Pular para o conteúdo principal

Postagens

A Fragilidade dos Valores*

“Todas as coisas 'boas' foram noutro tempo más; todo o pecado original veio a ser virtude original. O casamento, por exemplo, era tido como um atentado contra a sociedade e pagava-se uma multa, por ter tido a imprudência de se apropriar de uma mulher (ainda hoje no Cambodja o sacerdote, guarda dos velhos costumes, conserva o jus primae noctis). Os sentimentos doces, benévolos, conciliadores, compassivos, mais tarde vieram a ser os «valores por excelência»; por muito tempo se atraiu o desprezo e se envergonhava cada qual da brandura, como agora da dureza. A submissão ao direito: oh! que revolução de consciência em todas as raças aristocráticas quando tiveram de renunciar à vingança para se submeterem ao direito! O 'direito' foi por muito tempo um vetitum, uma inovação, um crime; foi instituído com violência e opróbio. Cada passo que o homem deu sobre a Terra custou-lhe muitos suplícios intelectuais e corporais; tudo passou adiante e atrasou todo o movimento,

A noite em mim...*

Transformo minha dor em poesia, música e movimento. Sinto saudades de coisas ainda não vividas. Essa é minha vida! Desencontros familiares me chegam dizendo que muitos dos meus, pessoas do meu sangue, são estrangeiros na minha estrada. Tão estranho ter e não ter pessoas verdadeiras e reais no convívio familiar. Buracos emocionais foram construídos dentro do meu ser, procuro explicação para tentar aliviar a dor. Mas, nem sempre teremos acesso a todas as explicações de nossa existência, pois a própria existência escorre pelos dedos da mão. Apesar de tudo, eu acredito na lua, acredito na noite perfumada e acredito no movimento para anestesiar os dramas do dia a dia. Cada um sabe quais são os vãos de seu existir. Nunca devemos, ou deveríamos julgar atitudes do nosso irmão, mais ou menos próximo de nós. As feridas existenciais têm me mostrado o quão pequenos somos diante da imensidão da vida e do universo, seja o universo particular ou o universo em que estamos inseridos como s

O Poeta*

Já te despedes de mim, Hora. Teu golpe de asa é o meu açoite. Só: da boca o que faço agora? Que faço do dia, da noite? Sem paz, sem amor, sem teto, caminho pela vida afora. Tudo aquilo em que ponho afeto fica mais rico e me devora.   *Rainer Maria Rilke

Todos recebem a mesma luz*

Uns se assemelham A superfícies brancas Que refletem a luz - São os que tem mais inocência - Outros assemelham-se A superfícies coloridas Que absorvem e refletem os raios de luz Mudam de brilho e tonalidade ao longo do dia - São as almas mais sensíveis - Outros, ainda se assemelham A superfícies transparentes Deixam passar toda luz, sem nada reter - São os mais próximos de Deus - Alguns outros Podem ser comparados a espelhos Onde a natureza e os amigos Se refletem e se vêem - São os mais próximos de nós - Alguns, enfim Imitam prismas multicores Onde a luz branca Se abre em arco-iris - São os que cantam a glória da natureza Pela arte, pela música, pela poesia.... (Inspirado em Louis Lavelle - O Erro de Narciso.) *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Tempos Difíceis*

“Inteiramente diverso é o que se passa com o tempo linear.” Karl Jaspers Estamos vivendo tempos difíceis, essa evangelização nos sentimentos, na cultura, na forma desapegada que se tem para levantar os braços e agradecer a torto e a direito a tudo que é de ordem divina, do esforço de cada um, do cérebro de cada um, o que é da Vida passa a ser a mão do senhor.  A criação dos homens virou uma dádiva, logo agora que não existe nada de criativo nas atitudes e nem no que se apresenta como sendo cultura, música, literatura e outros fazeres dos homens que se acham donos da Terra. Estamos vivendo esse tempo de gerúndio, de poente nas histórias; na política, o pensamento de esquerda está mais perdido que papel ao vento, a direita, está cada vez mais orgulhosa de suas atitudes, de seus propósitos e agradece ao senhor do egoísmo...  Mas esse tempo é mortal. Felizmente. Estamos a viver todos os tempos num só século.  A água está suja, o plástico é uma ilha para os olhos

Poéticas*

tudo é...não é... impermanente, imanente. no ver o invisível, a arte transcende o artista. em sua inutilidade tão útil... permite a liberdade. *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora Juiz de Fora/MG

Fragmentos filosóficos, delirantes, libertários*

"(...) o cotidiano é o verdadeiro princípio de realidade, melhor ainda, da surrealidade" "A verdadeira vida está por toda parte, exceto nas instituições. Não se reconhece mais esses escritores e escritos vãos e em suas múltiplas imposições. Ela é feita de ensaios-erros, marca, por excelência, da vitalidade, no que ela tem de aventureira. Indico no princípio deste livro: a verdadeira vida não tem projeto porque não tem objetivo definido. Daí o aspecto pulsante de suas manifestações" "O excesso é simplesmente revelador de um estado de espírito latente" "(...) o estilo decadente na pintura ou na vestimenta, em resumo, o nomadismo ambiente traduz bem o retorno dos bárbaros aos nossos muros, isso significa a fragmentação do universo policiado, ordenado pacientemente por três séculos de modernidade" "Mas além ou aquém desta aparente submissão, existe uma não menos sólida resistência, a de 'ficar na sua' ou a da secessão,

Visitas