Pular para o conteúdo principal
Acaso versus Sincronia*

Querido leitor, que você esteja em paz.

Você já parou para pesquisar a quantidade de invenções, verdadeiros avanços para nossa humanidade, que foram descobertas e inventadas por acaso? E que, às vezes uma frase, uma ideia, um livro pode contribuir muito com as pessoas, as organizações e até salvar um emprego?

Atrás da minha mesa de trabalho, em meu escritório, há um painel com frases de pensadores que me foram muito úteis no passado. Algumas delas já não me fazem tanto sentido, outras, nenhum sentido, mas há algumas que me são atualíssimas.

“Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”, de Sêneca, é um exemplo dessas frases atuais. Ela pode significar algo extremamente importante para uma pessoa, para uma organização, na medida em que foca no seu propósito, no seu objetivo, em seu norte.

É uma frase feita, mas para alguns, ainda tem seu valor. Imagine um planejamento estratégico de uma determinada empresa: um grupo de profissionais, desde o corpo diretivo até o de chão de fábrica, caso não haja um consenso nas ações, é possível que cada um puxe para um lado e o “barco” afunde. E, como sabemos, estamos todos no mesmo barco.

Questões como essas podem vir do acaso, surgidas depois de muito debater, discutir e eis que aparece a genial ideia. Mas nem sempre é assim. Muitas vezes elas surgem do acaso fortuito e sincrônico. E exemplos não faltam.

O que têm em comum a plasticina, o raio-X e a batata palha? À primeira vista, nada. Mas num mergulho mais profundo na origem destas invenções vamos perceber que nasceram de um acidente ou por mero acaso.

A plasticina, por exemplo, era um produto de limpeza para papel de parede. Foi Joseph McVicker que, em 1956, resolveu emprestar um pouco do produto à cunhada que era educadora infantil. Ela viu ali um brinquedo ideal para acalmar crianças irrequietas.

Já a batata palha, pasmem, nasceu como forma de vingança, em 1853. Depois de um cliente se queixar que as batatas fritas estavam muito grossas, George Crum, um cozinheiro amargurado, decidiu cortá-las o mais fino possível, carregá-las de sal e torná-las o mais tenras possível. Ao estilo "toma lá que já almoçaste". O cliente adorou.

Estas e outras invenções acidentais fazem parte do livro "Invenções Acidentais que Mudaram as Nossas Vidas", de Birgit Krols, publicado pela Booksmile.

Diante de tantos avanços vindos do acaso, do novo descoberto sem querer, me vem à mente o tratado de Carl Jung sobre Sincronicidade. Será que existe acaso ou é tudo uma sincronicidade?

Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado. Desta forma, é necessário que consideremos os eventos sincronísticos não relacionado com o princípio da causalidade, mas por terem um significado igual ou semelhante. A sincronicidade é também referida por Jung de "coincidência significativa".

Seja por acaso ou por sincronia, que cada ideia seja considerada, seja ponderada, seja levada em conta. Onde há tudo isso, todos saem ganhando. A própria vida é uma medida de competição. Portanto, todas as áreas onde queremos crescer e progredir, para mim, devem possuir algum vento contra.

Quantas empresas e organizações mantém a peso de ouro pessoas que sabem se contrapor à unanimidade? No dizer do Rabino Nilton Bonder, precisamos criar uma cultura em que fomentemos e dependamos de oposições sincrônicas ou do acaso. Sempre que alguém discordar de você, ao invés de se sentir confrontado, perceba a incrível oportunidade de ouvir uma voz discordante. Quantas pipas não estariam hoje voando se tivessem um pouco de vento contra?

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre acaso versus sincronia?

*Beto Colombo
Empresário, escritor, filósofo clínico, coordenador da filosofia clínica na UNESC
Criciúma/SC

Comentários

Visitas