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Agna é menina Gustavo Bertoche Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ Agna, portanto, é uma menina. Surpreende-se com o mundo - e com ela mesma. Haverá diferença entre o mundo que Agna vê e a própria Agna ? Não vê ela o mundo com seus olhos ? Agna tem dúvidas: não sabe se ela é um ser-no-mundo ou se o mundo é um ser-em-Agna. Existirá de fato ? A leitora sabe a resposta. Agna é um ser-no-mundo, porque é uma invenção da pobre alma que escreveu este livro. A dúvida de Agna não tem sentido. Uma outra leitora, que sabes superficial como não és (te sei profunda), diria talvez ser Agna um não-ser - um fruto da imaginação de um autor louco. Não responda à outra leitora que sabes que um ser imaginado é um ser real, um ser mais real até do que o que é real, um ser que é real em sua própria e específica realidade - é um ser super-real, um ser surreal. Sabes que a palavra surreal é a equivalente francesa de super-real, e sabes que o super-homem é exatamente o homem que vive na realidade mai
Todos falam mal de todos Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Por que todos falam mal de todos? Esta é uma pergunta que não cala. Constantemente me perguntam com ansiedade se falar do outro é instintivo ou aprendido. Fico num beco sem saída, pois a cada dia mais compreendo que não existe resposta certa ou verdadeira. As questões têm vários ângulos e normalmente pegamos um só ângulo, o tomamos como um todo, o reduzindo a uma reposta, nos arvorando de uma saber poder equivocado. Quem pergunta quer uma resposta. No caso desta pergunta a coisa fica mais feia, pois o mal estar de se perceber no centro do julgamento do outro é profundamente incomodativo. Falar do outro é fácil, mas se sentir alvo de crítica é muito ruim. Vamos pegar uma vertente psicológica e refleti-la filosoficamente. Começando co uma dúvida: - Por que o outro nos incomoda a ponto de falarmos mal dele? Projeção da sombra? Inveja? Competição? E muito mais questões subjetivas. Que
Verdades subjetivas Bruno Packter Filósofo Clínico Florianópolis/SC Na filosofia clínica, tratamos dos pré-juízos como verdades subjetivas que a pessoa traz previamente e que entrarão em contato com suas vivências. Por exemplo, algo é assim para ela, antes mesmo de conhecer mais a seu respeito. Portanto, pré-juízos dizem respeito a verdades, tratam do que é a priori e tendem a uma conclusão, um dado que se cristalizou em uma verdade. Em alguns casos, os pré-juízos não passam por questões ligadas aos defeitos ou virtudes. Os pré-juízos correspondem a tudo o que uma pessoa é, tudo o que ela pensa ser, fazendo parte de suas crenças e verdades subjetivas, e que também para o “outro”, ocorra desta forma. Podemos ser diferentes e ainda assim estarmos certos, tudo ao mesmo tempo. É preciso, na medida do possível, partindo-se de cada estruturação, abrir caminho às diferenças.
Sou Flávio Sobreiro São Paulo/SP Sou a mistura das cores o preto e o branco o cinza das nuvens e o azul do mar Sou a chuva com raios e trovões a brisa serena o sol que queima e arde Sou a poeira da inexatidão o abstrato das impressões o sal que dá sabor Sou um coração que sonha uma alma que acredita Sou a essência de mim mesmo e nada mais que isso Sou a crença no futuro a esperança que é verde a tristeza que também chora Sou o encanto que se perde na utopia o reencontro com a chegada o desespero da partida Sou a alegria que vem do olhar a melodia que vem do ar o frio das madrugadas de inverno Sou todas as estações ao mesmo tempo sou humano
INVESTIR NA INCERTEZA Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Poetas gostam de falar de amor. São grandes amantes, flertam, escrevem lindas poesias, mas quase nunca permanecem casados. A maioria dos mestres espirituais que transcenderam são solteiros e castos, não trabalham e vivem de auxílios financeiros. Grandes filósofos também não fogem à regra e terminam seus dias solitários. Apesar de todos esforços, não me considero grande poeta, guru, filósofo ou amante. Isto não impede minha eterna busca, curiosidade e aprendizagem, mesmo que à duras penas, das nuances do amor. Com os devidos cuidados, para não ser condenado à solidão amorosa por pensar demais, vou me aventurar a discutir o assunto iniciando pelas bordas, muito embora exista a versão de que em matéria de amor o segredo é envolver-se por inteiro, não deixando espaço para um relacionamento morno. O fato de pensar o amor seria um obstáculo para a convivência entre amantes? O velho ditame popular “Quem pens
Inventários Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica J., 50 anos, em uma quarta-feira à tarde, em meu consultório, fez seu inventário habitual de final de ano. Entre os que partiram em 2008, Paul Newman (uma geração o lembrará para sempre como Butch Cassidy, de 1969), Bobby Fischer (que em 1972 venceu Spassky em uma das mais improváveis páginas enxadrísticas de todos os tempos), Dorival Caymmi (É doce morrer no mar...), Ruth Cardoso, Arthur Clarke (2001: uma Odisséia no Espaço), Jamelão. Para quem mais além deles morreu, a J. não interessa. Interessante notar que em 2008 J. perdeu um filho. Livro, só houve um: A Viagem do Elefante, de José Saramago. O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza, é muito bom, mas J. não comenta. A cheia em Santa Catarina, quase 80 mil pessoas desabrigadas, fome, saques, medo. Por muito tempo será lembrada. A eleição de Barack Obama será um marco, assim como Sarah Palin, marcos por motivos que não se encontram, mas que se explicam um diante do ou
Vidas do Fora Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Ainda estou impregnada de vocês, de vida, excesso de pensamentos. Os livros entre as mãos num devorar de escrituras. A chuva que cai, seus pingos tilintantes fazem passar imagens entre suspiros, um mosaico de gritos, silêncios. Sem escafandro me lanço! "O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria" (William Blake) Aos que me tocaram mesmo sem saber, meu abraço e meu carinho.
RASCUNHOS FILOSÓFICOS SOBRE UM (NOVO) CONCEITO ÉTICO DE SUBJETIVIDADE EM CLÍNICA Will Goya Filósofo Clínico Brasília/DF Resumo: A Filosofia clínica tem sido equivocadamente compreendida como uma razão instrumental e criticada como não sendo nem autêntica filosofia, nem sequer terapêutica. Entretanto, nela subjaz um novo contorno fenomenológico do conceito de subjetividade e um núcleo ético capaz de orientar, com grande força terapêutica, costumes e modos de ser aos indivíduos que partilham junto ao filósofo clínico um cuidado existencial. Palavras-chave: filosofia clínica, subjetividade, ética. Um texto como pretexto de discussão, uma canção a tantas músicas sem letras, quem sabe apenas uma distração aos ânimos demasiadamente concentrados em seus focos de vigilância, não sei... O que aqui pretendo é mais um repensar algo da práxis clínica da filosofia, criada pelo filósofo Lúcio Packter. Em particular, gostaria de atender ao reclame da ainda tarda polêmica questão de s
"Meus heróis morreram de overdose" Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Um milhão de anos atrás, o mundo era bem diferente, e por incrivel que pareça, ainda carregamos certos traços e predileções herdadas de nossos antepassados. As emoções permanecem as mesmas desde que o mundo é mundo. Alegria, tristeza, raiva, amor, saudade, ódio foram sendo estudados, segmentados, refinados, mas a verdade é que em maior ou menor intensidade, sempre se fizeram presentes na humanidade. Os homens das cavernas defendiam-se dos inimigos como podiam. Usavam mãos, pedras e ossos e só os mais aptos sobreviveram. Quando sobrava algum tempo, se acasalavam e procriavam. Alguém tinha que cuidar dos filhos pequenos, pois cobras, aranhas, ursos, lobos e até inimigos de outras tribos podiam atacá-los. O homem primitivo aprendeu que vivendo em grupo, poderia ter benefícios em relação a segurança, alimentação e acasalamento. Os mais fortes eram destacados para as tarefas perigosa
Axiologia Andrea Vermont Filósofa Clínica Uberlândia/MG O grande desafio do “terapeuta”, e ai incluindo todas as “terapias”, talvez não seja a absorção de conteúdos, nem o labor da formação, e nem mesmo os mundos que se fenomenalizam diante de si, na pessoa do outro. O maior desafio talvez, seja ter que conflitar constantemente seus valores, com os valores que ali se desnudam e ainda assim não pré-conceituar, não direcionar, não significar... Bem dizia o velho Sartre: “Meu inferno são os outros”, pois o diferente atua em mim como um fator revelador, que coloca em questionamento também a minha história, meu ser, meus valores, e especialmente a minha dificuldade de lidar com a alteridade. Pensando no mundo Schopenhaueriano, como sendo uma representação pessoal de cada um, nos deparamos com as dificuldades em aceitar a representação axiológica do outro, quando esta é muito diferente da minha, pois quando eu “estou” terapeuta, eu não consigo
O melhor caminho Gustavo Bertoche Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ Sei qual é o caminho mais curto até minha casa. Faço o trajeto mais longo, caminhando sob a chuva, só para me divertir às minhas custas.
Vida Compartilhada Dra. Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG A inteligência humana sempre acha soluções incríveis que vão superando nossa imaginação. Hoje, quando se opta pela simplicidade voluntária, possibilidades infinitas surgem facilitando a vida, driblando a rotina. Você já pensou em compartilhar sua casa de praia com outros que têm casa de veraneio em outros lugares do país e do mundo? A troca de casa abre novas oportunidades de conhecer lugares nunca antes pensados e pessoas diferentes no entorno. Quem já pensou e compartilhar carros, livros e mil outras coisas úteis e mesmo inúteis? È a antiga troca entre amigos que foi deixado de lado. Abrindo mão do egoísmo, colocando a economia e a criatividade em foco, o brincar acontece simplesmente na vida compartilhada. As mulheres, que adoram as novidades, poderiam trocar bolsas, roupas, enfeites e exercitar a criatividade abrindo para a economia sustentável. Basta organizar um grupo de amigas e experimentar. Homens podem co

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