambiente mais vasto e estar consciente
do seu papel em nossas vidas. Pensar como uma montanha é compreender que somos
parte da biosfera.
Pensar como uma
montanha é entender nossa responsabilidade em relação a todos os seres vivos.
Conscientes deste fato
devemos pensar sobre as necessidades de longo prazo no meio ambiente como um
todo. O filósofo, professor e montanhista Arne Naess diz que em lugar de ver o
mundo separado de nós, devemos descobrir nosso lugar nele, reconhecendo o valor
intrínseco de todos os elementos do mundo em que vivemos.
Onde está o dentro,
onde está o fora? Podemos fazer um breve exercício para tentar entender o que
estes mestres querem nos mostrar como fragmentação. Feche os olhos. Preste
atenção agora na sua respiração. Observe o ar que entra em seus pulmões, o ar
que entra e o ar que sai: onde está o dentro, onde está o fora do ponto de
vista do ar? Assim como o ar, também poderemos ter essa experiência com a
terra, a água e o fogo.
De acordo com a visão
poética de Robert Aitken Roshi, professor da tradição Zen, quando o ser humano
pensa como uma montanha, pensa também como um urso negro, de modo que o mel
escorre por sua pele enquanto toma o ônibus para o trabalho.
Lembrando que isso é
assim para mim hoje.
*Beto Colombo
Administrador, filósofo clínico, escritor, coordenador da filosofia clinica na UNESC
Criciúma/SC
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