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Postagens

Este é o prólogo*

Deixaria neste livro toda a minha alma. este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas. Que pena dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam ! Que tristeza tão funda é olhar os retábulos de dores e de penas que um coração levanta ! Ver passar os espectros de vida que se apagam, ver o homem desnudo em Pégaso sem asas, ver a vida e a morte, a síntese do mundo, que em espaços profundos se olham e se abraçam. Um livro de poesias é o outono morto: os versos são as folhas negras em terras brancas, e a voz que os lê é o sopro do vento que lhes incute nos peitos - entranháveis distâncias. O poeta é uma árvore com frutos de tristeza e com folhas murchas de chorar o que ama. O poeta é o médium da Natureza que explica sua grandeza por meio de palavras. O poeta compreende todo o incompreensível e as coisas que se odeiam, ele, amiga

Uma questão de escolha*

Você pode escolher entre uma relação estável morna e convencional, ou uma relação estável quente e fora do normal. Você pode até se orgulhar de ser de alguém. Pode escolher passar a vida toda frustrado sexualmente com o seu parceiro, procurando aventuras fora do casamento ou ser alguém sorridente, seguro e fora do padrão chulo de comportamento que norteia a vida dos casais pela história de todos os tempos. Conhecer uma pessoa, saber sobre seu caráter, transar com ele quase que de primeira, adorar fazer isto com ele e depois ir descobrindo motivos que te façam permanecer ou não na relação, propõe entendimento e felicidade a dois. Ou conhecer alguém, negar a atração física, dificultar o momento da transa se fazendo de difícil, passar meses descobrindo sobre os benefícios que terá a partir de uma relação estável, pensar que se apaixonou e se envolver apresentando ele para todo o seu circulo social e familiar e quando for para cama com ele – meu Deus – pensar como vai pass

O Universo é o Sonho de um Sonhador Infinito*

1. Não conhecemos senão as nossas sensações. O universo é pois um simples conceito nosso. 2. O universo porém — ao contrário de e em contraste com, as nossas fantasias e os nossos sonhos — revela, ao ser examinado, que tem uma ordem, que é regido por regras sem excepção a que chamamos leis. 3. À parte isso, o universo, ou grande parte dele, é um «conceito» comum a todos os que são constituídos como nós: isto é, é um conceito do espírito humano. 4. O universo é considerado objectivo, real — por isso e pela própria constituição dos nossos sentidos. 5. Como objectivo, o universo é pois o conceito de um espírito infinito, único que pode sonhar de modo a criar. O universo é o sonho de um sonhador infinito e omnipotente. 6. Como cada um de nós, ao vê-lo, ouvi-lo, etc., cria o universo, esse espírito infinito existe em todos nós. 7. Como cada um de nós é parte do universo, esse espírito infinito, ao mesmo tempo que existe em nós, cria-nos a nós. Somos distintos e

Aberto a Sugestões*

Cada um é um em sua individualidade e singularidade! Essa máxima tem que nos nortear para que possamos entender o outro e aprendermos a lidar com a individualidade! Imagine você se é fácil conseguir isso? Eu digo que não é. Porém, é urgente!  A humanidade padece de uma doença cada vez mais contagiosa que é o velamento do próprio ser humano! Reclusos em nossos casulos, cada um de nós temos nossos próprios pontos de vista, porém não aceitamos compartilhá-lo com as alteridades. As alteridades são extremamente importantes na construção de nossa representação da realidade! Nunca vemos coisas iguais! E são as diferenças que nos fazem conhecer as coisas. Não sei se estou viajando, mas acredito que enquanto não soubermos compartilhar nossas experiências, a humanidade não irá muito longe... Triste fim esse! Pobre de nós... Mas não adianta reclamar! Mãos à obra homens! Vamos construir um mundo melhor para nossos filhos e netos! Respeitando as diferenças e as individuali

Elogio da sombra

A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão) pode ser o tempo de nossa felicidade. O animal morreu ou quase morreu. Restam o homem e sua alma. Vivo entre formas luminosas e vagas que não são ainda a escuridão. Buenos Aires, que antes se espalhava em subúrbios em direção à planície incessante, voltou a ser La Recoleta, o Retiro, as imprecisas ruas do Once e as precárias casas velhas que ainda chamamos o Sul. Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas; Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar; o tempo foi meu Demócrito. Esta penumbra é lenta e não dói; flui por um manso declive e se parece à eternidade. Meus amigos não têm rosto, as mulheres são aquilo que foram há tantos anos, as esquinas podem ser outras, não há letras nas páginas dos livros. Tudo isso deveria atemorizar-me, mas é um deleite, um retorno. Das gerações dos textos que há na terra só terei lido uns poucos, os que continuo lendo na memória,

Encontro*

Caminho pela vida como quem caminha lenta e Suavemente numa estrada de terra, Ouvindo o silêncio quente da tarde ensolarada Meus pés estão descalços... Sinto o calor duro do chão ao caminhar Minha pele se embriaga de calor dourado Não quero mais ser existente Já nem lembro mais como é Ser... Não existe mais passado nem futuro. Eu só estou. E me aqueço no momento de estar só. O que sou eu nunca sei...   Neste instante todos os momentos da minha vida estão comigo E os vejo novamente como quem tivesse um filme nos olhos, De repente o capim na beira da estrada, ressequido pelo sol, Não é mais do que as minhas lembranças que ficaram estáticas dentro dos meus olhos. Sons palpáveis fazem eco para onde olho. E sou toda a eternidade da vida. *Helena Monteiro Poeta, estudante de filosofia clínica Petrópolis/RJ

Fragmentos de poesia, filosofia, vida*

"(...) Nesta trajetória, em parte minha, em parte de minhas ficções - já escritas ou ainda nem definidas - ficou-me a certeza de que o bem supremo não é a vida mas uma vida digna; o bem maior não é o amor mas um amor que dê alegria e paz - e que, mesmo se terminar, continuará nos aquecendo na memória. E que há sempre, em algum lugar talvez inesperado, a possibilidade de música e vôo. Não há fase da vida para ser paciente e virtuoso; não há idade para ser belo, amoroso e sensual. De todos os meus livros, este é especialmente uma série de reflexões, em prosa e em poesia, sobre os medos e alegrias, ganhos e perdas que nos traz o amor em suas várias formas. Ele nos faz melhores se tiver sido bom; nos ajuda a aceitar a transformação se tiver sido terno; nos ensina a respeitar a liberdade se tiver sido sagrado.  E se for tudo isso, certamente será um amor demorado, um amor delicado, um digno amor: mesmo doente vestirá seu traje de baile para não perturbar a calma de quem

Primavera*

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega. Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores. Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende. Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primei

Significados*

Minha estranha mania de significar! Olhei para dentro da minha bolsa e vi minha sapatilha. Pensei em retirá-la, mas de repente percebi que não queria. Pensei e pensei. Ora! Por que deixar minha sapatilha de dança dentro da minha bolsa? De minha alma surgiu a resposta, profunda e significativa.  Eu acredito na sorte que essa sapatilha me traz e quão bem me tem feito, depois de anos, voltar a dançar. Parece que se eu retirá-la da minha bolsa do dia a dia, minha vida não estará tão plena como sinto quando danço! Então, depois de muito me questionar, resolvi deixá-la na bolsa, junto com meus pertences mais íntimos e indispensáveis para os meus longos dias. Loucura? Fanatismo? Paixão? Fé? Não! Nada disso! Amor... Sim, amor pela arte do movimento que completa minha vida dando sentido a vários sentimentos escondidos e sufocados por anos. Libertação! Coragem de seguir em frente mesmo que tenham muitos que digam que o que faço e sinto é outra utopia. Será que minha estrutura d

Espacialidade*

Em Filosofia Clínica existe um tópico chamado de Espacialidade. Nele os filósofos estudam os tópicos chamados Deslocamento Curto e Deslocamento Longo, Inversão e Recíproca de Inversão. Destes quatro, gostaria de me dedicar primeiramente a dois deles: Deslocamento Curto e Recíproca de Inversão.  Deslocamento Curto pode ser definido como uma propensão ou característica da pessoa de estar voltada ao ambiente, ou seja, se ela está numa sala ela pode estar atenta às cores, disposição dos móveis, sons, enfim, ela estará conectada ao ambiente. Já a Recíproca de Inversão tem como característica estar voltado para o outro, estar atento ao outro no seu modo de ser. É necessário lembrar que trago aqui definições resumidas, apenas uma introdução. Uma pessoa que apresente abertura para estes dois tópicos ao mesmo tempo está atenta ao ambiente onde está inserida, assim como às pessoas que a rodeiam. Um exemplo simples: andando pelo supermercado com o carrinho de compras, a pessoa presta

Canto a mim mesmo*

Estão todas as verdades À espera em todas as coisas: Não apressam o próprio nascimento Nem a ele se opõem; Não carecem do fórceps do obstetra, E para mim a menos significante É grande como todas. Que pode haver de maior ou menor do que um toque? Sermões e lógicas jamais convencem; O peso da noite cala bem mais Fundo em minha alma. Só o que se prova a qualquer homem ou mulher, É o que é; Só o que ninguém pode negar, É o que é. Um minuto e uma gota de mim Tranqüilizam o meu cérebro: Eu acredito que torrões de barro Podem vir a ser lâmpadas e amantes; Que um manual de manuais é a carne De um homem ou de uma mulher; E que num ápice ou numa flor Está o sentimento de um pelo outro, E hão de ramificar-se ao infinito, A começar daí­, Até que essa lição venha a ser de todos, E um e todos possam nos deleitar E nós a eles. *Walt Whitman

Ser escritor*

Ser escritor é se permitir Mergulhar nos mundos Internos e externos Falar das dores e dos amores Da realidade e dos sonhos Comunicar as multiplicidades Do ser e existir! Sou poeta corre em minha veia Teias! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, filósofa clínica, escritora Juiz de Fora/MG

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