Transformo minha dor em
poesia, música e movimento. Sinto saudades de coisas ainda não vividas. Essa é
minha vida!
Desencontros familiares
me chegam dizendo que muitos dos meus, pessoas do meu sangue, são estrangeiros
na minha estrada. Tão estranho ter e não ter pessoas verdadeiras e reais no
convívio familiar. Buracos emocionais foram construídos dentro do meu ser, procuro
explicação para tentar aliviar a dor. Mas, nem sempre teremos acesso a todas as
explicações de nossa existência, pois a própria existência escorre pelos dedos
da mão. Apesar de tudo, eu acredito na lua, acredito na noite perfumada e
acredito no movimento para anestesiar os dramas do dia a dia.
Cada um sabe quais são
os vãos de seu existir. Nunca devemos, ou deveríamos julgar atitudes do nosso
irmão, mais ou menos próximo de nós. As feridas existenciais têm me mostrado o
quão pequenos somos diante da imensidão da vida e do universo, seja o universo
particular ou o universo em que estamos inseridos como seres humanos.
Buscar-se é tarefa
complexa, entretanto, em muitos casos é a única forma de curar o universo
particular desajustado de alguns. Se algo dói, paralisa os sentidos e impede a
sua expressão, está na hora de olhar para dentro da casa coração e tentar
perceber se há algo que se possa fazer para atenuar essa dor.
A vida é cheia de
surpresas, agradáveis e desagradáveis, a noite é simplesmente o mistério de um
novo amanhecer, uma nova surpresa, boa ou ruim. Mesmo sabendo de tudo isso, eu
gosto da noite. Gosto de sentir a esperança de que o amanhã poderá ser melhor
que o hoje, gosto de imaginar que em um "passe de mágica" acordarei
mais feliz, mais viva, mais disposta a recomeçar.
A noite me faz criativa
e mais ativa, meus pensamentos transbordam e se enchem de ideias, soluções que
com o barulho do dia não havia tido acesso. Parece que a vibração da noite traz
muitos insights para os poetas e os profetas. Não tenho a pretensão
de pertencer a nenhuma das duas categorias, porém, as maiores e mais nítidas
ideias e inspirações me chegam numa noite quieta.
Descobri que gosto do
silêncio quando não quero interagir com o outro. Prefiro calar-me e sentir o ir
e vir das ações cotidianas. O barulho da televisão ensurdece minha alma,
procuro respirar e fugir desse barulho. Realmente a televisão tem se tornado
cada vez mais inútil nesse meu processo de reconstrução!!! Nem filme me agrada
no momento, estou mais amiga dos livros e das tintas das canetas. Se isso é bom
ou não, não importa, é um processo muito particular.
Sinto falta daquela
vaidade quase histérica com o meu cuidar de mim, entretanto, sinto que quando
esse processo passar a histeria voltará com mais mansidão, sem pressa, sem
tantos excessos. Sem culpas e cobranças externas. A seriedade ainda me
acompanha, o sorriso ainda está apático, a esperança ainda está tímida mas a fé
continua escondida num compartimento secreto do meu coração!
Por agora, nada mais para
compartilhar. Só meu fascínio pela noite que nunca cessará.
*Vanessa Ribeiro
Filósofa, professora,
dançarina, filósofa clínica, atriz
Petrópolis/RJ
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